Capítulo dois

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ALERTA DE GATILHO:
Cena com crise de ansiedade!

"Quem sabe os segredos que o amanhã trará?
Nós não precisamos realmente saber
Porque você está aqui comigo agora, eu não quero que você vá
Você está aqui comigo agora, eu não quero que você vá
Talvez sejamos perfeitos estranhos
Talvez não seja para sempre"

ㅡ Perfect Strangers, Jonas
Blue ft. JP Cooper

 JP Cooper

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MARGARET

Inspiro o máximo de ar que posso, meu peito arde quando o faço, meus olhos ardem. As vozes empolgadas que escuto no andar debaixo só servem para deixar meu coração mais acelerado. Inspiro mais ar e seco as lágrimas no lençol da cama antes de me levantar do chão e chutar a maldita caixa para o lugar dela. A maldita caixa com as cartas que escrevi para ele em meio ao tormento da guerra, mas nunca foram enviadas porque nunca sabiamos exatsmente onde estava.

Não preciso olhar para o espelho para saber que minha maquiagem está arruinada e o vestido amassado, são os menores dos meus problemas.

Só quero me jogar entre os travesseiros e ficar ali, ouvindo o ronronar de Júpiter ao me encarar com um misto de curiosidade e preocupação em seus olhos azuis. Mas sei que cada segundo que se passa comigo enrolando aqui em cima é um convite indesejado para que mamãe venha até aqui me buscar. Isso me faz considerar quanto tempo eu teria para escapar pela janela. A queda seria feia, então descarto a ideia e é quando escuto os saltos de minha mãe fazendo barulho ao subir a escadaria, acompanhados do ranger de cada um dos degraus em que pisa. Ela para na metade e cantarola meu nome.

ㅡ Margaret ?!

Engulo em seco ao correr até a porta para abrir uma pequena fresta.

ㅡ Desço em um minuto, mamãe! ㅡ respondo tentando fazer com que minha voz soe o mais convincente e menos chorona possível.

Ela suspirou alto e voltou a descer, a voz afinando conforme bajulava ele com palavras indistinguíveis a essa distância.

Fecho a porta com cuidado. Quero arrastar-me por ela até sentar no carpete creme novamente e juntar os joelhos próximos ao peito. Porque a verdade é que não sei o que esperar, não sei o que vou encontrar sentado na sala de visitas com papai e mamãe. E definitivamente não estou preparada para encontrar com o Capitão Wallace, como papai começou a chamá-lo.

"O orgulho do país, capitão da décima quinta nas forças aéreas", dissera ele durante o jantar de ontem, estufando o peito com orgulho do menino que via como filho a muitos anos atrás.

Relutante, encaro-me no espelho uma última vez. Meu cabelo está de acordo, com as mechas da frente enroladas e presas por um diadema de pedras rosadas em forma de borboleta, o qual papai presenteou-me aos quinze anos. Combina com minhas sandálias de salto rosadas. Mas a maquiagem está um horror e faço o que posso para consertá-la.

Doces cartas de corações amarguradosOnde histórias criam vida. Descubra agora