➵ 8. Dark Secrets

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Calina Sartori
Dias atuais...

— Porra! Qual é o problema de vocês? — Gritei irritada vendo Aiken tirar a máscara do rosto a colocando em um degrau acima dele.

— Essa droga ainda me sufoca. — Ele disse olhando para Bugsy.

— Se divertindo, Calina? — Hunter perguntou também retirando a máscara, rapidamente me analisando de cima a baixo.

Olhei para o Bugsy esperando que ele também retirasse a máscara, mas ele apenas se escorou na parede cruzando os braços. Puxei o ar com força me abaixando tentando recuperar o meu fôlego depois desse maldito susto. Minha cabeça latejava e a única coisa que eu conseguia pensar era se esse dia era um sonho ou um pesadelo.

— Está tudo bem, Senhorita Calina? — Escutei a voz do meu vizinho e levantei o olhar no mesmo instante.

Ele estava parado no andar de baixo, após analisar a situação começou a subir as escadas. O poodle ainda estava em seus braços e mesmo sendo um senhor de idade mantinha seu olhar cravado nos rapazes. Talvez pelo seu porte de militar, poucas vezes que fiquei sabendo algo sobre ele, sempre foi sobre seus dias anteriores de sucesso em missões. Quem o olha por fora jamais imaginaria, agora já está idoso, as costas um pouco curvadas e o seu tamanho diminuiu bastante em comparação ao primeiro ano que me mudei para o apartamento.

— Precisa de ajuda? —Ele subiu o último degrau parando em nossa frente. — Você não estava acompanhada de outro rapaz? Como ele pode te deixar assim sozinha... Não se fazem mais homens como antigamente. — Resmungou a última parte balançando a cabeça.

— Não se preocupe, vovô. Ela tá bem mais segura com a gente do que com aquele saco de merda. — Aiken se levantou esbanjando seu lindo sorriso.

Definitivamente o tempo foi ainda melhor para eles, seus corpos estão malhados — dá para perceber até mesmo por baixo de seus moletons — e Hunter com o pescoço completamente fechado em uma tatuagem.

— Está tudo bem, senhor. — Falei me levantando percebendo como ele já estava olhando para o Aiken. — Posso lidar com esses idiotas...

— Poxa, assim você magoa a gente. Éramos amigos, não se lembra? — Hunter disse me causando arrepios com a sua voz que se tornou ainda mais profunda. — Fomos de melhores amigos para idiotas... Talvez devesse se separar da gente Aiken.

— Ya! Quer morrer? — Aiken gritou lançando um olhar ríspido para o amigo.

— Já faz muito tempo, não é? Talvez eu realmente não me lembre. — Murmurei insípida.

— Tudo bem, se está tudo certo irei para casa. O alarme foi falso, não precisa se preocupar. — Senhor Augusto passou por mim dando um leve tapinha em meu ombro. — Me ligue se precisar que eu volte.

Esperei em silêncio para ouvir quando a porta do nosso andar batesse e depois de uns cinco minutos voltei a encará-los. Aiken terminava de beber o restante do álcool na garrafa, Hunter girava um molho de chaves nos dedos — provavelmente de sua moto — e Bugsy... Silêncio e a máscara cravada em minha direção. Com certeza me analisando e percebendo que as coisas mudaram. Engoli em seco tentando afastar meus pensamentos e caminhei até o degrau que me levaria para o meu andar. Eu pretendia ignorá-los pelo resto da minha vida. Sabia que uma hora ou outra eles iriam aparecer.

Mas no fundo eu torcia para que eles desaparecessem, que não voltassem, que não me obrigassem a me sentir assim. Despedaçada. Cansada. Eu tentei durante todos esses anos voltar ao normal e agora eu enfim percebi que isso nunca voltaria a acontecer.

— Foram vocês que causaram o alarme? — Me virei observando seus rostos e o que ainda mantinha a máscara em seu rosto. Ambos calmos e serenos, mas eu sabia que no fundo havia algo. Algo que eu não tinha ideia. — Não quero que descubram isso e depois a culpa caia sobre mim por conhecer vocês.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde histórias criam vida. Descubra agora