Entramos no carro do Dylan e eu estava furiosa pela maneira que foi reencontrar Atlas, estava nem longe de ser como eu imaginei que poderia ser se fosse para acontecer. Fiquei quieta no carro, olhando para a marca de aperto no meu braço e ficando cada vez mais com vontade de socar a cara dele, se eu tivesse a oportunidade.
— Dylan. — Ele estava dirigindo e direcionou sua atenção à mim com meu chamado. — Me explica o lance das cores. Como funciona essa cidade?
— Bom... Os caras da gangue de vermelho, eles tem uma tatuagem de cobra vermelha no braço para se identificar. Aqueles que usam lenços são os que são aliados, não estão envolvidos como aqueles tatuados com a marca deles. E Atlas aparentemente está usando a tatuagem de cobra...
— Você sabia sobre ele? — Chloe questiona o Dylan.
— Eu não fazia ideia. Ele nunca apareceu em nenhuma festa que eu fui, mas eu também estou circulando por essas áreas à pouco tempo.
Fiquei desanimada ao reafirmar que Atlas estava tão envolvido nessa bandidagem de Miami. Eu sempre desconfiei que ele podia não ter um futuro tão bom pela forma que algumas coisas estavam encaminhando na sua vida, mas nunca pensei que isso o tomaria dessa forma.
— Ele agora é um completo estranho. — Falei e suspirei forte pensando sobre tudo.
Deixamos a Chloe em seu novo apartamento, ficamos por algumas horas para beber e conversar mais, e depois Dylan me deixou em casa.
No dia seguinte acordei com Lupi tentando morder meu cabelo, reclamei com ele, mas ri da sua tentativa.
— Bom dia, Lupi.
Hoje seria um dia cheio, eu vou visitar o amigo de infância do meu pai, Beckett. Desde que me entendo por gente, meu pai me levava na oficina do Beckett para consertar o seu carro e eu ficava brincando com as suas ferramentas correndo pelo lugar inteiro.
Pedi um carro para ir na oficina já que estou sem um, enquanto o meu ainda é transportado.
— Beckett? — Fui entrando na oficina notando vários carros lindos, máquinas de outro mundo.
A oficina era toda grafitada, ela estava em uma vibe diferente, um pouco mais moderna do que eu me lembro. Mas então, ouvi uma voz familiar e quase chorei de emoção pelo tempo que eu não a ouvia.
— Olha se não é a mini Sanchez! Ou melhor... Grande Sanchez! — Ele soltou uma ferramenta e colocou sobre uma mesa, veio até mim para me dar um abraço. — Como você cresceu!
Beckett tinha um cabelo black médio, roupas de mecânico e era alguém muito divertido
— Fiquei com medo de não me reconhecer. Não venho a Miami a uns 8 anos.
— Impossível... Você tem os olhos únicos do seu pai. — Ele estava sorrindo, pegou uma cadeira e ofereceu para mim. — E aí? Tem uma máquina de carro, não tem?
— Tenho um GTR R35. — Seus olhos se esbugalharam com a minha revelação.
— Tá de brincadeira? Isso é para ir para a lua? — Ri com a sua surpresa. — Vai trazer até aqui para que eu dê uma olhada?
— Claro.
— Está pensando em correr? — Ele se sentou em outra cadeira. — A garota que trabalha aqui comigo, organiza.
Ele se levantou parecendo procurar alguém e a Odessa, a garota da festa na noite passada que ofereceu bebida para a gente apareceu.
— Essa aqui. Ela conhece a cidade inteira. — Beckett aponta para ela.
— Eu conheço ela. Dahlia, não é? — Odessa se aproximou de mim, levantando sua mão para me cumprimentar.
— Acertou. — Cumprimentei de volta.
— Odessa. Essa menina é filha do Sanchez, o cara que era o maior corredor dessa cidade.
Ela arregalou os olhos e apontou para mim pulando animada. — Tá zoando? Você é filha do Sanchez! Aquele homem era um lenda.
Fazia um bom tempo que eu não conversava com ninguém sobre o meu pai, esse assunto me deixava muito triste, mas notar alguém falando dele com tanta admiração me deixava feliz.
- Eu sou, mas eu não tenho interesse de correr como ele. — Seus ombros caíram em desanimo.
— Que pena... Ia ser legal usar o seu nome para vender a sua corrida. A gente ganharia muito dinheiro.
Odessa lamentou, se virou e foi continuar o seu trabalho me deixando sozinha com Beckett.
— Não esperava que você não tivesse interesse em correr. Sempre fugiu para ver seu pai nas ruas. — Ele foi até um armário, procurou algo em algumas caixas e colocou uma delas na minha frente. — Sempre quis entregar isso para a filha do meu amigo. São objetos dele.
Peguei a caixa preta de tamanho médio no colo, ela estava um pouco empoeirada e para resolver, assoprei, a abri e conferi o que tinha dentro dela. A caixa continha papéis, panos e fotos.
Peguei a foto e admirei, nela estava eu com 10 anos sentada no capô do carro preferido do meu pai. Um "Dodge Challenger SRT Hellcat".
— Vou deixar você sozinha para abrir a caixa. — Beckett saiu do local e foi provavelmente voltar ao trabalho.
Tirei cada item um por um, e foi me revelando e contando histórias do meu pai que eu não tinha acesso. Me emocionei com as fotos, elas eram nostálgicas e me faziam sentir como se eu estivesse com ele.
Me aprofundando mais nos objetos da caixa, achei uma carta e abri para ler o seu conteúdo. Uma carta estava sem remetente, não era possível descobrir quem mandou, mas nela continha um desenho de uma cobra em tom vermelho. Associei imediatamente a gangue que Atlas está envolvido, será que existe uma chance deles estarem seguindo o mesmo caminho? O meu pai era um criminoso?
A minha avó, Amélia Bresser, sem duvidas saberia me responder.
Era possível que meu pai não só corresse de forma ilegal, como também estava envolvido com a criminalidade?
Fiquei pensando en muitas opções do significado daquela carta antiga, suspirei frustada.
Eu precisava de alguém de dentro para me ajudar a descobrir mais.
Ouvi sons de passos me alertando sobre alguém estar se aproximando, escondi a carta e me consertei na cadeira. Era Beckett vindo até mim.
— Sinto que eu deveria te informar algo sobre essa caixa. — Ele se sentou na cadeira da minha frente. — Seu pai deixou ela guardada comigo para que eu pudesse te entregar, se algo acontecesse a ele. Como você foi tão rápida para se mudar... Eu não consegui te entregar.
— Você já abriu essa caixa? — Ele sinalizou que não. — Beckett...Você acha que a morte dele foi realmente um acidente?
Sua postura ficou tensa, como se eu tivesse tocado em um assunto delicado que ele não esperava ouvir.
— Tenho minhas suspeitas que não foi um acidente, Lia.
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ADRENALINE (dark romance)
RomansaESSA HISTORIA É UM DARK ROMANCE! Dahlia, uma jovem comum, cuja existência é virada de cabeça para baixo quando descobre que seu pai morreu de forma misteriosa. Após a misteriosa morte dele no suposto acidente em uma das suas corridas ilegais (racha...