Era um fato que Mariana não teve muitos relacionamentos amorosos durante sua adolescência. Não se lembrava quando foi a primeira vez que se apaixonou e nunca namorou de verdade.
Quer dizer.
Se três meses saindo escondido com uma garota que conheceu em uma festa for considerado "namoro de verdade", ela já era experiente.
Ana Clara foi uma garota muito especial. Chegou em Mariana em uma festa com seu jeito doce e carismático e acabou a conquistando. As duas ficaram e trocaram telefone, os dias que se passaram foram cheios de flerte por mensagens e ligações que duravam horas e horas. Mariana não se importou em se jogar de cabeça em um relacionamento, pra ela era muitos simples: Ela gostava da menina e era recíproco, então estava tudo resolvido.
No entanto, ou contrário de Mariana, Ana Clara não havia contado para os pais que gostava de garotas. Inicialmente não foi um problema para Mariana, ela estava satisfeita em ser o segredo de uma garota tão bonita quando Ana.
"Escondido é mais gostoso" Foi o que a menina disse e por alguns meses foi gostoso.
Até que Mariana não aguentou mais. Ela queria ser vista, queria sair por ai de mãos dadas com a menina que gostava e ser um segredo fazia ela sentir que se assumir para seus pais e transformar sua vida em um inferno por semanas, tinha sido em vão. Ela se sentiu idiota por não conseguir respeitar o tempo de Ana Clara, mas a incerteza fez o sentimento que ela tinha ir se apagando até que as duas se afastaram e eventualmente pararam de se ver.
Por conta disso, Mariana sentiu a necessidade de perguntar para Bárbara o que ela deveria esperar do envolvimento das duas. Ela queria uma resposta clara e direta, doesse ou não. Mas se pudesse escolher, Mariana iria querer que as duas dessem certo sim.
Foi um pouco difícil no começo admitir para si mesma que Bárbara era completamente apaixonável. A aproximação forçada a fez perceber que a garota continuava divertida e os ultimas dias que passaram se vendo por horas e horas dentro de um quarto fizeram a menina ficar ainda mais bonita para Mariana.
Como não tinha percebido antes?
A cor de seus lábios volumosos, a maciez de seu cabelo, a textura de sua pele, o som de sua risada, o azul claro de seus olhos e até o formato de sua bunda.
Tudo isso e a maneira que seu coração palpitava a cada palavra que saía da boca de Bárbara fizeram Mariana desejar que elas nunca mais se afastassem. Ela queria beijar sua vizinha a todo momento e escutar sua respiração ofegante em seu ouvido enquanto suavam nos lençóis.
Prometera que não iria se jogar de cabeça em outro relacionamento desse jeito, mas parecia impossível agora. Bárbara fazia tudo certo, sempre dizia as coisas certas e as vezes as duas pareciam crianças novamente
Quatro dias haviam se passado desde que as duas se amaram pela primeira vez, e era como se estivessem amarradas uma na outra. Bárbara não voltou mais para casa naquele dia e na manhã seguinte voltou apenas para pegar alguns pertences e o que tinha sobrado do bolo.
Estavam matando o tempo que passaram separadas, e em um passe de mágica foi como se nunca tivessem se desentendido.
-Uau, isso deve ser muito caro.- Bárbara disse.
Era de tarde e a garota estava decidida a xeretar a penteadeira de sua vizinha. Vasculhou as gavetas e experimentava diferentes tipos de maquiagem enquanto Mariana prestava atenção na série que passava na televisão.
-Ah, eu ganhei de presente da minha tia.- Mariana se referiu ao batom da Dior que Bárbara havia tirado do organizador.- Passa ai, esse vermelho deve ficar bonito em você.
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Os dois lados da rua (Conto lésbico)
RomanceDepois de uma semana sem a companhia de ninguém em sua casa, Mariana Souza ainda dormia com um canivete aberto na mesa de sua cabeceira, mesmo que não ficasse mais em alerta a cada som produzido na rua em que morava. Porém, ela não pode evitar quase...