𝖡𝖾𝗍𝗐𝖾𝖾𝗇 𝖢𝗎𝗋𝗏𝖾𝗌 𝖺𝗇𝖽 𝖤𝗆𝗈𝗍𝗂𝗈𝗇𝗌 － 𝗖𝗔𝗥𝗟𝗢𝗦 𝗦𝗔𝗜𝗡𝗭 𝗝𝗥

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𝗡𝗼𝗿𝗿𝗶𝘀, 𝗟𝗲𝗮𝗵 - 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐.
21 de fevereiro, 2020 - Amor e Trovão

Era por volta da madrugada, eu acordei num pulo, tive um sonho ruim. Lembra da chuva descontrolada que eu citei? Ela se tornou numa tempestade duradoura, com direito a raios e trovões.

Desde pequena eu não sei lidar com tempestades, elas me assustam de um jeito que eu nunca vi. Quando aconteceu pela primeira vez, meus pais estavam trabalhando até tarde e Lando dormia que nem pedra. Foi quando eu ouvi o primeiro trovão. Eu me senti perdida, como se o mundo estivesse acabando e eu estava lá sozinha, sem ninguém por perto.

O barulho estrondoso me incomoda, os raios me assustam. Nada parece muito agradável no momento. Senti minha respiração ficar um pouco mais ofegante, eu não conseguiria voltar a dormir tão cedo. Agarrei meus joelhos e fechei os olhos, na tentativa de ter pensamentos positivos e ignorar a chuva que caía lá fora.

Senti braços ao meu redor, que me puxavam mais para perto e tamparam meus ouvidos. Eu me senti segura ali.

O abraço de Carlos me transmitia segurança, uma sensação que eu não experimentava desde a infância. Mesmo que relutante em mostrar minha vulnerabilidade, precisava admitir que seu apoio era reconfortante.

Enquanto a tempestade rugia do lado de fora, suas palavras eram um bálsamo para minha mente tumultuada.

- Só, ignora. Pensa em outra coisa. Uma hora a chuva passa. - ele murmurou, passando a mão pelos meus cabelos, tentando dissipar meus medos.

Ainda perdida em meus pensamentos, respondi com sinceridade:
- Eu não consigo pensar em outra coisa, Carlos. -

Ele segurou meu rosto com delicadeza, forçando-me a encarar seus olhos firmes.
- Eu estou aqui com você, Leah. Você não está sozinha - afirmou com convicção. Suas palavras penetraram minha insegurança, formando uma âncora de calma em meio à tempestade emocional.

As horas passaram lentamente, mas a presença de Carlos tornou-se um farol, guiando-me para fora da escuridão dos meus medos. Depois de um tempo, nós dois adormecemos ali, do jeito que estávamos. Enquanto a chuva finalmente começava a diminuir, o amanhecer trouxe consigo uma serenidade que contrastava com a tormenta anterior.

Quando acordei, seus braços estavam envoltos na minha cintura, mas de algum modo, sua respiração pesada me acalmava. Nenhuma dessas coisas me incomodou, pelo contrário, estava bastante confortável daquele jeito. Continuei deitada, até ele acordar também.

Depois que levantamos, começamos a nos arrumar para sairmos, tínhamos marcado de se encontrar com o resto do pessoal na casa de Lewis, em Stevenage. A distância era de uma hora mais ou menos, então caso a gente não queira se atrasar, tivemos que levantar um pouco mais cedo.

Após tudo pronto, estávamos no carro, já na estrada. Charles e Lando decidiram ir em carros separados, e eu não via muito problema em ir com Carlos.

Num momento de silêncio, vi a oportunidade de expressar meu agradecimento pela noite passada.

- É, Carlos. - Chamei sua atenção, um pouco envergonhada. - Obrigada por ontem, mesmo. Por mais infantil que aparenta ser, eu agradeço de coração por ter ajudado. - murmurei, sentindo um misto de gratidão e vulnerabilidade.

Ele sorriu suavemente, afastando uma mecha de cabelo molhado do meu rosto.
- Sempre, Leah. - Seu ato me reconfortou - E, não é infantil se é algo que não te deixa confortável, eu nunca te julgaria por isso. -

- Obrigada, de novo - Sorri. - Mas de qualquer forma, uma mulher com 25 anos nas costas ter medo de trovão, não é algo tão atraente assim. - Nós dois rimos.

- Eu acho fofo - Ele disse e voltou a prestar atenção na estrada. Como ele tem essa habilidade de me fazer corar e deixar envergonhada tão facilmente?

- E...se te conforta - Sainz completou - Eu tenho um leve medo de palhaços. Mas não deixa o Lando saber disso. -

- Me conforta muito! - Nós dois rimos.

Não falamos muita coisa depois disso. Mas nosso diálogo silencioso dizia mais do que palavras poderiam expressar, marcando o início de uma conexão mais profunda entre nós. O sol raiava no horizonte, simbolizando não apenas o fim da tempestade, mas também o começo de algo novo e reconfortante.