silence - alex walter

quatorze - alex

"i found peace in your violence."

Você estava andando na sua bicicleta ao som de It's No Big Deal, e agora você está tentando levantar do chão nessas duas rodas velhas.
Nada sobre o jeito que você era tratado parecia especialmente alarmante até agora, então você epera bagunçarem seu cabelo, sem ao menos pedirem permissão, e sorri como se não fosse nada.

Você pode deixar pra lá, você não precisa se desculpar por querer se desprender do passado e crescer, hmm.

Garoto, você fala da dor como se estivesse tudo bem, mas eu sei que você sente como se um pedaço de você estivesse morto por dentro.
Você me mostrou um poder que é forte o suficiente para trazer o Sol aos dias mais escuros.
Não é da minha conta, mas isso está na minha mente.

Você pode ver o mundo de acordo com as estações, onde quer que você vá.
Você não precisa de um motivo, porque eles nunca te mostraram amor
Você não precisa se desculpar por estar por conta própria.

Há um longo caminho pela frente
Eu não acredito que o tempo vá mudar a sua mente, em outras palavras.
Eu sei que eles não vão mais te machucar, prometo tentar te ajudar, curar as feridas.

matilda, harry styles.
tradução alterada.

Alex estava lidando muito bem com a situação em que se encontrava.

Pelo menos até sair da cozinha e entrar no quarto.

Ele deu dois socos no seu travesseiro antes de se jogar na cama. O garoto não sabia o que estava sentindo, isso o tornava um pouco agressivo quando estava sozinho, era uma forma, que desde pequeno ele tinha adaptado em sua vida, de extravasar e libertar sentimentos estranhos.

Precisava tomar um banho urgente, tanto que escolheu uma troca de roupas e foi para o banheiro logo em seguida. Trancou a porta, jogou a blusa no cesto que ia para lavanderia e se olhou no espelho.

O banheiro era apertado, pequeno e estava sempre bagunçado.

Alex ficou cara a cara com si mesmo ao se encarar no reflexo, observou com cuidado os ombros marcados e desceu o olhar até os braços que se apoiavam na pia do banheiro, um de cada lado.

Ali ele enxergou o mesmo garoto de quatorze anos, agora dezenove, que já foi. Apertou os olhos e voltou para a época do fundamental, quando repetiu o nono ano.

"Era seu aniversário. No carro de George a caminho da escola o menino observava a paisagem com um sorriso estampado no rosto. Quem não gosta de aniversários?

- Decidi me inscrever no campeonato de montaria também, pai. Vou fazer o teste! - O irmão, Cole, disse no banco da frente. Cole já tinha quatorze anos, havia feito aniversário ano passado.

O sorriso sumiu no mesmo instante, ao ouvir a conversa que começava.

- Mas você nem gosta de equitação. - Alex reclamou, um pouco confuso.

Outro motivo do garoto estar animado naquela manhã era o teste para a equipe júnior de montaria que teria na escola, ele passou seis meses treinando para isso.

- Ídai? Pratiquei um pouco com o papai, se lembra? Acho que eu tenho chances de entrar.

- Mas, Cole, só tem uma vaga sobrando. Como vamos participar um contra o outro?

- Simples, o melhor irmão vai ganhar.

- Meninos parem com isso, apenas se divirtam.

Uma faca parecia ter se instaurado apontada para o coração de Alex, esperando a hora certa de se afundar contra sua pele e atingir seus órgãos. Ele não queria isso, não queria competir contra Cole e ainda se preocupar em agir como se vencer algo que tanto desejava conquistar fosse apenas diversão.