19 de junho de 2010 - Montevidéu, Uruguai

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"E também," Annabeth continuou, "isso me lembra de quanto tempo nos conhecemos. Tínhamos doze anos, Percy. Você acredita nisso?"

"Não", ele admitiu. "Então... Você sabia que gostava de mim desde aquela época?"

Ela sorriu. "Eu odiei você no começo. Você me irritou. Então, eu tolerei você por alguns anos. E então..."

- Rick Riordan, "A Marca de Atena"



— Conseguir o número do teu celular tá sendo mais difícil do que jogar FIFA no nível lendário.

Luciano falou ao pé do ouvido de Martín, e o menino brasileiro esperava uma reação de susto minimamente cômica da parte do garoto argentino, frustrando-se quando Martín simplesmente continuou caminhando na mesma velocidade, ignorando-o por completo.

— Por que é que ninguém aqui desse curso sabe do teu número? – o moreninho insistiu, e segurou um xingamento quando, passados alguns minutos, Martín permaneceu calado, sem ao menos olhar na direção do brasileiro falante.

Martín e Luciano guardavam, secretamente, expectativas diferentes sobre as circunstâncias nas quais eles se encontrariam durante mais um dos vários cursinhos de férias que as escolas de futebol profissionalizantes, que cada um deles frequentava, organizavam em conjunto pela América do Sul.

O argentino já sabia que encontraria o garoto por quem nutria uma admiração secreta, e uma raiva não tão camuflada assim, em sua típica extroversão que insistia por um diálogo qualquer.

E o brasileiro ansiava-se para encontrar com o loirinho que parecia sempre crescer uns dois centímetros a mais durante os períodos nos quais eles ficavam sem se ver.

Luciano tinha levantado uma mão justamente com a intenção de medir a altura de Martín, assobiando baixinho ao perceber que o argentino já alcançava seu ombro, quando o loirinho fez uma virada brusca na esquina de um dos prédios do centro de treinamento, passando na frente do moreno e forçando-o a parar de caminhar antes que os dois se esbarrassem agressivamente.

Segurando outro palavrão, Luciano observou Martín dar mais alguns passos na direção da lanchonete do local, e parar na frente de algumas prateleiras que empilhavam variados tipos de barrinhas de chocolate.

— Tu vai comprar algum? – o moreno perguntou, de novo ao pé do ouvido de um infindavelmente silencioso Martín.

O argentino demonstrou, enfim, sua primeira reação desde o momento em que se encontrara por um acaso com Luciano.

Suspirando disfarçadamente, Martín caminhou de novo como se Luciano simplesmente não estivesse ao seu lado, como se o brasileiro fosse um fantasma invisível, e deu meia-volta para pegar um suco natural num dos freezers da lanchonete, no lado oposto da prateleira de doces.

— Ei, pega um desses aí pra mim tamb-

Qué carajos quieres tú?! – Martín esbravejou irritado, desviando ferozmente o ombro do toque do queixo de Luciano que tinha se recostado contra o corpo do argentino, totalmente despreocupado e como se fosse o ato mais natural do mundo.

O moreno gemeu de dor quando mordeu a própria língua em face do empurrão de seu rosto que Martín dera com aquele gesto brusco do ombro.

— Ôôô, desgramado! Pra quê essa violência toda?! Porra... – Luciano pôs a língua para fora, tocando-a com dois dedos para conferir se estava sangrando. — Eu só tô tentando conversar contigo, mó tempão que tô aqui pedindo pelo número do teu telefone, e tu só me ignora!

One Hundred Days of Dreams (Luciano x Martín) (BRAARG)Onde histórias criam vida. Descubra agora