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— Tchau Kie. — Nos despedimos entre risos. Estar bêbada me deixa boba demais.

Eu desci do táxi com uma certa dificuldade em andar em linha reta, as chaves de casa pareciam ter desaparecido, meu celular não ligava de vez para que eu tivesse o auxílio de una lanterna.

— Mas que porra. — Eu disse entre sussurro quando a chave caiu no chão. — Porra de chave, porra de porta. — Aquela merda não encaixava de maneira alguma.

Eu me senti uma adolescente entrando em casa na ponta dos pés, o bom é que não devo muita satisfação.

— Onde foi? — Uma voz grave se fez presente atrás de mim.

— Eu não te devo satisfação. — Eu pude ver Khalid se voltar a minha frente assim que eu ia subir as escadas. — Com licença.

— Sabe como deixou sua mãe preocupada? — Ele cruzou os braços.

— Por que quis, eu disse que estava de saída com a kiara. — Eu retruquei.

— Você tem que respeitar as pessoas, Allyssa. — Aquilo foi irônico demais para mim.

— Respeito? O que você sabe sobre respeito, hm? — Eu o perguntei, que se manteve calado. — Você pede respeito como se você não fosse um abusador de merda. — Eu o empurrei, fazendo o mesmo se desequilibrar um pouco e vir rapidamente a minha direção.

Sua força fez com que meu corpo fosse para trás, me fazendo bater as costas na parede e soltar um breve gemido de dor.

— Você permitia. — Sua voz se tornava mais grave.

— Eu permitia? Deixa de tentar tirar a porra do teu erro jogando nas minhas costas. — Suas mãos se faziam mais e mais presentes em meus braços.

— Você permitia, você nunca recuou. — Os sussurros se tornaram gritos.

— Eu era adolescente, o que acha que eu faria naquela situação. — Eu tentava fazer minha voz parecer mais alta do que a dele. — Você é estupido pra um caralho, tarado pra um caralho, abusador pra um caralho, você me dá nojo. — Eu cuspi em sua cara, fazendo com que o mesmo soltasse uma de suas mãos e eu pudesse sair.

— Vadia do caralho. — Ele disse e se voltou contra mim. Seu peso fez com que a gente caísse no chão. — E se gritar é pior. — O escuro e vazio da sala fez parecer que eu estava num abismo de trauma. Sua voz era a única presente.

Minha voz embargava, minha garganta havia formado um nó gigante, eu me engasgava em lágrimas, e me afundava em medo.

— Eu te juro Allyssa, te juro de corpo e alma. — Eu ouvia sua respiração ofegar. — Se você abrir a porra da tua boca, assim como você tentou hoje, eu acabo com a tua vida. — Meu corpo ficou mais leve assim que ele se levantou e saiu.

Eu sou tão vulnerável nessa maldita casa que sinto pena de mim.

O que me assusta é ninguém ter nos escutado.

Os corredores de cima estavam tão silenciosos, meu quarto estava gelado pois deixei as janelas abertas, eu até queria fechar mas meu corpo estava fraco e tudo que eu soube fazer foi deitar na minha cama, me encolher e chorar.

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𝐈𝐌𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora