cartas. -Wenclair AU

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𝙀𝙣𝙞𝙙 𝙎𝙞𝙣𝙘𝙡𝙖𝙞𝙧

Uma hora havia se passado e eu ainda estava lá, de frente ao túmulo da 𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙒𝙚𝙙. Eu chorava, chorava compulsivamente, eu não conseguia acreditar que nunca mais a veria, se tornava cada vez mais difícil de respirar, eu já não enxergava bem, minha visão estava turva pelas lágrimas que caiam sem minha permissão, ela odiaria me ver neste estado. Como eu havia deixado isso acontecer? Eu deveria ter estado com ela, eu deveria ter impedido! Eu poderia ter impedido! Eu deveria ter ajudado ela.

Eu implorava em frente ao túmulo dela, implorava para ela voltar, implorava para ela ficar comigo, por mais que eu soubesse que jamais séria possível, cada súplica, cada lágrima derramada aumentava a minha angustia, os soluços cada vez mais altos, podendo ser ouvido de longe, mas estava apenas eu naquele vazio cemitério. Nuvens de chuva se formavam, uma tempestade caíria, eu... Eu não queria sair dali... Eu não queria deixar a minha Wed sozinha, por mais que eu soubesse que ela não estava ali. Minha mão vai diretamente ao colar que ela havia me dado, um colar com a inicial dela, ela sempre dizia que enquanto eu o usasse teria sorte... Acabo sorrindo com a memória, por mais dolorosa que fosse agora ainda me trazia conforto.

-Me desculpa Wed, eu deveria ter estado lá por você, eu deveria ter me esforçado mais...- minha voz estava extremamente embargada e baixa, sinto grossas gotas de chuva me molharem, a tempestade já havia começado? Era só o que faltava, eu me levanto, eu não poderia ficar ali por muito mais tempo, eu não queria deixá-la, não queria deixar seu túmulo, eu já estava encharcada pela chuva, eu me viro e vejo algumas hortensias, eram as flores favoritas dela... Eu vou até elas e pego duas colocando no túmulo da 𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙖𝙢𝙖𝙙𝙖 𝙒𝙚𝙙.

-Vou sentir sua falta.- digo com a voz baixa olhando o túmulo, eu me recusava a acreditar, não queria acreditar na dura realidade, como tudo isso aconteceu tão rápido? Até poucos dias estávamos juntas, ela estava melhorando... Ela estava melhorando, não... Ela não estava, ela estava se despedindo lentamente e eu apenas não percebi, me engano dizendo que ela estava melhorando por mais que eu saiba que não estava. Ela se despediu lentamente e eu me recusei a ver, eu me recusava a acreditar, por causa disso eu não tentei ajudá-la, eu não impedi mesmo sabendo que poderia... Será que ela me perdoaria por não ter ajudado ela?

A chuva acaba ficando mais forte, os trovões começando a aparecer me obrigando a sair dali, dou uma última olhada no túmulo da mulher que eu mais amei em toda a minha vida antes de ir embora, as lágrimas se misturando com as gotas de chuva, eu me recusava a acreditar que ela realmente havia partido.

[...]

Eu finalmente havia chegado em casa e tomado um banho, eu vestia uma confortável e larga blusa preta, blusa que antigamente era da Wed, o cheiro dela ainda estava ali... Eu havia parado de chorar, eu não queria chorar novamente mas as lágrimas saiam sem minha permissão, o cheiro dela estava forte naquela blusa, eu o sentia enquanto chorava, deitada na minha cama, olho para a minha escrivaninha percebendo uma caixa ali, era parecida com uma caixa de sapatos mas estava decorada, eu não havia a deixado ali. Me levanto indo até ela, havia algo escrito encima, minha visão embaçada não me permitia ler corretamente, mas era a letra dela.

"𝘗𝘢𝘳𝘢 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘥𝘰𝘤𝘦 𝘌𝘯𝘪𝘥, 𝘭𝘦𝘪𝘢 𝘶𝘮𝘢 𝘱𝘰𝘳 𝘥𝘪𝘢."

Estava escrito no topo da caixa, havia diversas cartas, cada uma com um número, provavelmente a ordem que eu deveria ler, pego a primeira carta e começo a ler, eu sentia as lágrimas querendo sair cada vez mais porém não permitiria, eu leria a carta dela.

"𝘚𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘳𝘦𝘤𝘦𝘣𝘦𝘶 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘤𝘢𝘳𝘵𝘢 𝘦́ 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘶, 𝘰 𝘪𝘯𝘦𝘷𝘪𝘵𝘢𝘷𝘦𝘭 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘶, 𝘵𝘦𝘯𝘩𝘰 𝘤𝘦𝘳𝘵𝘦𝘻𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘥𝘦𝘷𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳 𝘥𝘦𝘴𝘰𝘭𝘢𝘥𝘢 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢 𝘦 𝘱𝘳𝘰𝘷𝘢𝘷𝘦𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘴𝘦 𝘤𝘶𝘭𝘱𝘢𝘯𝘥𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘢𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘢𝘥𝘢 𝘥𝘪𝘴𝘵𝘰 𝘧𝘰𝘪 𝘴𝘶𝘢 𝘤𝘶𝘭𝘱𝘢, 𝘮𝘪 𝘢𝘮𝘰𝘳. 𝘌𝘶 𝘧𝘪𝘻 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢𝘴 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘭𝘩𝘢𝘴, 𝘦𝘶 𝘯𝘢̃𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘴𝘦𝘳 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢, 𝘦𝘶 𝘯𝘢̃𝘰 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘴𝘦𝘳 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢. 𝘌𝘶 𝘵𝘦 𝘢𝘮𝘦𝘪 𝘤𝘰𝘮 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘢𝘭𝘮𝘢, 𝘢 𝘵𝘪 𝘱𝘦𝘳𝘵𝘦𝘯𝘤𝘦𝘶 𝘮𝘦𝘶 𝘤𝘰𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘦 𝘢𝘭𝘮𝘢 𝘢𝘵𝘦́ 𝘮𝘦𝘶 𝘶́𝘭𝘵𝘪𝘮𝘰 𝘴𝘶𝘴𝘱𝘪𝘳𝘰.

𝘕𝘢̃𝘰 𝘭𝘦𝘷𝘦 𝘮𝘦𝘶 𝘴𝘶𝘪𝘤𝘪́𝘥𝘪𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘢𝘭𝘨𝘰 𝘳𝘶𝘪𝘮, 𝘭𝘦𝘷𝘦 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘶𝘮 𝘢𝘭𝘪́𝘷𝘪𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮, 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘥𝘰𝘳 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘰𝘶, 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘰𝘶, 𝘮𝘢𝘴 𝘮𝘦𝘶 𝘢𝘮𝘰𝘳 𝘱𝘰𝘳 𝘵𝘪 𝘫𝘢𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘢𝘳𝘢́, 𝘯𝘦𝘮 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘢 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘦 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳-𝘮𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘢𝘳 𝘥𝘦 𝘢𝘮𝘢𝘳-𝘵𝘦. 𝘚𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘴𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘵𝘢 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘷𝘦𝘴𝘵𝘪𝘳 𝘢𝘴 𝘣𝘭𝘶𝘴𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘶 𝘭𝘩𝘦 𝘥𝘦𝘪, 𝘦𝘶 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘨𝘰𝘴𝘵𝘦𝘪 𝘣𝘢𝘴𝘵𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘢 𝘭𝘶𝘢 𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦𝘭𝘢𝘴, 𝘰𝘭𝘩𝘦-𝘢𝘴 𝘦 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘦 𝘥𝘦 𝘮𝘪𝘮, 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢 𝘦𝘶 𝘧𝘢𝘤̧𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘵𝘦 𝘥𝘢𝘴 𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦𝘭𝘢𝘴, 𝘯𝘢̃𝘰 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘪𝘯𝘵𝘢 𝘤𝘶𝘭𝘱𝘢 𝘱𝘦𝘭𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘦, 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘻 𝘧𝘪𝘤𝘢𝘳 𝘢𝘲𝘶𝘪 𝘱𝘰𝘳 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰, 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘻 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘦𝘳 𝘷𝘪𝘷𝘦𝘳. 𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘮𝘦 𝘥𝘦𝘶 𝘶𝘮 𝘮𝘰𝘵𝘪𝘷𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘵𝘦𝘯𝘵𝘢𝘳 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘪𝘯𝘶𝘢𝘳.

𝘗𝘢𝘳𝘢 𝘰 𝘮𝘦𝘶 𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦𝘪𝘳𝘰 𝘦 𝘶́𝘯𝘪𝘤𝘰 𝘢𝘮𝘰𝘳: 𝘌𝘯𝘪𝘥 𝘚𝘪𝘯𝘤𝘭𝘢𝘪𝘳."

Ao terminar de ler a carta eu soluçava, chorava como uma criança, chorava em puro desespero, por mais que eu quisesse acreditar que não foi minha culpa eu não conseguia, aquilo me matava por dentro, eu abraço a carta contra o peito e me permito chorar mais e mais...