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Allyssa Monroe. Outer Banks.— Quinta.

— Droga. — O despertador ecoava por todo o pequeno cômodo, felizmente consegui desligar antes que piorasse minha dor de cabeça.

A noite anterior havia sido caótica, o restaurante estava lotado, sem contar que acabei tendo um crise de hipoglicemia, por sorte algumas pessoas me ajudaram.

O dia estava ensolarado, o mar não estava tão agitado como de costume e a praia estava quase vazia.

Tomei um banho gelado enquanto as torradas estavam sendo preparadas e ao sair do banho fiz um breve rabo de cavalo.

— Mas que merda, não dá pra ter um dia de paz. — Ao escutar meu telefone tocar larguei a escova de cabelo na pia do banheiro e corri até o quarto novamente. — Oi Topper. — Topper era um dos kooks, ele não era meu amigo, eu só dava aulas de piano para sua irmã pra poder continuar na minha casa. — Sim, Tudo bem, até mais. — Suspirei ao desligar a ligação, eles suspenderam as aulas por dois dias.

Eram 10 da manhã e quase esqueci de ir até a farmácia encontrar minha mãe. Peguei as chaves do carro e as de casa, desci os três lances de escadas e larguei até a farmácia, que aliás estava com uma fila quilométrica.

— Mama. — Dei um abraço apertado na mesma que por sorte estava em segundo lugar na fila.

— Mi Nenita. — Ela retribuiu o abraço e me olhou com aquele imenso sorriso. — Um instante, fique aqui.— Ela saiu em busca de algo. Droga já é nossa vez.

— Bom dia, Allyssa. — A atendente me entregou um sorriso. — Sinto em te informar mas só vamos poder entregar seus frascos de insulina daqui a quatro dias.

— Quatro dias? Fala serio, por favor. — Ela apenas me encarou. — Escuta, isso é perigoso sabia?

— Sinto muito, o seu plano de saúde não foi renovado ainda. Pode pagar com o próprio dinheiro se quiser.

— Tá e quanto custa? — Perguntei.

— São 220 — Ela disse e aquilo apertou meu coração, eu não tenho essa grana.

— Aqui mi nanita. — Minha mãe apareceu ao meu lado com algumas notas de dinheiro.

— Não mãe, não precisa. — Passei a mão em meu rosto.

— A saúde em primeiro lugar. — Ela deixou o dinheiro no balcão.

— Resolvido. — A atendente disse com um sorriso de canto. — Ãn, não tem o suficiente, sinto muito.

— Certo, eu vejo o que faço com os dois frascos vazios que eu tenho. — Sorri com um ar de deboche e fui para o canto para esperar minha mãe pagar suas compras no caixa.

O caminho até em casa foi silencioso, e assim que minha mãe estacionou o carro encarei os difíceis três lances de escadas.

— Não abre esses papéis. — Falei assim que vi minha mãe pegando as cartas que estavam entre a porta.

— Aluguel atrasado? — Ela leu e eu joguei minha cabeça para trás em sentido de exaustão.

— Eu falei pra não ler. — Joguei as chaves na mesinha ao lado do sofá.

— Por que sua maçaneta está quebrada? — Ela perguntou. — Allyssa, esse vazamento, quando vai arrumar está casa?

— Estou ocupada demais para os mínimos detalhes, mãe. — Disse enquanto a observei rondar o cômodo.

— Quando vai fazer compras? Sua geladeira está vazia, Allyssa.

— Que droga, mãe. — Eu gritei — Está tudo bem ok? Eu estou pagando o aluguel ok? Só que atrasado, dou aulas de piano para a família Thornton eles não vão me mandar vazar, eu trabalho num restaurante local como garçonete e canto lá as vezes o que faz meu salario ser um pouco mais alto, eu não arrumo nada nessa casa porque tem uma dívida médica que cresce a cada dia então por favor. — Suspirei e abaixei meu tom de voz. — Por favor, seja gentil comigo.

𝐈𝐌𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora