5

88 15 6
                                    

𝙀𝙣𝙞𝙙 𝙎𝙞𝙣𝙘𝙡𝙖𝙞𝙧

O vidro estava na minha frente, minha mente se encontrava nublada, eu não pensava corretamente... Mas aquilo poderia me ajudar a aguentar a dor emocional, não poderia? Aquilo poderia me ajudar momentaneamente, eu precisava fazer aquilo passar, mesmo que por alguns míseros segundos, eu precisava de algum alívio, alguma coisa que me tirasse todo aquele sufoco, qualquer coisa, eu apenas queria paz, mesmo que momentânea.

Eu deveria? As lágrimas já não saiam mais, eu não conseguia mais chorar. Eu encarava o grande caco de vidro fixamente, por um momento desvio o momento encarando meu pulso esquerdo, um cortezinho não fazia mal, né? Não faria mal, séria apenas uma vez, uma única vez. Estendo a mão direita e pego o vidro, o encaro por alguns momentos, realmente era uma boa ideia? É apenas um corte, aproximo o caco de vidro do meu pulso o deixando encostado, não corto, apenas o deixo tocando meu pulso enquanto eu encarava a cena. Eu coloco um pouco de força e movo o vidro, um corte na diagonal no meu pulso, aquilo causava ardência e dor... Mas também me livrava da dor emocional, realmente funcionava, realmente ajudava, sangrava levemente.

Um... Dois... Três... Quatro cortes, eu fazia cada vez mais, não me importava com a crescente dor, Eu me sentia estranha por estar fazendo isso, causava uma sensação estranha, ao mesmo tempo que era bom era ruim, eu não entendo essa sensação. Logo meu braço estava com diversos cortes por toda parte, merda, o que eu havia feito? Lavo o braço limpando o pouco de sangue que saia, merda. Eu não me arrependia, mas sabia que se alguém visse causaria diversos problemas, respiro fundo e tiro os cacos de vidro os colocando no lixo, meu punho estava machucado então consequentemente também cuido do machucado.

Assim que termino tudo volto ao meu quarto, meu pulso doía levemente, mas eu não realmente me importava, eu estava pensando seriamente em faltar aula, não me sentia disposta o suficiente para ir, eu não queria ir e lembrar dela e chorar na frente de todos, eu não passaria tal humilhação, apenas me deito novamente na cama, já havia arrumado tudo, meus olhos pesavam, meu corpo estava tão cansado, apenas me permito dormir mais um pouco.

[...]

Meu alarme tocava, eu me sentia fraca, não conseguia levantar da cama, com certeza eram 06:10, todos os dias meu alarme tocava o mesmo horário, consigo estender o braço é desligar o alarme, eu tinha que levantar e ir, eu não podia perder aulas e nem correr o risco de reprovar, haviam diversas mensagens da Yoko, Ajax e Bianca perguntando como eu estava, era bom ver que aparentemente eles se importavam comigo, deixo um pequeno sorrisinho escapar enquanto olhava as mensagens preocupadas deles. Coloco um casaco para esconder os cortes, eu não queria preocupar ninguém, era um dia levemente frio então ninguém suspeitaria, logo eu estava a caminho da escola.

[...]

Nada de interessante realmente aconteceu hoje, parecia tudo tão monótono, Yoko e Bianca tentavam me fazer rir mas eu apenas ria de forma forçada, eu não gostava disto, eu me sinto uma casca vazia, uma pessoa vazia e morta internamente. Eu já estava em casa deitada em minha cama, outra carta da Wed em minhas mãos, eu tomava coragem para ler, depois de alguns minutos a abro de forma delicada.

"𝘕𝘢̃𝘰 𝘴𝘦𝘪 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘦𝘤̧𝘢𝘳 𝘢 𝘦𝘴𝘤𝘳𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘪𝘴𝘵𝘰, 𝘦́ 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘶𝘴𝘰 𝘦𝘴𝘤𝘳𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘢𝘭𝘨𝘰 𝘢𝘴𝘴𝘪𝘮... 𝘜𝘮𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘥𝘦𝘴𝘱𝘦𝘥𝘪𝘥𝘢 𝘵𝘢𝘭𝘷𝘦𝘻? 𝘕𝘢̃𝘰, 𝘴𝘦 𝘵𝘶 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘴 𝘭𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘪𝘴𝘵𝘰 𝘦𝘶 𝘫𝘢́ 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘢, 𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘦𝘹𝘱𝘭𝘪𝘤𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰, 𝘵𝘢𝘭𝘷𝘦𝘻? 𝘌́. 𝘌𝘶 𝘴𝘪𝘯𝘵𝘰 𝘴𝘶𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘵𝘢, 𝘴𝘪𝘯𝘵𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘦𝘪 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘥𝘦𝘱𝘦𝘯𝘥𝘦̂𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘦𝘮𝘰𝘤𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭 𝘦𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘤𝘢𝘥𝘢 𝘮𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘴𝘦𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘴𝘦 𝘵𝘰𝘳𝘯𝘢 𝘢𝘨𝘰𝘯𝘪𝘢𝘯𝘵𝘦, 𝘥𝘰𝘭𝘰𝘳𝘰𝘴𝘰, 𝘦𝘶 𝘱𝘳𝘦𝘤𝘪𝘴𝘰 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘦𝘮 𝘮𝘦𝘶 𝘭𝘦𝘪𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘦 𝘵𝘦𝘯𝘩𝘰 𝘤𝘦𝘳𝘵𝘦𝘻𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘢 𝘶́𝘯𝘪𝘤𝘢 𝘤𝘰𝘪𝘴𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘳𝘦𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘦𝘯𝘴𝘦𝘪 𝘧𝘰𝘪 𝘦𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘦𝘮 𝘵𝘦𝘶𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴 𝘢𝘻𝘶𝘪𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘶 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘢𝘮𝘦𝘪. 𝘌𝘶 𝘯𝘢̃𝘰 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘧𝘪𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘵𝘳𝘪𝘴𝘵𝘦 𝘱𝘦𝘭𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘵𝘪𝘥𝘢, 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘪𝘨𝘢 𝘦𝘮 𝘧𝘳𝘦𝘯𝘵𝘦, 𝘲𝘶𝘦 𝘵𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘴𝘦𝘨𝘶𝘪𝘳 𝘦𝘮 𝘧𝘳𝘦𝘯𝘵𝘦, 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘤𝘩𝘦 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘢 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢, 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘦𝘶 𝘧𝘪́𝘴𝘪𝘤𝘰 𝘫𝘢́ 𝘯𝘢̃𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘦𝘫𝘢 𝘢𝘪 𝘦𝘶 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳𝘦𝘪 𝘤𝘰𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘮𝘪 𝘢𝘮𝘰𝘳. 𝘌𝘶 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘢 𝘱𝘢𝘻."

Paz... Era algo que eu não tinha agora, eu não consigo encontrar está paz, não tenho certeza se posso melhorar, eu quero melhorar mas não sei se consigo, não sem ela. Eu encarava a carta em minhas mãos, nenhuma lágrima saia, eu estava estática, ouço a porta do meu quarto ser aberta bruscamente, antes que eu possa reagir sinto uma forte ardência no meu rosto, eu havia levado um tapa?!

-Sua vadia! Porra Enid, eu não tinha mandado você limpar a porra da cozinha?! Sua vadia imunda!.- era meu pai, ele estava furioso, rangia os dentes enquanto falava, estava claramente bêbado, ele não havia me mandado limpar a cozinha, não havia! Eu chorava em desespero, não... De novo não...

-O senhor não mandou! Eu juro!- eu digo em pânico, ele apenas ignora, ele me olhava com desgosto e nojo, como se eu fosse uma intrusa. -Você só me da desgosto, por isso aquela sua namoradinha se matou. Você deveria ter impedido, 𝙛𝙤𝙞 𝙨𝙪𝙖 𝙘𝙪𝙡𝙥𝙖, 𝙀𝙣𝙞𝙙.- ele diz de forma fria e cruel me olhando nos olhos. Havia sido minha culpa, ele logo da as costas e sai do meu quarto fechando a porta com força, eu apenas choro, mais e mais, como sempre.

cartas. -Wenclair AUOnde histórias criam vida. Descubra agora