➵ 46: The final monster PT2

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Calina Sartori
Dias atuais...

Em poucos minutos estávamos vestidos e de volta à beira da estrada onde o Supra nos aguardava. O suor cobrindo a minha pele começava a esfriar e se não fosse o aquecimento do carro, com certeza eu já estaria tremendo com o vento frio que se infiltrava através das minhas vestes.

— Onde vocês estão? — Assim que entrei no carro, Trevor já conversava em uma chamada enquanto fazia o motor roncar.

— Nós trouxemos o William para um passeio, como você mandou. — A voz de Hunter soou do outro lado da linha. — O Aiken está na pista mostrando umas manobras pra ele, acho que ele gostou, porque nós estamos ouvindo gritos.

— O que você quer fazer agora? — Desta vez a pergunta era dirigida a mim. Apenas respondi com um sorriso de lado e como se lesse a minha mente, se voltou para Hunter. — Diga pro Aiken voltar, a Bunny também quer se divertir.

— Você quer que nos encontremos onde?

— Onde tudo começou.

Encerrou a chamada antes de receber qualquer confirmação e partimos. Montel Fish tocava nas caixas de som, nos deixando imersos em uma atmosfera de êxtase quente e sombria. Seus dedos entrelaçados aos meus enquanto eu observava o céu estrelado em uma das raras noites sem nuvens. Sua voz cantarolava And I'd go a thousand miles.

Depois que fizemos o céu queimar pela primeira vez, eu havia parado de comemorar meu aniversário, mas o dia de hoje... Compensou todas as datas que eu deixei passar em branco. Nunca me diverti tanto e não me senti sozinha em nenhum momento, como já era o costume. Nada nunca foi tão interessante além da caixa dourada e agora, eu o tenho na minha frente como o verdadeiro presente.

Erguendo a minha mão até seus lábios, ele a beijou antes de levar as duas ao bolso do seu moletom. Eu não havia percebido até então, o quão fria a minha pele estava.

— O que você quer fazer pra encerrar a noite? — Os olhos me encaravam curiosos e o sorriso perverso já se encontrava em sua face.

— Sabe, mesmo que aparentemente esse seja um hobbie da minha família, eu nunca participei de uma caçada. — Fiz um pequeno biquinho observando a paisagem.

Seu riso soou baixo e eu sorri em retorno.

— Com certeza essa noite não poderia terminar sem uma caçada. — Seus dedos foram até o som, aumentando o volume ao ponto de que qualquer pessoa em torno de nós fosse capaz de ouvir.

E mesmo sem ter ninguém conosco, meu marido dirigia como se estivesse em uma corrida. A ansiedade provavelmente pulsando em suas veias pela diversão ou talvez para que a noite fosse finalizada de uma vez por todas, mas ainda estava longe de acabar e assim que chegamos, uma enxurrada de memórias me inundou. Encarei o lugar enquanto nos distanciamos umas centenas de metros, observando aquele monstro da arquitetura que a algum tempo parecia que poderia me engolir e hoje, era tão... Pequeno e insignificante.

O Mazda, lado a lado com o skyline e a moto, enquanto o pequeno grupo conversava e ria da interação entre Aiken e Noah, mas o que me chamou a atenção, não foi Draven e Loiry sentados sobre o porta-malas do carro, onde meu irmão provavelmente ainda estava, nem Aiken segurando Noah em uma chave de braço por sabe-se lá qual motivo. Mas a preocupação no olhar de Hunter, que a alguns metros de distância do grupo, fitava a tela do seu celular.

Quando o motor do carro desligou, o hacker pareceu perceber a nossa presença, substituindo o vinco entre os olhos pela sua expressão típica de calma e complacência e caminhou para se unir a nós.

— Os meus irmãozinhos aqui, podem me zoar e me mandar de volta para a Coréia, agora você... — O coreano sorria enquanto sufocava o tatuado. — Eu vou comer o seu rabo se tirar com a minha cara de novo seu arrombado.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde histórias criam vida. Descubra agora