6 - Sexta composição

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No segundo seguinte após enviar a mensagem, Aphelios sentiu aquela mistura de sentimentos de novo. Desespero, ansiedade, arrependimento, culpa. Seu coração acelerou muito e, mais uma vez, ele se viu perdido.

Parou de respirar um instante, e então balançou a cabeça freneticamente.

— Eu não consigo — afirmou. — Eu vou apagar a mensagem.

Alune retirou o celular de suas mãos antes que ele pudesse prosseguir com suas próximas ações.

— Não vai apagar nada. Você precisa falar com ele.

Aphelios continuou balançando a cabeça.

— Ele nem vai me responder. Ele vai me ignorar.

Ela lhe encarou com uma cara triste.

— Ele vai te responder. Fique calmo sobre isso — Alune aconselhou.

Mas, mesmo com o conselho (que mais parecia uma sugestão) dela, Aphelios não conseguia se acalmar.

Seu peito doía como se tivesse uma pata de elefante em cima dele. As pontas dos dedos estavam dormentes, gélidas, e sua respiração estava ruim. Havia aquele frio no estômago, comparável com uma tempestade de gelo, mas talvez nem isso doesse tanto. A cada segundo, era como se fosse quebrar em lágrimas novamente.

Aphelios se sentia como um adolescente, e ele odiava se sentir assim, pensando em memórias horríveis que se escondiam nas quinas de sua memória.

— Por favor — pediu, a voz saindo trêmula e com dificuldade. —, deixa eu apagar as mensagens.

— Aphelios, você sabe que vai ser melhor se vocês conversarem. Fugir não vai adiantar de nada.

Ele fungou, mordendo o interior da boca.

— Por favor, Alune.

— Por favor, Aphelios.

Os dois se encararam, prosseguindo para o silêncio assustador e desconfortável.

O silêncio onde nenhum dos dois queria assumir que estava errado, mas também não queriam falar que estavam certos sobre seu ponto.

Foi só quando o celular vibrou que o silêncio foi quebrado. Talvez, também, ele tenha sido quebrado pelo coração de Aphelios batendo com tanta força que parecia que iria pular do peito, atirando-se no chão em uma poça muito vermelha e violenta.

Aphelios se jogou em cima da irmã, pegando o celular da mão dela. Alune deixou sair um grito fino, surpresa com a ação inesperada de seu irmão gêmeo.

Ele tremia como um louco quando pegou o aparelho, mal conseguindo colocar a digital ou digitar a senha. Os dentes batiam um pouco violentamente um contra o outro, análogo ao bruxismo.

— Me deixa sozinho — o rapaz pediu para sua irmã. — Não vou pedir por favor, é uma ordem. — Sua voz era trêmula e as palavras saíam em uma ordem errônea, talvez gaguejando demais. Impossível de se transcrever.

Alune olhou para ele por alguns segundos, a boca abrindo e fechando por algumas repetidas vezes, mas ela se levantou e obedeceu, as mãos desleixadamente sinalizando um "boa sorte" – coisa que ele nem sequer viu, atordoado pela euforia da ansiedade.

Aphelios encarou o chat aberto por alguns segundos. Sett estava sem foto, o que ele não conseguia saber se era por não ter seu número ou simplesmente por opção própria.

sett

eita porra

oi phel

Cintilação etérea [SettPhel]Onde histórias criam vida. Descubra agora