28 de outubro de 2016 - Rio de Janeiro, Brasil

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"[...] a verdad de sí mismo, que no se llama gloria, fortuna o ambición, sino amor o deseo, yo sería aquel que imaginaba; aquel que, con su lengua, sus ojos y sus manos proclama ante los hombres la verdad ignorada, la verdad de su amor verdadero."

Luis Cernuda - Si el hombre pudiera decir



— Luciano, a-aqui não...

— Huuummm... Por que não, neném?

— Você quer que eu te dê uns dez motiv- haaah, Luciano, para...!

— É rapidinho, vai ser divertido, meu amor, deixa...?

Martín ia retrucar de novo, mas foi impedido pelos lábios nervosamente sedentos de Luciano, que se atracaram aos do argentino como se a vida do brasileiro dependesse disso.

Todo o corpo do moreno estava colado ao do loiro como se os dois rapazes só pudessem sobreviver caso se perdessem naquele enlace que claramente os levaria de encontro direto ao prazer sexual.

O problema – unicamente para Martín, óbvio – era que Luciano tinha se metido no meio de suas pernas enquanto o argentino estava semideitado no banco do passageiro de um carro, num lugar escuro e estranho, depois que o brasileiro dirigiu morro acima de um bairro carioca igualmente desconhecido para o loiro.

Quanto mais Martín tentava olhar pela janela do carro, mais ele sentia medo do que é que sua visão poderia encontrar esperando-os do lado de fora.

De pessoas armadas à própria polícia – toda a situação lhe transmitia o pior das inseguranças que ele poderia sentir em vida.

Luciano nitidamente não sentia o mesmo, e isso restava óbvio para Martín com a perceptível dureza escondida pelo tecido do short que o moreno usava, e que ele esfregava afoito contra o meio das pernas do loiro.

Martín tentou afastá-lo com delicadeza com as mãos, com um receio sincero de acabar machucando Luciano se o empurrasse com muita brutalidade.

O argentino gemeu de aflição ao não conseguir se soltar daquela esfregação toda, o que fez com que o moreno finalmente se desgarrasse um pouco do grude de rostos que provocava entre os dois.

— Tem certeza de que tu não quer, meu bem? – Luciano perguntou com a voz notadamente manhosa e triste, a face ainda bastante próxima da de Martín, fazendo com que o argentino sentisse uma fragrância que parecia ser de álcool emanando dos lábios do moreno.

Martín balançou a cabeça para dizer que sim, que estava certo sobre não querer, falando:

— Eu não estou... preparado... Comprendes...?

Luciano sorriu dentre os selinhos que não deixava de dar ao outro rapaz.

— Tu tomou banho antes de me encontrar? – o brasileiro perguntou, e sorriu mais ainda quando a região entre as sobrancelhas de Martín foram tomadas por um franzimento de desconfiança, apesar de o argentino repetir o movimento confirmatório com a cabeça. — E tu foi no banheiro depois disso?

— Lucia-

— Se tu não foi, tá de boa. De boaça, tu deve tá mais limpo do que toda a parcela de machos da população do mundo inteiro. E se tu não precisa ir ao banheiro, eu posso meter só a metadinha do meu pau sem que a gente corra o risco de algum acidente acontecer, ?

Martín usou um pouco mais de força com as mãos para afastar o rosto de Luciano do seu.

— Você consegue ser bem nojento às vezes, sabia? – o argentino disse relativamente irritado.

One Hundred Days of Dreams (Luciano x Martín) (BRAARG)Onde histórias criam vida. Descubra agora