Capítulo 2| Infância

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...

— Estava pensando em fazer o quê com aquele carro, Dahlia? — Um motorista nos levava para casa. — Quer roubar um carro? Sair por aí cometendo loucuras?

— Não... Eu só queria ver como era! — Cruzei os braços, não querendo continuar essa conversa.

— Se um dia você pisar em um carro e apostar corrida, pode me esquecer, ouviu mocinha? Nunca faça isso. Eu tenho condições de te pagar uma boa faculdade, você vai ter uma ótima vida e um dia vai ter tudo o que é meu! Você tem meu sobrenome, não importa o que digam... Você é uma Bresser agora.

— Eu sei, vovó. Mas eu sou Dahlia Bresser e Dahlia Sanchez!

— Eu nunca vou tirar de você o seu sangue de Sanchez. — Ela acaricia meu cabelo. — Mas eu me preocupo com você.

A vovó tem uma família bem grande, filhos que esperam herdar seus bens a qualquer momento. Mas diferente de todos os seus netos e filhos esnobes, existe Dylan, seu neto e filho da filha mais nova. Brincamos muito quando ele passava um tempo com a vovó.

Chegamos em casa e vi Dylan na sala jogando videogame no PlayStation, corri para o lado dele no sofá.

— Dylan! O que está jogando? — Sorri, e ele sorriu de volta.

Ouvimos vozes, era a mãe de Dylan. Ela estava com um chapéu enorme branco e um vestido da mesma cor até o joelho. Na minha cabeça, ela parecia a vilã do 101 Dálmatas, era engraçado.

— Mãe. — Ela ia abraçar a vovó. — Podemos conversar enquanto eles brincam? — A vovó fez uma expressão preocupada e foram para outro cômodo. Eu não me importei, dar um soco no Dylan em um jogo de luta parecia mais importante.

— Eu vou te arrebentar, Dahlia!

— Eu que vou fazer isso! — Procurei o controle do videogame e começamos uma partida.

Passamos o resto da tarde jogando e comendo lanches, foi um dia divertido. Eu gostava muito de passar tempo com o Dylan. Dylan era apenas um ano mais velho que eu, e posso dizer que crescemos juntos. Ficamos cansados de jogar e fomos para fora brincar de esconde-esconde. Durante a brincadeira, ouvi alguns latidos na rua. Era estranho ouvir latidos de cães sozinhos dentro do condomínio.

— Lia! Eu estava me escondendo atrás desses arbustos e encontrei isso aqui... — Ele apareceu com um cachorrinho filhote em seus braços, era um vira-lata amarelo, nitidamente não tinha raça, o que me fez duvidar mais ainda que seu dono morava aqui.

— Que fofo! — Fui até ele fazer carinho. Ele era pequenino, um filhote adorável.

— Qual vai ser o nome dele?

— Ele tem cara de Lupi...

— Lupi? Combina com ele. — Dylan levantou-o até a altura dos olhos, e ele latiu. — A Lia escolheu Lupi para você! Gostou, garoto?

— Ele pode ir com você? Não sei se a vovó vai concordar com um cachorro em casa...

— Não dá, Lia. A minha mãe não gosta de cachorros em casa. — Ele me ofereceu o Lupi, e eu o peguei. Lupi era tão pequeno e fofo que dava vontade de chorar de tanta fofura.

— Vou tentar ficar com ele!

Voltamos para casa e escondi Lupi no quarto. Dylan já estava indo embora com sua mãe, e nos despedimos. Antes de sair, ele piscou para mim, dando apoio sobre o Lupi.

— Vovó... — Chamei-a em um tom agudo, e ela levantou as sobrancelhas desconfiada, parecendo saber que eu ia pedir algo. — O que acha de cachorrinhos?

— São fofos. Os dos outros. — Ela respondeu seca, indo se sentar na poltrona da sala.

— E se fosse um nosso?

— Não. Você ainda não está em uma boa situação para me pedir nada, Lia. — Ela pegou uma revista e folheou. — Eu sabia que você me pediria algo, vindo até mim desse jeito manso.

— Tenho que te contar uma notícia... — Fui até ela e me agachei na sua frente. — Eu recebi um presente dos céus. Um cachorrinho abandonado, chorando muito, me implorou para que eu ficasse com ele.

— Cachorro fala agora?

— Eu senti o olhar dele, vovó...

— Não. — Ela novamente respondeu seca e voltou para sua revista.

Decidi ir até o quarto, pegar o Lupi e fazer ela se apaixonar com seus próprios olhos.

— Olha a carinha dele, vovó! — Ela se assustou, jogou sua revista longe e me olhou com os olhos arregalados.

— De onde você tirou esse cachorro? — A vovó se levantou e se abaixou para ficar na altura do Lupi. — Que adorável...

— Ele apareceu aqui na nossa porta. Dylan achou ele nos arbustos... Podemos ficar com ele?

Ela o pegou com as duas mãos, e ele latiu de um jeito muito fofo para a vovó, que se derreteu.

— Podemos ficar uns dias, e eu vou decidindo se fico ou não...

Dei um pulo de felicidade e a abracei, agradecida por ela ter dado uma oportunidade que eu sabia que, no fim, seria um sim. Assim, passamos dias, semanas, meses e anos com o Lupi...

Alguns dias depois, foram tempos difíceis. Atlas estava faltando muito às aulas, e ele não me dizia o que estava acontecendo, o que me deixava muito preocupada. Além disso, minha avó fez uma cena com ele. Eu fiquei com raiva por ela ter ouvido o meu diretor e falado na frente dele sobre isso. Eu estava na escola, esperando que me buscassem para ir para casa, e Atlas fez a gentileza de esperar comigo.

— O que eu ando te aconselhando, Dahlia? Além das palavras do diretor... Ande com pessoas boas. — Ela disse, segurando-me pelo braço enquanto íamos para casa, e Atlas ouviu tudo.

Chegando no carro, precisava questioná-la sobre isso; eu estava profundamente irritada.

— O que foi isso, vó!? Por que falou isso na frente dele? Eu nunca vou te perdoar por isso! — Falei, fazendo birra em revolta.

— Por querer o seu bem! Eu sei que você acha ele uma boa amizade, mas você não sabe a situação dele, Dahlia... Você não é adulta, e eu quero te proteger de qualquer coisa! Não permito que ande com esse menino.

— Atlas é uma das melhores coisas que me aconteceu desde que meu pai morreu! Ele me lembra o meu pai, e isso me traz um conforto que ninguém é capaz de me trazer! Ele é o único que me deixa feliz ao lembrar do meu pai! — Ela ficou em silêncio por alguns minutos após minha fala, até começar a chorar. Eu sabia que a vó tinha boas intenções para mim.

ADRENALINE (dark romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora