passado.

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achei esse aqui guardado há um tempo e achei justo compartilhar, enfim! feliz ano novo, já que tem mais de um ano que eu não apareço aqui. 🤍
(tem mais de um ano que eu escrevi isso, então ignorem a escrita xoxa.)

— É isso mesmo que você quer? – ele reforçou a pergunta, ela não o encarava, talvez isso tornasse tudo mais difícil.

Seus dedos seguravam levemente o queixo dela, talvez na tentativa de fazer ela olhá-lo. Mas ela apenas assentiu levemente.

— Tudo bem, vai ser do jeito que você quiser então. – ela assentiu novamente e ele deu a situação por vencida, deixou um beijo casto nos lábios dela, pegou seu casaco e saiu.

Ele não percebeu quando ela desabou no quarto.

•••

Rita estava atrasada para atender um cliente, visando que acabara de receber uma ligação da escola de Isadora avisando mais uma palhaçada da garota, iria ser rápida, atenderia o cliente e depois iria na escola resolver. – como sempre fazia.

Saiu de casa apressada e entrou no elevador, não fazendo questão alguma de segurá-lo para a pessoa entrar, Mário Jorge apenas riu e esperou que o elevador fosse para o Hall. Trocaram meias palavras, existia uma mágoa tão grande da parte de Rita que ele nunca entendeu, mas também nunca questionou – na verdade ele tentou, mas desistiu quando viu que era em vão.

— Ah, droga! – o resmungo da morena fez um eco no estacionamento, ela encarava o pneu do carro vazio e tinha a mão na testa.

— Quer uma carona, Ritinha? – ofereceu sem esperança alguma e se chocou quando ela aceitou.

O silêncio era desconfortável, tudo ali era desconfortável. A situação era desconfortável e a palavra desconfortável, já estava ficando desconfortável. Ela se remexeu no banco tentando não transparecer desconforto, mas ele percebeu nos 5 primeiros segundos que ela entrou no carro.

Coincidentemente (ou não) iriam atender o mesmo cliente, que já conhecia eles há anos. Quando saíram do carro, quem visse de longe com toda certeza acharia que eram um casal apaixonado há anos. Rita ia na frente e Mário Jorge três passos atrás dela, cumprimentaram o cliente e foram mostrar a casa.

Ficaram menos de meia hora na casa, o cliente já tinha visto antes e daria o retorno. Os dois revisaram mais alguma coisa da casa e já estavam se preparando para ir embora.

— Preciso ir ao colégio da Isadora. – disse seca. — Você me leva?

— Claro. – ela deu as costas e ele passou na frente, fechando a porta. — Mas não antes da gente ter uma conversa decente.

— Mário Jorge por favor. – ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Não faça isso.

— Isso o que? Tentar conversar com você? – ele retrucou exausto. — Rita tem anos que eu tento ter essa conversa com você e você sempre foge! Que droga mulher, será que dá pra me escutar?

— Não, não dá! Não dá porque há anos nossas vidas não são mais as mesmas, nós não existimos mais. – ela gritou jogando a bolsa no chão, seus olhos demonstravam exaustão e tristeza.

— Por escolha sua. – murmurou.

Ela riu desacreditada, só poderia ser piada.

— Você só pode estar brincando, não é? – ela cruzou os braços, a melancolia em seus olhos se transformou em fúria. — Céus, isso não pode ser real.

— É real! É real porque você quis assim. – ele gritou, talvez estivessem passando um pouco do limite, mas não ligavam. — Você age como se eu fosse o culpado, quando você sequer tentou.

— EU TAVA MAGOADA! – ela empurrou ele com toda a força, afinal ele cambaleou para trás. — Será que você não entende? Ou será que quer fugir desse assunto, como você me acusa de fugir disso?

Mário Jorge estava de costas, respirava fundo e tinha a mão no queixo.

— Você quer falar da sua mágoa? – ele virou-se e ela tinha a boca trêmula, segurava para não chorar. — Tudo bem, nós falamos. Mas e a minha mágoa de ver minha mulher desistindo do nosso casamento?!

Rita virou o rosto limpando a lágrima que caiu sem sua permissão. Agora ela estava sentada na escada e ele no chão, os dois já haviam desistido daquilo há muito tempo, o silêncio pairou.

— Eu não desisti do nosso casamento. – ela proferiu naquele silêncio. — Eu desisti de você. Desisti de você quando eu descobri que você já estava se encontrando com a Celinha.

— O que? – ele a olhou incrédulo. — Naquela época eu sequer falava com a Celinha direito.

— A Isadora viu, ela e o Tatalo viram. – ela engoliu o nó da garganta quando lembrou-se dos filhos chorando ao relatar o que viram.

— Então ela viu eu ensaiando a surpresa que a Celinha estava me ajudando. – ele tirou uma carta da carteira e a entregou. — Eu guardei por todos esses anos, não sei, na minha cabeça um dia seria útil.

"Rita.
Por meio dessa carta eu te convido para casar comigo em um luau. Aceita viver essa aventura comigo?

Mário Jorge."

— Você não me traiu. – ela disse baixo, aliviada. — Mas agora tudo isso é inútil, essa conversa é inútil. Tudo isso aqui é inútil.

Rita pegou a bolsa e saiu, desistiu de tudo aquilo na verdade.

3 anos depois.

— Aquela nossa conversa nunca teve um fim exato. – ele colocou o suco de laranja na mesa e ela fechou o livro.

— Não tem mais o que dizer. – deu de ombros retirando o óculos e se sentando na mesa, ganhando um beijo na bochecha.

— Você poderia dizer "Mário Jorge, te amo." – ela gargalhou alto.

— Não é porque a gente voltou que eu vou deixar você cantar vitória.

— OH MÃE, A ISADORA ROUBOU MEU DINHEIRO! – Tatalo gritou do corredor e Rita abaixou a cabeça choramingando.

— MENTIRA! – a garota apareceu no seu campo de vista com o irmão atrás de si, Isadora foi para o lado do pai atrás da bancada e Tatalo se sentou ao lado de Rita. — Só peguei emprestado.

— Sem me pedir? Isso é roubo, Ladra! – Isadora pegou o pão que estava no prato e jogou em direção do irmão.

Obviamente aquilo não daria certo.

— Chega! Os dois, sumam daqui! – Mário Jorge gritou, mas nenhum deles se mexeu.

— Hoje não coroa. – Isadora bebeu o suco de laranja e se largou no sofá. — Hoje a mamãe prometeu ver filme com a gente!

— Ah é! – Tatalo se juntou a irmã no sofá. — Vamo mãe, a maratona é longa.

Rita assentiu, e puxou Mário Jorge para que vissem a maratona em família. Horas depois, Tatalo e Isadora estavam desmaiados e os dois assistiam algum filme aleatório da Disney.

— Eu aceito. – ela sussurrou encarando ele.

— O que? Aceita o que?

— Casar com você no Luau, eu aceito, Mário Jorge.

Os olhos dele nunca brilharam tanto, como naquela noite.

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⏰ Última atualização: Jan 12 ⏰

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