➵ 4. Race

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Calina Sartori
6 anos atrás...

— O que é Bunny? — Perguntei assim que ele entrou no carro. Seu rosto se virou para mim e eu senti um calafrio passar por todo o meu corpo por não conseguir decifrar nada que poderia estar passando em sua mente.

Podia sentir seus olhos vagarem por mim me analisando completamente, mesmo que aquela máscara nem sequer mostrasse seus olhos. Seus ombros se balançavam como se ele estivesse sorrindo ou algo do tipo, se divertindo talvez com a minha pergunta ou apenas com seus próprios pensamentos depois de me analisar.

— Não vamos perder, não é? — Observei as pessoas abrir espaço assim que ele acelerou o carro fazendo o estalo monstruoso ecoar em meus ouvidos.

— Está com medo? — O olhei arqueando as sobrancelhas. Sua pergunta parecia estar indo para duas direções. Medo dele ou... — De perder a corrida.

— Eu apenas não quero ter que lidar com o ego enorme da minha amiga depois. — Sorri para ele e o observei balançar a cabeça. — Então faça eles comerem poeira.

— Eu nunca perco.

Normalmente eu acharia uma frase clichê que qualquer homem com um ego e orgulho enorme diria, mas a sua voz rouca e todo o tom de certeza me causou um arrepio e choque súbito no meio das minhas pernas. Confesso que muitas vezes não acredito na confiança que os homens sentem sobre si mesmos, sempre sinto vontade de rir quando se acham donos do mundo. Mas ele... eu sinto que tem algo em sua voz que não é sobre auto ego.

Senti o vento bater contra a janela arrastando meu longo cabelo escuro para o lado de fora, enquanto Cravin do Stileto começou a tocar no rádio. A sensação de respirar se fez presente, meu sangue esquentou na medida em que eu escutava o som alto do motor. Corridas é algo viciante. A adrenalina correndo solta pelo seu corpo, principalmente estando no banco do carona. Sua vida depende de outra pessoa e do que ela é capaz de fazer. Eu deveria estar me sentindo ameaçada, em alerta ou até mesmo pensando na possibilidade de descer do carro. Mas a forma que ele agarra firmemente o volante com suas mãos torneadas, o moletom caído e a jaqueta de couro por cima com gotículas de chuva. Não sei, mas tem algo que me deixa confortável ao lado dele.

Começamos a participar das corridas assim que Tyler recebeu seu carro de presente, de início éramos apenas os riquinhos procurando adrenalina, mas depois de algumas vitórias Tyler recebeu um mísero de respeito. Olhei para o lado avistando Hailey mostrando a língua na minha direção, tirei o cinto passando meu corpo por cima dos braços longos do mascarado que nem sequer se moveu. Hailey se apoiou na janela jogando parte do corpo para fora e se aproximou agarrando minha garganta e selando nossos lábios em um selinho rápido fazendo que todas as pessoas ao redor gritassem em euforia.

— É melhor você perder! — Ela disse dando risada.

— Fiquei sabendo que o meu piloto nunca perdeu. — Falei alto lançando um olhar de canto vendo o mascarado nos encarar. — É melhor ficar esperto Tyler ou vai acabar perdendo seu Dodge. — Rapidamente ele me mostrou o dedo do meio revelando suas covinhas em um sorriso.

Mais dois carros se juntaram na linha de partida, voltei para dentro observando o que estava à nossa esquerda. Um Toyota Supra branco com desenhos azuis que definitivamente me fez arrepiar. Olhei cada um dos detalhes me apoiando na janela quase vendo uma baba escorrer do canto dos meus lábios pelo reflexo do vidro. Levantei meu olhar para o motorista e minhas sobrancelhas se uniram em surpresa no mesmo instante, outro mascarado. Diferente da máscara do Bugsy, a dele era completamente preta com marcas de costura vermelhas por toda a extensão da face. Tenebrosa. Ao me encarar seu pescoço torceu para o lado como se também estivesse me analisando.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde histórias criam vida. Descubra agora