CAPÍTULO 1 | POÇO VAZIO

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"Viver com uma máscara é como caminhar em um nevoeiro denso; nunca se sabe quando se perderá completamente

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"Viver com uma máscara é como caminhar em um nevoeiro denso; nunca se sabe quando se perderá completamente."

—Demônio Lilia? -A voz do motorista, vindo do interior do veículo feito de fumaça negra, ressoa com uma mistura de curiosidade e confirmação. Isso não é novidade para mim. Com minha aparência que nada lembra um demônio, sou frequentemente confundida com uma simples humana. Aqui no Submundo, ser visto como turista significa lidar com tarifas inflacionadas e golpes em cada esquina que se passa. —Você parece um anjo nessa escuridão - comenta, talvez mais para si mesmo do que para mim.

 —Você parece um anjo nessa escuridão - comenta, talvez mais para si mesmo do que para mim

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Ignoro, verificando o aplicativo de transporte no meu Subnar. Mesmo não sendo o último modelo, o aparelho ainda funciona bem o suficiente para essas coisas modernas que surgiram por aqui. Confiro a foto do motorista no aplicativo e comparo com o demônio diante de mim. Os mesmos cabelos verdes desalinhados, cavanhaque bem cuidado e um piercing brilhando sutilmente no septo. Cinco estrelas aparecem ao lado do seu nome. Um sinal de que posso confiar, pelo menos por enquanto.

Há sempre uma tensão estranha em momentos como este. A forma como as pessoas reagem à minha aparência "incomum" contrastando com a realidade grotesca que me cerca, me faz lembrar constantemente da minha escolha. Um rosto delicado, com uma personalidade demoníaca nata.

—Runan, certo?- pergunto com um sorriso forçado, o mesmo que costumo usar quando não sei como reagir a comentários do tipo: "Nossa, você não parece nada com os demônios típicos do Submundo." Claro. Talvez devesse mostrar a eles minha marca de nascença- uma chama negra logo abaixo do umbigo- mas melhor não. —Filha da puta do caralho- murmuro sob minha respiração, mantendo o sorriso. Então, mudo de assunto —E esse cavanhaque estiloso, hein?

—Ah, sabe como é, lindinha-responde Runan com um ar de autoconfiança. —Manter uma boa aparência é o mínimo que devemos ao nosso Rei.

Rei.

Só de pensar nesse título, sinto um gosto amargo na boca. Aquele chifrudo é insuportável. Um mulherengo incorrigível. Mesmo entre nós, demônios, sua fama de sedutor desenfreado e governante egoísta é bem conhecida. Mas, como todos aqui, tenho que manter as aparências, mesmo que por dentro eu despreze cada parte do seu ser.

A TENTAÇÃO DO SUBMUNDO |LIVRO ÚNICO|Onde histórias criam vida. Descubra agora