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𝗡𝗼𝗿𝗿𝗶𝘀, 𝗟𝗲𝗮𝗵 - 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐.
20 de fevereiro, 2020 - Festa da FIA

A semana passou muito rápido. Talvez porque eu tive que me assegurar que os papéis de transferência do Sainz não teriam erros, e isso me custou um tempo precioso nos meus dias.

E também porque eu descobri de ultima hora que a festa seria em Londres, já que Charles se esqueceu desse mísero detalhe. Então eu tive que organizar os passaportes dos meninos e verificar se estava tudo certo.

Confesso que nesses poucos dias, Carlos e eu nos aproximamos bem mais do que o esperado. Compartilhamos histórias e rimos muito!

Tínhamos acabado de chegar no hotel, e ótimo! Tinham apenas dois quartos disponíveis, e como Charles havia levado sua acompanhante, fui obrigada a compartilhar o meu com o espanhol bonitão. E pasmem! Só tem uma cama de casal, não poderia ser pior.

- Olha, se te incomoda, eu posso ver se há algum quarto disponível no hotel aqui perto. -

- Sainz! Já é a quarta vez que você diz isso, relaxa! - Ele suspirou. - Já estamos aqui, 'né? Do que adianta. Aliás, não posso me separar de vocês.

- Você não me parece muito relaxada - E ele estava certo. Tenho mania de sempre me sobrecarregar com o trabalho, e apesar da semana só ter começado, eu já me sinto cansada.

- Você tem razão, desculpa. - Me sentei na cama - Além do trabalho, eu não gosto quando as coisas saem do meu controle, essa situação dos quartos está me deixando mais frustada do que deveria. - Expliquei, e ele escutava atenciosamente.

- Lando está hospedado aqui também, não está? - Eu disse que sim, mas não consegui identificar o que isso tinha a ver.

- Faz assim, descansa até o horário da festa, fica pronta e tenta relaxar. Eu levo o que eu precisar pro quarto do Lando, me arrumo lá e quando der a hora, eu passo aqui. - Confesso que vê-lo tomando as rédeas da situação, fez com que eu me sentisse estranha. Mas de um jeito bom. - Pode ser?

Eu assinalei com a cabeça e me deitei na cama, de costas para o quarto. Pude perceber que ele estava pegando tudo o que iria precisar para levar ao quarto do meu irmão, eu realmente precisava desse descanso.

- Descansa, é sério. - Ele olhou nos meus olhos e deu um beijo em minha testa antes de sair do quarto. Por quê tão atencioso?

Tenho plena certeza de que devo ter dormido por umas três horas seguidas, e me senti renovada quando acordei. Era por volta das 18:30, fui direto pro banho.

Havia separado um vestido de ceda de alcinha, longo e vermelho. Era um evento formal, já tinha comparecido a outros antes.

Estava dando os toques finais, quando ouvi batidas a porta. Gritei entra e era Carlos, vestindo um terno. Estava elegante, mas não exagerado.

- Que bom que chegou! Precisava de ajuda para fechar o colar. - Fui até o meu porta joias e peguei meu acessório. Olhei para o piloto no quarto, que estava imóvel. - Carlos?

- Oi - Parecia que estava em transe.

- Pode me ajudar? - Estendi o colar a ele. Me virei de costas e puxei meu cabelo para frente, para ajudá-lo. Pude sentir sua respiração pesada contra o meu pescoço, o que me deixou um pouco desconcertada. Parecia que estávamos parados por uma eternidade.

- É, pronto. - Falou e eu me virei, ficando cara a cara. - Você está, incrível. - Ele deu uma pausa. Eu definitivamente fiquei envergonhada com o elogio, não ouvia isso com frequência.

- Você também não está nada mal -

- Obrigado pela parte que me toca - Ambos rimos. - Vamos? - Ele estendeu o braço, o segurei e fomos rumo ao carro.

Enquanto caminhávamos em direção ao carro, a atmosfera era descontraída, mas algo pairava no ar. Ao chegarmos à festa, notamos a presença animada de Lando e Charles com suas acompanhantes. Entre risadas e conversas, a noite prometia ser memorável.

Paramos numa mesa repleta de outros pilotos, em que alguns até eram meus amigos.

- Leah! Você está deslumbrante! - Ricciardo se levantou para me cumprimentar. Éramos grandes amigos (e já fomos algo um pouco acima desse rótulo).

- Você até que está bem arrumado para esse evento. - Brinquei e ele retrucou algo. Cumprimentei o restante do pessoal e nos sentamos ali. Carlos estava na minha frente.

Daniel e eu trocamos flertes a noite toda, principalmente entre nossos amigos. Eu ao menos me esforçava para ser discreta, já ele totalmente o oposto.

Passei o olho pela mesa e pude reparar na feição do espanhol, que parecia incomodado com alguma coisa.

- Você 'tá legal? - Sussurrei para ele, que compreendeu e disse que sim. Ele apenas se levantou e saiu da mesa, indo em direção ao bar. Para não levantar suspeitas, saí atrás dele uns três minutos depois.

- O que você tem? - Perguntei enquanto me sentava a sua frente. Sainz me olhou sem responder.

- Nada - Deu de ombros e quebrou o contato visual. Ele parecia inquieto, insatisfeito. Não sei explicar, e eu gostaria de saber o que é.

- Você está com essa cara fechada desde que chegamos. Se não é nada, pelo menos se esforce para melhorar esse rosto. - Fui me levantando da cadeira. Já vi que ele não queria a minha ajuda.

Retornei a mesa, Daniel tinha me convidado para dançar, e como aquilo era uma festa, eu não iria recusar.

Enquanto dançávamos, podia sentir que Carlos nos acompanhou com os olhos, uma cara nada boa. Era uma situação delicada, e eu decidi abordar o assunto de forma leve.

- Algum problema, Carlos? - Perguntei indo até ele, mantendo o tom amigável.

Ele desviou o olhar por um momento, antes de responder.

- Não, Leah, tudo tranquilo. Apenas pensando em como você e Lando estão se divertindo tanto. - Seu sorriso parecia genuíno, mas algo na sua expressão dizia o contrário.

A noite avançava, e a tensão persistia. Uma chuva descontrolada vinha. Quando a festa chegou ao fim, Carlos ofereceu-se para nos levar de volta ao hotel. No carro, o silêncio era evidente, até que decidi quebrá-lo.

- Carlos, está tudo bem? - Perguntei, tentando entender o que estava acontecendo.

Ele suspirou, revelando a verdade que ele não conseguira expressar antes.

- Leah, eu não posso negar que fiquei um pouco incomodado lá na festa, vendo você com o Ricciardo. E pelo o que Charles me disse, vocês tem uma história. - Suspirou - Mas, somos só amigos, certo?

Sorri compreensiva, apreciando sua honestidade.

- Claro, Carlos. Somos ótimos amigos, e isso é o mais importante. - Disse, aliviando a tensão entre nós.

Ao chegarmos no quarto, fui imediatamente trocar de roupa e fazer minha rotina da noite. Quando saí do banheiro, Carlos não estava no meu campo de vista. Imaginei que o dia de hoje pode ter o envergonhado, e ele decidiu sair um pouco.

Foi só andar pelo quarto que avistei uma figura enorme deitada e encolhida no chão, com apenas um travesseiro. Esse estado era deplorável, e ele não precisa passar por isso.

- Carlos - Me agachei até ele. Tentando não falar tão alto. - Carlos! - Dei um empurrão de leve. Ele se levantou ainda bastante sonolento. Coloquei seu braço em volta do meu para guia-lo até o outro lado da cama. Era um peso e tanto.

Eu praticamente o joguei na cama, não aguentava mais segura-lo. Me deitei ao seu lado, ficando de costas para ele.

- Eu não me importo de dormir no chão - Sainz foi se levantando. Eu não conseguia deixar, além de ser só por uma noite, ele acordaria com uma baita dor nas costas. Ninguém merece.

- Deita agora - Ditei e ele obedeceu. - É só uma noite, Carlos. Eu não me importo. - O espanhol apenas concordou e voltou ao seu sono pesado e profundo.

Apaguei a luz e me deitei também. Bastou eu fechar os olhos que rapidamente apaguei.

𝖡𝖾𝗍𝗐𝖾𝖾𝗇 𝖢𝗎𝗋𝗏𝖾𝗌 𝖺𝗇𝖽 𝖤𝗆𝗈𝗍𝗂𝗈𝗇𝗌 - 𝗖𝗔𝗥𝗟𝗢𝗦 𝗦𝗔𝗜𝗡𝗭 𝗝𝗥Onde histórias criam vida. Descubra agora