Capítulo 10 - O quarto da minha caçadora

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Mais alguns dias se passaram e com eles, semanas, eu comecei o meu plano de negociação, e talvez ela tenha me considerado meio folgado por isso. Inicialmente pedi para que marcasse os dias no calendário para mim, estava ficando difícil realizar as notas mentais dos dias, na segunda vez, um pouco depois disso, pedi por um banho, e por incrível que pareça. Foi negado.

Ok, não foi exatamente negado, negado apenas temporariamente, ela havia dito que iria verificar a possibilidade, acho que ela mesmo concorda que eu precisava de um banho, meu cabelo já não era o mesmo que uma vez já foi por conta da sujeira, e tem algumas partes do meu corpo que eu gostaria de não detalhar, mas que me incomoda ter que lidar apenas com um pano molhado para me limpar.

Mas desde aquele dia já se passaram vários outros.

Verifico o calendário para ver quanto tempo faltaria até o natal, faltavam por volta de 5 meses, haviam se passado muito tempo desde que eu fui pego por eles, o que os Sakamakis estão pensando? Meus irmãos sabem do meu desaparecimento? O que o Dylan pensa sobre isso tudo? Nesse ponto... Seria possível ele estar preocupado, ou ele simplesmente desistiu de mim? Sinto falta dele, não o vejo desde minha pré-adolescência, no começo ele costumava aparecer mais vezes, podia não se comunicar diretamente comigo, mas enquanto eu dava uma "volta" no jardim com o Ayato, conseguia vê-lo do lado de dentro.

A frequência com a qual ele ía lá diminuiu até que... Nunca mais voltou, Noir não chegava a dizer muito sobre o meu irmão, mas se limitava a dizer que minha família estava bem.

Eu me sentei na cadeira e fiquei contando e mapeando as manchas escuras que se encontravam no teto, com um pouco de criatividade eu poderia transformar aquilo em alguns desenhos em formas geométricas, haviam muitas, provavelmente era mofo ocasionada de alguma infiltração.

Estou realmente entediado.

Bem que ela poderia trazer alguns jogos, está ficando chato ficar aqui sem nada para fazer, o tempo se torna cada vez mais torturante quando me sinto um pouco mais ansioso pela visita da caçadora. Talvez, eu pudesse sair daqui, é só arrombar a porta e sair.

Eu me levantei, pensava na possibilidade de realmente derrubar aquela porta e sair em disparada para fora daquela casa. Mesmo não sabendo o mapa daquele lugar, ou que todos estivessem presentes naquela casa se preparando para jantar.

Mas não poderia fazer isso, é perigoso, mesmo que eles não fossem capazes de me conter, a coleira ou quem estivesse de vigia do lado de fora me impediriam. Me sentei novamente. Seria possível a mãe dela também ser uma caçadora? Ter a própria arma...

Isso me deixa levemente curioso, apenas tive a oportunidade de conhecer o pai da minha caçadora de relance, quando eles tiveram uma breve conversa na entrada do porão, nada além disso.

Cheirei o ar, aquele perfume familiar, sentir ele próximo me trazia um pouco de ânimo, eu afastaria um pouco daquele tédio e poderia jogar conversa fora se assim fosse possível. Provavelmente já era noite.

A mulher, que eu sabia que se chamava Bonnie, abriu a porta, e adentrou aquela pequena sala escura, seus cabelos como sempre, presos, imagino que ela costuma utilizar ele assim quando está trabalhando, suas mãos estavam na cintura, mas lá não havia nenhum rastro de arma ou um daqueles documentos, no entanto eu conseguia ver sutilmente que segurava algo em uma das mãos, hoje seria provavelmente alguma coisa diferente.

Fechando a porta ela então liga a luz.

Eu sorri para ela inclinando a cabeça a encarando, é, acertei, esse seu cheiro, eu gosto dele, como não reconhecer? Eu provavelmente tinha uma expressão meio boba estampado na cara, não conseguia compreender o porquê de me sentir bem na sua presença, despertava sensações que eu nem sabia que tinha.

A Noite do SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora