— EI! .- Gritei em plenos pulmões enquanto caminhava pelas rua vazia daquele bairro em plena madrugada.- Eu estou falando com vocês! .- Gritei outra vez até que eu pudesse sentir minha garganta arranhar, gritei ignorando todo aquele medo primitivo que se acumulava em meu peito.
Puxei o ar olhando para a porta de uma das casas, foi então que eu escutei uma janela se abrir.
Eu não quero morrer!
Minha mente gritava, não, ela estava errada, eu deveria morrer, como vampiro eu não possuía outro futuro além de sujar minhas mãos de sangue, mortes e mais mortes, eu queria que tudo isso acabasse de uma vez.
Ainda que as palmas das minhas mãos suassem pelo medo, eu sei que era um medo que qualquer outro vampiro teria, um ser imortal... Sendo morto por um caçador.
Pouco a pouco as luzes dos quartos com as janelas abertas se acenderam, eu girei meu corpo ainda no meio do asfalto contando quantas janelas eram, 3, 4...5.
Eu tremia, mas eu deveria parecer mais convincente o possível naquele momento se eu quisesse ter hesito. Dei um passo à frente olhando para a janela aberta na minha frente.
Soltei o ar pesado que eu não havia percebido ter prendido.
— Se ficarem se escondendo eu vou aí procurar vocês!.- Ameacei, talvez isso os incentivassem, mas não parecia o suficiente, soltei um riso nervoso.- Eu vou ter que caçar vocês? Eu juro que se eu fizer isso vou chupar cada gota do sangue de vocês.- Não era a minha melhor atuação, porém eu esperava realmente que fosse o suficiente.
Um disparo alto ecoou e meu ombro foi jogado para frente, era como um estouro de um foguete, aquilo vinha por trás. Aos poucos apesar do choque começavam a fazer sentido e com isso a dor se tornava mais presente e meu corpo se ficava mais pesado.
Eu me virei caçando com o olhar o autor daquele feito enquanto levava a mão para o ombro tentando impedir que ele ficasse mais dolorido em vão.
Nada.
Não havia ninguém presente na janela.
Outro disparo ecoa e dessa vez no peito, olhei para o local e toquei em meu peito incrédulo, senti minhas pernas tremerem e fraquejarem, eu sentia medo, o sangue começava a tingir minha camisa de linho branca e o vermelho que cobria minha mão parecia tão surreal.
A dormência e a escuridão começavam a tomar conta de mim, já não me sentia tão presente quanto antes, aos poucos minha consciência foi se afundando na escuridão, eu já não conseguia mais sustentar meu corpo então o deixei cair, me sentia tão pesado, mas tão leve...
Finalmente teria a minha liberdade.
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A Noite do Sacrifício
RomanceErnest é um vampiro em busca da sua liberdade, achando que alcançaria seu final feliz se acabasse com sua vida, procurou um caçador que pudesse fazer o serviço. No entanto ele se vê preso novamente e lá conhece uma garota, a filha de um caçador, po...