3 - Terceira composição

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TW: transfobia interna, homofobia interna, capacitismo interno, automutilação.

*

Aphelios sentiu seu coração afundar e, inevitavelmente, seus olhos se encheram de lágrimas. O aperto no braço de Alune fora tão forte que era surpreendente que ela não tivesse aberto a boca para reclamar de dor.

Em choque, ele direcionou os olhos com mioquimia para a irmã. Mesmo sem dizer uma palavra, sua expressão dizia tudo: Aphelios estava perguntando o que estava acontecendo ali.

Alune mordeu o lábio inferior.

"Eu precisei te trazer aqui.", sem se soltar do irmão, ela sinalizou, em suhwa. "Precisava que você visse eles, conversasse."

Aphelios balançou a cabeça negativamente.

"Você é maluca?"

A gêmea olhou para o chão, visivelmente sem jeito.

"Não fica bravo comigo...", ela pediu, mesmo sabendo que seu irmão já estava bravo.

Ele queria se virar e sair dali, ir embora e, talvez, se jogar na frente de um carro. Ser atropelado parecia melhor do que isso.

A cabeça começou a, inevitavelmente, doer. Por que havia sido trazido ali? Qual era o sentido disso?

Sua respiração falhou de vez e todo o ar lhe escapou o peito quando a voz grossa de Kayn gritou seu nome.

Como quem sabia que ele não conseguiria se mexer, Alune puxou-o pelo braço, acenando para os rapazes. Aphelios continuava em choque.

— Aphelios, Alune! — K'Sante cumprimentou, sorridente. — Que surpresa ver vocês aqui. Estavam muito sumidos.

Sim, porque Phel não queria ver ninguém exatamente por saber que ele estaria junto.

— Ah — Alune coçou a cabeça, desajeitada. — Sabe como é, né, Sante? Fica difícil quando a gente trabalha em tempo integral.

Ezreal deu uma risada, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Eu tenho a pequena impressão que ela chamou a gente de desocupado, mas eu vou perdoar só porque estava com saudade! — Os dentes de coelho dele ficaram à mostra quando ele sorriu. O sorriso dele sempre foi fofo, mas Aphelios nunca iria admitir isso em voz alta.

— Esse aí gosta de agasalhar o croquete — Kayn fez piada. Aphelios não precisou olhar para Sett para saber que ele riu. — Mas, sério, seus bundões. Qual foi a de sumir e não mandar mensagem pra ninguém, Phel?

E, mesmo que aquela pergunta fosse direcionada para ele, este não ousou levantar os dedos das mãos para sinalizar, tampouco de abrir os lábios para falar. Continuou imóvel, com a mão de sua irmã em seu braço, os sorrisos contentes da mesa se dissipando aos poucos.

— Aphelios — a voz autoritária de Yone ressoou. — Está bem? Você está... — ele pausou, como quem pensava nas palavras. — Pálido.

— Pega uma cadeira pro seu irmão, Lu. Faz ele sentar um pouco — Kayn instruiu.

— Caralho, logo você falando uma coisa útil, Kayn? Assim eu fico surpreso. — Essa voz.

Settrigh.

Aphelios recuou mais um pouco, tentando recuperar algum tipo de ar nos pulmões.

Por que todo mundo fingia que não fez nada? Por que ele finge que não fez nada? O que é isso?

Demorou alguns minutos até ele conseguir respirar em um nível considerado aceitável. O peito subia e descia tão devagar que mal parecia que estava vivo, mas Aphelios ainda carregava esse fardo.

Cintilação etérea [SettPhel]Onde histórias criam vida. Descubra agora