Yuri
Sara sai e eu me viro para o meu amigo. Ele está com alguns roxos no rosto, mas sei que é pelo airbag que salvou ele de uma coisa pior e graças a Deus por isso.
- Cara, sinceramente não sei como isso foi acontecer.-diz.- Do nada a chuva caiu e ficou impossível de ver.
- Provavelmente tinha gelo na estrada e isso acabou acarretando.-tento achar uma solução.- As correntes que falei pra você por nas rodas do carro deveriam evitar que ele derrapasse.
- Droga.- ele passa a mão no rosto .- Esqueci de por cara, com a viagem e tudo mais nem lembrei dessa merda.
- Já foi, não adianta você pensar nisso.- tento acalmar ele, apesar de saber que foi burrice mesmo. - Agora é rezar para tudo ficar bem e a Alice sair dessa rápido.
- Só consigo pensar nisso irmão.- vejo seus olhos se encherem de lágrimas.- Não consigo pensar na possibilidade de algo ruim acontecer com ela por minha culpa ou por qualquer coisa.
Espero e desejo que ela saia dessa rápido também, Alice é como uma irmã para mim e não desejo nada ruim pra ela. Passamos várias coisas juntos e lembro dela pequena querendo brincar comigo e com o irmão.
- Não vai acontecer nada irmão.- garanto a ele.-Ela é forte e teimosa.
- Tenho que ligar para o meu pai e explicar o que aconteceu, ele vai querer vir pra cá ver com os próprios olhos.
- Deixa que eu ligo para ele.- falo.- Vou já à cantina comprar um café e aproveito e falo com ele.- levanto e vou até a porta.- Você quer alguma coisa? Está com fome?
- Queria um café se puder.-ele deita a cabeça de novo no travesseiro e fecha os olhos.
- Ok, já volto.-passo pela porta e vou até o elevador. Pelo caminho, procuro Sara com os olhos, mas não há encontro em nenhum lugar e acabo bufando com o pensamento de que provavelmente ela deve estar conversando com o ex-médico dela. Quando chego na cantina, peço um café e me sento em uma mesinha no canto procurando o telefone do pai de Duke.
No terceiro toque ele atende
~ Ligação On ~
- Alô.- ele atende.
- Oi, sou eu Yuri.-informo
- Oi Yuri!.- ele responde alegre .- Que surpresa essa ligação, não estava esperando você me ligar, os meninos disseram que você estava ocupado e não pode vir pra cá.
- Sim.- respondo .- Fiquei prendo com um carro que estava com a entrega muito próxima e pra não atrasar resolvi adiantar as coisas.
- Compreendo.- diz .- E apesar de ser uma surpresa boa falar com você, aconteceu alguma coisa pra ter um motivo pra ligação?
- Então, resolvemos passar uns dias na casa de praia dos pais da Sara, amiga da Alice.- começo a explicação.- Mais o Duke recebeu uma ligação de um amigo da prefeitura que precisava adiantar uns trabalhos pra licença de funcionamento e precisou voltou pra Nova York.- tomo um gole de café.- Como era um bate volta a Alice foi com ele mais no caminho a estrada estava escorregadia e o Luke perdeu o controle do carro.
- Por favor.- ele me corta.- Meus filhos estão bem ?
Dou um suspiro e volto à explicação.- O carro rodou na pista e capotou, Luke estava com cinto e o airbag não deixou nada de ruim acontecer com ele, mas Alice estava sem o sinto e na hora ela atravessou o para-brisa.
- Meu deus.- ele fala nervoso e, no fundo, ouço uma voz de mulher perguntando o que estava acontecendo, ele não fala por algum tempo e, quando volta, seu que está segurando as lágrimas.
- Minha filha morreu Yuri?.- sei que ele está tentando se segurar pra perguntar isso.
- Não .- eu falo .- Graças a Deus não, mais ela teve uma batida feia na cabeça e o médico precisou abrir para tirar a pressão, ele botou ela em coma induzido pra ajudar na recuperação.- explico tentando passar calma.- Vou te passar o endereço do Hospital para você vir .-digo.- Ainda não podemos vela porque ela está no CTI em observação mais assim que ela sair de lá vão a transferir ela para um quarto e vai ser possível a visitação.
- Tudo bem .- ele para um pouco e respira fundo .- o Luke tá bem mesmo ?.- pergunta.- Seja sincero por favor.
- Ele tá bem , vim na cantina comprar um café para gente.-digo.- Ele quebrou o braço pelo impacto e está com alguns roxos no rosto pela pressão do airbag, mas está ótimo.
- Graças a Deus.- ele suspira e a impressão que tenho é que tirou um peso das costas.- Vou comprar as passagens e vou o mais rápido que puder praí, por favor me mande todas as informações que puder por mensagem.
- claro.- concordo.- Por favor venha devagar, o médico pediu 24 horas para mais informações da Alice, então não tem que fazer nada louco para chegar aqui.
- Eu sei filho.- ele diz cansado .- Mais é minha garotinha aí que precisa de mim e não posso deixar ela passar por tudo isso sem minha presença. Já fui ausente de mais pra ela enquanto crescia.
- Certo, vou avisar o Luke que você vem.
- Obrigada por me informar, Yuri.- ele agradece.- Você é um ótimo garoto e um bom amigo pros meus filhos.- suspiro com o que ele diz. Não quero entrar nesse assunto e ele sabe que não gosto.
- É o mínimo que eu posso fazer e você sabe bem, devo muito a sua família.
- Você não nos deve nada, filho, sempre achei que deveria ter feito mais. - ele fala triste.- Mas fiz tudo que podia naquele momento.
- Eu sei. - concordo. - Ok, bom, vou levar o café do Luke, até mais. - desligo o telefone antes que ele comece a falar mais, não é o momento e nem o lugar para isso.
~ Ligação off ~
No corredor, com o café do Luke nas mãos, encontro Sara e o doutor trocando sorrisos e ele tira o cabelo dela do rosto, pondo atrás da orelha. Não sei porque isso me irrita, ela percebe minha presença e se vira para mim, eu jogo uma olhada para o doutor e entro no quarto do meu amigo.
- Trouxe seu café. - Entrego a ele. - Falei com seu pai e ele disse que ia comprar as passagens do próximo voo para vir direto.
- Ele vem igual um louco.- ele pega o café é toma um gole.- Alice é a princesa dele e sei que ter que deixar sem a presença dele, enquanto tinha que trabalhar foi a maior tristeza do seu coração.- sei que ele sente um pouco de mágoa do pai por isso, ter que tomar as responsabilidades por uma criança enquanto ele próprio tinha que se achar no mundo não foi fácil, ele não se arrepende mais ainda, sim, é doloroso.
- Eu sei, cara, expliquei tudo como foi me dito e falei que não era para ele correr porque não teríamos notícias pelas próximas 24 horas.
- Ele é um velho teimoso. -ele brinca.
- Então foi daí que você puxou isso. - brinco com ele, que solta um sorriso.
- Alice é mais, sem dúvidas.
- Concordo, mas não significa que você não seja ruim também. - A porta se abre e Sara entra por ela sorrindo e assim que vê minha cara, o sorriso se desfaz.
Vai ser uma longa situação que temos aqui.
Droga.
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Quando a Dor vira Amor
RomansaYuri um mecânico e lutador de box com marcas no corpo e na alma de uma infância dolorosa encontra na fotógrafa Sara todo seu mundo novamente, um mundo ao qual ele achou que todos menos ele era merecedor.