Love is a losing game

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Notas da autora:

Boa noite, pessoinhas lindas, tudo bem por aí?

Este capítulo será mais jurídico. Vale ressaltar que todas as informações contidas aqui são FICTÍCIAS, os números foram tirados das vozes da cabeça, não tendo qualquer relação com a realidade.

Dito isso, finalmente teremos o gancho para que eu possa retomar de onde comecei no capítulo um. E, falando nisso, vocês estão gostando dos pontos de vista alternados?

Boa leitura, e um cheiro no pescoço.
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Five story fire as you came
Love is a losing game
One I wished I never played
Oh, what a mess we made
And now, the final frame
Love is a losing game
Amy Winehouse - Love is a losing game

Nova Primavera, manhã seguinte.

Narrado por Irene:

Acordei de bruços, com o rosto afundado no travesseiro de plumas coberto pela fronha de algodão egípcio branca, as pernas desalinhadas, o braço direito para fora da cama e os dedos dobrados rentes ao chão. Estava com a boca seca. Abri os olhos com certa dificuldade e me senti consumida por uma enxaqueca acentuada, um dor que irradiava da nuca à testa, perpassando por cada milímetro da minha cabeça. Que dor insuportável. Levei a mão direita, quase dormente, à têmpora e comecei a massagear o local em busca de um alívio que não veio, enquanto desfazia a posição desconfortável na qual me encontrava.

Aos poucos, as recordações da noite passada começaram a montar o quebra-cabeças dos últimos acontecimentos em minha mente. Agatha havia estado ali. Minha carne petrificada. A dificuldade para me comunicar. O chá. Ela havia me envenenado. O perfume. O toque. Os lírios. A fuga.

Ai, que dor de cabeça insuportável, eu preciso de um remédio. Levei a mão direita ao topo da cabeça. Droga. Eu vou matar essa morta-viva.

Num esforço sobreumano, consegui levantar da cama e caminhar em direção ao armário dos remédios, zonza, não sabia se pelo chá ou pela enxaqueca, ou será que a enxaqueca era reflexo daquelas malditas ervas da Agatha? Que ódio. Ela tentou me envenenar. Ela queria me matar. Os lírios. Tão óbvio quanto inusitado. Os malditos lírios do meu aniversário só poderiam ser dela, mas o significado por trás do gesto...

Peguei o frasco com o remédio para enxaqueca e tomei logo dois comprimidos, acompanhados de um generoso gole de água. Pendi a cabeça para trás para engolir com mais facilidade. Bebi o restante do líquido que estava no copo. Cambaleei de volta para a cama e deitei novamente, dessa vez, de barriga para cima. O cheiro dela parecia me perseguir pelo quarto. Será que eu estava delirando? "Lírios significam 'eu te desafio a me amar'", ela sussurrava para mim. Apaguei novamente.

Dois dias depois.

Narrador:

Irene adentrou o escritório de Silvério, dois minutos para às nove da manhã, ostentando uma camisa rosa bebê coberta por pedrarias, uma calça um tom mais escuro, a bolsa contendo apenas uma caneta dourada e o celular, e os famosos saltos prateados.

- Cheguei na hora, né? - Fingiu descaso, espiando o horário em seu relógio no pulso esquerdo.

- Sim, dona Irene. - Silvério levantou da cadeira de madeira acolchoada e conduziu a futura ex Imperatriz do Soja para sentar-se em frente a Antônio. - Sente-se aqui, dona Irene, por favor.

Pela primeira vez, desde o famigerado embate no Naitendei, os olhos de Irene e de Antônio se cruzaram. Era esse o fim de tudo? O fim de 30 anos de casamento? O fim de uma história? O fim de uma parceria? O fim de todos os planos ainda não executados pelos dois? Independente da resposta, o fato é que todo fim é, também, um recomeço.

Vou te amarrar na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora