Capítulo 17

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O avião da família imperial que levava os príncipes japoneses de volta à Tóquio decolou em uma manhã ensolarada de Los Angeles.

Era a primeira vez em anos que os irmãos estavam viajando juntos e, tecnicamente, tal ato era proibido por ambos serem os dois próximos nomes na lista de sucessão ao trono japonês. O correto era que Jungkook e Seokjin precisavam viajar em aviões separados por pura questão de segurança, já que se algo ocorresse com a aeronave, um dos príncipes ainda estaria vivo e hábil a ocupar o trono.

Porém, quando o imperador e a imperatriz receberam a solicitação de Seokjin para viajar ao lado do caçula da família, Katsu e Misaki não pensaram duas vezes antes de abrir uma exceção ao protocolo e permitir a viagem conjunta. Afinal, Seokjin e Jungkook estavam se falando e viajando juntos e isso era uma notícia boa o suficiente para que os pais dos garotos questionassem se estavam sonhando ou se estavam presenciando um milagre de natal no meio de julho.

Graças à permissão dos imperadores, naquele momento os irmãos estavam sentados confortavelmente em suas respectivas poltronas posicionadas frente a frente.

Seokjin digitava em seu celular com habilidade e sem parar, provavelmente trocando mensagens com alguém que ele apreciava o suficiente para sorrir de tempos em tempos e até mesmo ter as sua orelhas tingidas naturalmente de vermelho. Já Jungkook simplesmente olhava as nuvens que passavam rapidamente pela sua janela enquanto mantinha a sua mente longe dali, perdido em uma imensidão de pensamentos que gritavam tão alto que fazia sua cabeça latejar.

Ele estava assim desde a noite passada, quando saiu da boate e pegou junto aos seus melhores amigos e irmão o primeiro táxi que parou para eles. Era como se Jungkook estivesse fugindo do diabo, o que fazia certo sentido já que ele se lembrava de já ter escutado uma vez sobre como Lucifer costumava ser o anjo mais bonito de todos até se rebelar. E no caso de Jimin, ele de fato era como o anjo mais bonito de todos e tão, mas tão tentador...

Jungkook ainda se lembrava com facilidade de como os lábios cheios, quentes e ligeiramente úmidos de Jimin deslizaram pela pele do seu pescoço e como aquele mesmo par de lábios quase se juntaram aos seus. O japonês se lembrava tão bem desses momentos que ele passou a noite inteira em claro, tentando pensar em tudo, menos em sua própria alma gêmea.

Ele não podia. Ele não devia.

Não era certo o que Jungkook fez. Ele permitiu que Jimin agisse de forma inapropriada e, acima de tudo, ele mesmo quase tomou a iniciativa de beijar o Park. Foi por pouco que Jungkook não comentou um erro maior. Não que beijar Jimin fosse um erro por si só, mas Jungkook estava em um relacionamento fechado. Portanto, desta forma sim, seria muito errado beijar o príncipe coreano.

Porém, o que mais incomodava Jungkook nisso tudo era que ele não estava apenas incomodado pelo fato de ter quase traído Eunwoo, mas também porque ele tinha um namorado em casa e por essa razão ele perdeu a oportunidade de beijar um homem lindo e muito gentil que tinha o poder de fazer seu coração aquecer apenas por saber que ele era o centro da atenção do mais velho, borboletas voarem em seu estômago com poucas palavras e as suas bochechas doerem de tanto tempo que ele passava sorrindo.

No início Jungkook pensou que ele só estava bravo consigo mesmo por ter passado dos limites, mas na noite anterior, depois que os seus melhores amigos e seu irmão se certificaram que ele estava bem e foram embora, o príncipe caçula pensou mais um pouco e percebeu que existiam mais camadas em sua mente e coração.

Graças à sua realização, Jungkook estava se sentindo um babaca.

Como alguém fica bravo por ter um namorado e não por quase ter traído seu parceiro? Jungkook se perguntou ainda revoltado consigo mesmo. Isso é um grande absurdo e não existem desculpas para justificar tal atitude.

Forgive | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora