Palavras que possuem "[1]" ao lado têm seu significado citado no final do capítulo.
Possível TW para ataque de pânico.
*
Quando as coisas terminam, elas têm que mudar. Relacionamentos e a vivência pós eles também.
Para Aphelios, aquilo significou mudar de cidade e, consequentemente, mudar de vida. Não que não tenha mudado o suficiente só pela ação do término, é claro.
Sett era influente e bonito. Todas as histórias têm dois lados, mas ninguém nunca quis ouvir o de Aphelios. Talvez porque, naquela pressa gigantesca do término, nunca houve realmente dois lados. Houve Settrigh, com sua imaturidade impressionante, e houve Aphelios, que saiu com o coração quebrado e a cabeça cheia. De qualquer forma, isso acabou e os dois tomaram caminhos separados, e Phel não desejava olhar para trás.
Tudo isso recomeçou em uma nova cidade.
Sacramento não era tão longe de São Francisco, mas foi a opção mais longe que Aphelios pôde ir – é claro, sem contar com seu país natal, Coreia do Sul, que não era realmente uma opção por agora.
A chuva bateu levemente no vidro da janela do quarto, causando um barulho leve, juntamente com o alarme. Era mais um dia de trabalho prestes a iniciar.
Não fazia tanto tempo desde o término. Certo que, em relação aos (quase) três anos juntos, oito meses não era nada, mas, definitivamente, era algum tempo.
Aphelios enxugou a água do rosto e se dirigiu a cozinha, apenas para ver Alune, sua tão amada irmã gêmea, fazendo o café da manhã.
Quando Aphelios anunciou a mudança, ele pedira educadamente à irmã para que esta não fosse consigo, mantendo-se em seu emprego e casa em São Francisco. Nas palavras dela, porém, ela não o abandonaria – e, de fato, Alune não o fez.
Ela lhe lançou um cumprimento de cabeça do fogão, sabendo muito bem que seu irmão odiava muita animação ou barulho pela matina, tal qual um velho rabugento, mesmo que Aphelios só tivesse vinte e quatro anos.
— O que temos para hoje? — ele indagou, o tom sussurrante como sempre costumou a ser.
— Panqueca — ela respondeu, colocando a última panqueca que cozeu na mesa. — Vai querer com chocolate?
— Uhum. — confirmou, monossilábico.
Aphelios se sentia exausto de ter que trabalhar, mesmo sendo apenas terça-feira.
Enquanto se arrumava, prestes a sair, seus olhos repousaram no pequeno caderno jogado na escrivaninha, aberto em uma folha que não parou de escrever até que fosse tarde o suficiente para não lembrar do conteúdo.
Lendo apenas para relembrar, as palavras diziam:
"os seus olhos me diziam tudo
seu corpo gritava por mim
olhos selvagens
cegos por afeto
desesperados
suas palavras não ditas
seu refúgio que te rasgava
e antes que me tocasse
seu refúgio te prendia
a minha paz te segurava
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Cintilação etérea [SettPhel]
FanfictionQuando o seu último pilar para se manter de pé e continuar vivendo caiu, Moon Aphelios se viu devastado, agoniado e triste, sem saber como prosseguir. Tentando viver uma nova vida, Aphelios, em sua solitude, muda-se de cidade e tenta, sem tanto suc...