Capítulo 58

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O relógio preso ao redor do pulso de Seokjin marcava 5:26 da manhã quando ele e seu noivo deixaram a casa onde o príncipe cresceu para ir em direção à praia.

A noite anterior havia sido agitada com toda a família reunida trocando presentes, conversando e comendo, o que fez com que Namjoon perdesse completamente o sono. E, quando Kim Namjoon perdia o sono, Seokjin raramente conseguia dormir por muito tempo. Mas isso também era culpa sua, já que foi ele mesmo que decidiu usar uma cueca azul após o banho que deixou o seu corpo pronto para dormir na noite anterior.

Portanto, Seokjin esperava ser acordado com o membro de seu noivo dentro dele ou com a boca de Namjoon ao redor de alguma área das suas partes íntimas. Ele apenas não esperava que seria despertado às três da manhã com a língua quente e molhada do Kim em seu interior que, poucos instantes depois, foi substituída pelo membro completamente teso do homem que segurava as suas mãos, mantendo os seus dedos entrelaçados durante todo o tempo.

Assim, quando eles finalmente terminaram, parece apenas natural que eles deviam ir até a praia para assistir o nascer do sol. E foi assim que eles chegaram ao momento atual, onde ambos estavam sentados lado a lado sobre a areia fria e úmida enquanto seus olhos fitavam a imensidão azul que era o mar.

Ali, sentado com seu noivo conforme observava o mar e ouvia o som das ondas quebrando e do vento movendo os galhos das árvores, Seokjin sentiu um pesar em seu coração. Ele devia estar se sentindo feliz. Afinal, ele passou o natal inteiro com a sua família, foi dormir ao lado de seu noivo e acordou da sua forma favorita para agora estar sentado observando o mar onde grande parte das suas memórias felizes foram criadas.

Era para Seokjin estar feliz, mas tudo o que ele sentia era medo. Tudo estava perfeito demais, feliz demais, dando certo em todos os pontos. Quer dizer, tudo estava assim caso eles ignorassem os jornais, revistas e conversas públicas que envolviam o nome da família imperial japonesa. O seu povo não o odiava, Seokjin acreditava que até mesmo se ele tacasse fogo na cabeça de uma mulher grávida as pessoas de seu país ainda encontrariam uma forma de o livrar de qualquer julgamento. E, de certa forma, ele costuma ser grato pela devoção de seu povo pela sua imagem. Contudo, ultimamente Seokjin vinha odiando cada vez mais pessoas como essas.

Para Seokjin, pessoas que alegam amar outra pessoa, deviam respeitar e apoiar as suas decisões. Ele mesmo havia aprendido isso em sua vida passada da pior forma possível, colhendo os frutos mais amargos e duros que alguém poderia colher. Mas era culpa dele, foi Sungjoo que plantou aquelas sementes ao odiar quem o seu irmão mais amava.

Portanto, ao ler matérias que tentavam manchar a honra de Namjoon e ouvir pessoas o aconselhando sobre os riscos de se casar com alguém tão próximo da família real coreana, tudo o que Seokjin sentia era raiva e medo. Raiva porque o príncipe herdeiro não aguentava mais ouvir o chororô maldoso disfarçado em um discurso de preocupação e zelo sobre algo que envolvia uma escolha que pertencia apenas à ele e com ofensas direcionadas ao homem que ele amava.

Já o medo que Seokjin sentia era direcionado à Namjoon. Não necessariamente a algo que ele poderia fazer para o machucar propositalmente, mas sim ao medo de que o Kim alcançasse o seu limite e percebesse que ele era bom demais para Seokjin e que ele não merecia passar por todo aquele escrutínio público que parecia maníaco para encontrar e apontar tudo o que eles acreditavam ser uma falha em Namjoon.

Seokjin podia perder tudo. Ele poderia perder até mesmo o trono e sobreviver à isso, a sua falha em continuar com a dinastia mais antiga do planeta, mas caso ele perdesse Namjoon... Perder o seu futuro marido seria demais para Seokjin.

No fundo de seu coração, Seokjin nunca se sentiu digno do amor e tempo do seu atual noivo. Até mesmo quando eles se conheceram, o príncipe que sempre se considerou o homem mais lindo do mundo, acabou por perceber que ele não ocupava o todo dessa categoria. Namjoon era quem estava em número um com os seus olhos gentis, o corpo bem estruturado, pele dourada e as covinhas que apareciam quando ele sorria... Aquelas covinhas eram, na honesta opinião de Seokjin, a coisa mais charmosa presente na humanidade.

Forgive | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora