1989

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de vez em quando eu atualizo :)

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— Garota, se eu soubesse o trabalho que você ia dar, tinha te deixado na maternidade no mesmo dia que você resolveu vir ao mundo. – os gritos podiam ser ouvidos por todo o Jambalaya.

— Ah é? E se eu soubesse que você ia ser meu pai, tinha mandado o seu nome para um agiota! – a garota rebateu, mais nervosa ainda.

— ISADORA! – Rita repensou se era uma boa ideia se levantar para intervir na briga, mas os gritos aumentavam na medida que ela fechava os olhos e tentava dormir. — Ah garota, agora eu te mato!

Foi nesse exato momento que ela colocou o roupão e as pantufas e correu em direção a sala onde os dois discutiam. Agradeceu a Deus pela mais nova ter sono pesado e não ter acordado com os gritos, quando chegou na sala, Isadora não esperou dois segundos para se proteger atrás de Rita. A mulher respirou fundo antes de encarar a figura loira a sua frente, que parecia ignorar a fúria no rosto da esposa.

— Vocês devem ter um motivo muito bom para estarem discutindo quase onze da noite. – a voz dela saiu baixa.

E se a voz dela saiu baixa, ela estava irritada e se ela estava irritada, qualquer coisa mínima que ele dissesse, dormiria no sofá.

— A mau caráter do olho junto da sua filha quer sair agora, com uma roupa menor que a da Helena para ir pra baile funk com Copélia. – ele tentou duas vezes pegar Isadora, mas nas duas ela usou Rita como escudo. — Escuta aqui, Isadora. Você não vai. Sou seu pai, e eu te proíbo!

— Ah, você teve bons anos pra fazer isso! – a garota rebateu. — Faz isso com a Helena, acho que ela vai gostar de ser controlada.

— Será que vocês podem parar de brigar? É o dia inteiro isso! – ela se largou no sofá e pressionou uma almofada no rosto quando retomou a discussão.

— No dia que você nasceu, garota…

— Papai cita tanto o nascimento da Isadora que eu genuinamente queria saber o que aconteceu. – Tatalo surgiu do nada ao lado de Rita, o que fez a morena pular de susto e quase desfalecer.

— É uma longa história. – Mário Jorge adiantou.

— Vai ser bom pra passar o tempo. – o garoto deu de ombros e se aconchegou no colo da mãe. — Pode contar, coroa.

18 de Junho de 1989.

"Sua mãe estava naquela fase que ninguém podia chegar perto dela, se chegasse ou ela te chutava, ou ela chorava. Na maioria das vezes era a segunda hipótese. Já estava de quase 39 semanas e meia, então a barriga pesava e as costas doíam. Sua irmã parecia saber disso, porque chutava a costela dela toda vez que ela reclamava de dor."

Rita suspirou pesado quando sentiu a pontada na costela, aquele chute havia sido tão forte que lhe faltou ar, quando finalmente recuperou o ar e a dor se esvaiu, deu início a uma coisa um pouco diferente. Naquele primeiro instante ela não ligou, era só uma contração de treinamento, havia tido várias dessas nos últimos dias e hoje não seria diferente.

O pensamento mudou quando começou a vir mais fortes e em intervalos de 5 minutos, a primeira coisa que pensou foi chamar Mário Jorge que tentava inútilmente colocar a última estrela que faltava no quarto de Isadora. Não demorou tanto tempo para Rita escutar um estrondo e constatar que ele caiu da escada quando escutou o desespero em seus gritos. Em poucos minutos ele estava com os olhos arregalados e olhando para baixo em desespero.

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