Quem é Você?

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Um pequeno pé descalço adentrou o quarto de Charlie, caminhando calmamente até a cama do jovem sem perceber que ele estava ali, envolto pela escuridão e pelo grande cobertor. Com calma, a figura jovem chegou perto da cama, começando a voar acima do garoto de cabelos pretos que dormia ali.

- Será que é ela, Sininho? - Perguntou o garoto misterioso para a pequena luz que voava ao lado de sua cabeça. Revelou-se que a pequena faísca de luz era uma bela fada de cabelos loiros levemente bagunçados, vestindo um traje esverdeado parecido com folhas.
A fadinha fez um barulho parecido com pequenos sinos mágicos, acordando Charlie, que permanecia imóvel sob o cobertor, sentindo a presença dos dois indivíduos voando sobre ele.

(O que está acontecendo?!... Quem está aqui?) - Indagou Charlie, levemente assustado com a situação.
A figura voadora se aproximou mais da cama, quase encostando no cobertor.

- Vamos lá, está na hora de acordar... eu vim te buscar, Wendy! - Disse o garoto misterioso, puxando o cobertor de Charlie animadamente. Charlie, assustado, deu um tapa na figura voadora por instinto, fazendo-o recuar. Ao ligar o abajur, Charlie finalmente viu quem era: um garoto loiro com trajes peculiares.

- O-o quê? - Exclamou Charlie, sentado em sua cama, olhando com surpresa para o garoto loiro.

O loiro olhava para Charlie, surpreso, enquanto a pequena fada o encarava com raiva pelo tapa. O garoto com trajes de folhas pousou no chão, e Charlie, olhando para ele, percebeu que era Peter Pan.

- Peter Pan! - Exclamou o loiro, interrompendo Charlie.

- Não sabia que Wendy teria outro irmão - Disse Peter, confuso.

- Wendy? - Indagou Charlie.

- Sim, Wendy! Onde ela está? Quero levá-la para a Terra do Nunca - Disse Peter, animado.

Charlie, triste, revelou que Wendy não estava mais presente.

- Peter... a Wendy... - Começou Charlie.

- Sim? Onde ela está? Eu prometi que ia voltar para ela - Falou Peter, sem compreender a situação.

Charlie suspirou e então apenas disse:

- Wendy é minha bisavó e ela... já se foi...a alguns anos Peter...

Peter, inicialmente, riu, pensando ser uma brincadeira, mas ao notar a seriedade de Charlie, aproximou-se dele.

- Haha, isso é muito engraçado, para com essa brincadeira... - Disse Peter, tocando nos ombros de Charlie, que mantinha seu olhar sério para o chão.

O baque veio à tona na mente de Peter, que, enfurecido, começou a chacoalhar Charlie com força.

- Pare de brincar! Wendy não está morta! Ela está viva! Viva! - Exclamava o garoto, enquanto Charlie permanecia imóvel, lágrimas surgindo em seu rosto moreno.
Peter, então, parou de balançar Charlie e recuou calmamente. Sininho voou até ele para acalmá-lo, mas ele se afastou, chorando com lágrimas no rosto.

- W-Wendy... minha Wendy... não pode ser... não... - Murmurou Peter, abaixando-se no chão e abraçando seus joelhos com força.
Charlie enxugou suas próprias lágrimas e se aproximou gentilmente de Peter. O moreno abaixou-se um pouco, acariciando os cabelos do pequeno Pan para tranquilizá-lo.

- Eu sinto muito, Peter... de verdade... - Disse Charlie, acariciando os cabelos de Peter.
Peter, tentando se recompor, levantou a cabeça e olhou para Charlie, que sorria gentilmente, tentando reconfortá-lo.

- Você... se parece um pouco com ela... tem o toque dela... - Observou Peter, dando um sorriso sem jeito.

- Bom, ela não tinha cabelos pretos, mas... é, acho que sim... não sei - Respondeu Charlie, com um tom irônico.

Com calma, Peter levantou-se, enxugando as lágrimas e sorrindo rapidamente para Charlie, adotando sua pose característica de arrogância. Em seguida, ele se aproximou de Charlie, ficando extremamente próximo, fazendo o garoto corar.

- Como Wendy não está mais aqui... vou levar você para a Terra do Nunca!

- Como é?! - Exclamou Charlie, surpreso com a proposta repentina de Peter. Ele deu um passo para trás, meio tonto com toda a informação.

Charlie suspirou calmamente, olhou para a janela de seu quarto e sorriu animado.

- Tudo bem! Vamos para a Terra do Nunca!
Peter sorriu ao ouvir isso e voou para cima, olhando para Charlie com entusiasmo.

-Bom, você já sabe o que deve fazer! Tenha...

- Pensamentos felizes! - Completou Charlie, sorrindo para Peter. Então, fechou os olhos, mas rapidamente os abriu e disse:

- Opa, e pózinho mágico, claro hehe.

Peter riu, deu um sorriso travesso e bateu um pouco nas costas de sininho, liberando um pó mágico dourado que cobriu o corpo de Charlie de maneira mágica.

Charlie sorriu, fechou os olhos novamente e começou a pensar em sua infância, momentos felizes com sua família, amigos, assistindo TV, brincando com seus brinquedos e, principalmente, ouvindo as histórias de sua mãe. Ao abrir os olhos, viu que estava flutuando no ar, dando uma risada animada e voando pelo quarto, sentindo-se leve e feliz. Peter se aproximou, segurou sua mão e olhou para Charlie.

- Vamos?

- Vamos! - Respondeu o moreno animadamente.

Peter voou junto a Charlie para a janela do quarto, mas, por um momento, Charlie hesitou, deixando Peter confuso.

- O que foi? - Perguntou Peter, virando-se para olhar Charlie sem soltar sua mão.
Charlie olhou para seu quarto tristemente, seu corpo tremendo ao lembrar da mãe contando histórias. Entretanto, ele se lembrou do que viu na TV mais cedo, mas essa memória desapareceu de repente da mente de Charlie, como se ele a tivesse apagado... por enquanto.

Peter se aproximou do ouvido de Charlie, que sentiu a respiração de Peter perto de si, arrepiando seu corpo.

- Esqueça tudo, Charlie, esqueça essa vida, vamos... - Disse Peter calmamente no ouvido de Charlie.
O pequeno Charlie sorriu, olhou para Peter e acenou com a cabeça, indicando para irem logo. Peter sorriu travesso, segurou firmemente a mão de Charlie e, com velocidade, voou com ele para fora daquele quarto, através da janela pela qual havia entrado. Sininho suspirou e voou logo atrás deles.

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