Capítulo 3 - Mágoa

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O dia cinzento amanheceu com uma tristeza opressora que pairava sobre a alcatéia. O céu carregado de nuvens escuras anunciava a chuva iminente, como se a própria natureza chorasse em luto pela tragédia que se abatera sobre a comunidade. As lágrimas do céu se misturavam com as lágrimas da alcatéia, formando uma sinfonia de melancolia.

O ambiente estava impregnado com um silêncio solene. Os lobos, em suas formas humanas, caminhavam lentamente em direção ao local designado para o enterro. Cada passo era pesado, e o peso da perda era quase tangível no ar. O cheiro de terra molhada misturava-se ao aroma de pinheiros, criando uma atmosfera densa e melancólica.

Sakura seguia o cortejo, mas sua caminhada era um misto de resignação e dor. Seu rosto estava pálido, marcado pelas lágrimas que já haviam sido derramadas. Os cabelos rosados, agora úmidos pela chuva que começava a cair, grudavam-se ao seu rosto. Seus olhos verdes, normalmente tão vivos, refletiam agora a sombra da tristeza profunda que a consumia.

Mikoto, a mulher de cabelos escuros que sempre acolhera Sakura, caminhava ao seu lado. Seus olhos expressavam compaixão e pesar. Ela segurava delicadamente o ombro da pequena híbrida, oferecendo o conforto silencioso que as palavras não poderiam proporcionar.

A chuva começou a cair mais intensamente, transformando o solo em lama. As lágrimas do céu misturavam-se às lágrimas dos lobos, uma manifestação triste e simbólica da dor compartilhada. O som da chuva ecoava como um lamento, abafando os soluços contidos dos presentes.

Ao chegarem ao local do enterro, uma clareira cercada por árvores altas, a atmosfera tornou-se ainda mais pesada. A sepultura coletiva aguardava, cavada na terra molhada. Os corpos dos lobos caídos seriam depositados ali, retornando à mãe natureza que tanto haviam protegido.

Sakura, apoiada por Mikoto, observava a cerimônia com olhos vazios. Seu coração estava destroçado, e a dor física que antes experimentara agora era apenas uma sombra diante da perda real que enfrentava. Ela segurava uma pequena flor silvestre, um gesto simbólico de despedida.

O Beta da alcatéia, Minato, conduzia a cerimônia com palavras carregadas de tristeza e respeito. Cada lobo era homenageado, suas contribuições e sacrifícios enaltecidos. O lamento dos lobos ecoava pela clareira, uma despedida coletiva para aqueles que não mais caminhariam entre eles.

Sasuke, o futuro Alpha, e Fugaku, o atual Alpha, continuavam ausentes. Permaneciam distantes, em outra alcateia, sentindo a dor de longe, que retumbava sua própria comunidade. A ausência de Sasuke era como uma ferida aberta no coração de Sakura, uma presença que ela ansiava desesperadamente e que agora se mostrava inatingível.

Mikoto, compreendendo a dor da jovem híbrida, envolveu-a em um abraço acolhedor. O calor humano contrastava com o frio da chuva, e as palavras não ditas entre elas eram mais reconfortantes do que qualquer consolo verbal.

Sakura, mesmo amparada por Mikoto e cercada pela comunidade que a acolhera, sentia-se isolada em seu próprio luto. Seu olhar se perdia na chuva, como se buscasse uma resposta nos céus enevoados. O ressentimento pela ausência de Sasuke crescia, uma ferida emocional que ainda estava por cicatrizar.

No túmulo coletivo, os corpos eram depositados um a um. A terra caía sobre eles como um último abraço da alcatéia, uma despedida silenciosa. A chuva lavava as lágrimas da natureza e dos lobos, uma catarse compartilhada entre o céu e a terra.

Sakura permanecia ali, imersa em sua própria tristeza, enquanto o enterro prosseguia. O dia cinzento testemunhava não apenas a partida dos lobos, mas a transformação irrevogável na vida da pequena híbrida. O luto se estendia como um véu sombrio sobre a alcatéia, uma sombra que persistiria por muito tempo.

Híbrida - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora