Capítulo 3

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Estarei ao seu lado se estiver precisando de alguém,

e se algo não estiver certo,

Serei a sua desculpa quando deixarmos a festa.

Always - James Arthur

Alguém me escutou.

Paro abruptamente de tocar quando a maçaneta de uma das portas do auditório é forçada pela terceira vez. Aquilo nunca aconteceu. Alguém me escutar e identificar rapidamente a proximidade do som. Até mesmo porque o prédio é apenas música, um conglomerado de sons e notas. Há horários em que passamos pelos corredores e só escutamos uma mistura incoerente de instrumentos, pois cada pessoa segue sua própria partitura em salas diferentes.

As primeiras aulas no setor só começam depois das oito e eu sempre chego mais cedo para ensaiar um pouco no piano da universidade. O prédio raramente tem alunos antes do horário das aulas. Depressa guardo as minhas partituras e saio do auditório pelo local que entrei, com receio de que a pessoa por trás da porta volte, pois, pelo horário, só pode ser um segurança. Quando viro o corredor que dá em direção às escadas para o segundo andar, esbarro em alguém. Ou melhor, alguém esbarra em mim.

— Desculpe — o rapaz diz, segurando os meus cadernos antes que todos fossem para o chão. Naquele momento, senti como se estivesse em um filme clichê adolescente.

— Não foi nada — respondo, organizando meus materiais. O rapaz me olha por mais alguns segundos e sai correndo, como se estivesse com pressa para estar em algum lugar, provavelmente em alguma aula.

Subo as escadas que levam em direção ao piso superior e vou direto para a minha sala. Claro, sou a primeira a chegar, dado o horário. Conecto o celular na rede Wi-Fi, ligo minha playlist, fecho os olhos e coloco atenção apenas na voz de James Arthur, na música que sai pelos fones de ouvido.

Aos poucos, a sala de aula começa a encher. Cumprimento alguns colegas de longe e, quando a professora do primeiro tempo chega, desligo a música e concentro-me apenas na aula.

♪♪♪

Assim que recebo um e-mail informando que a última aula foi suspensa devido a um contratempo do professor, passo na gráfica do campus para fazer a impressão de alguns currículos. Aproveito e dou um pulo na cafeteria para comprar café, pois o sono bateria em algum momento.

Deixo para trás a universidade e traço um mapa mental das ruas que andarei, perguntando-me onde encontrarei um estágio. Apesar de já ter realizado dois estágios obrigatórios voltados para a educação, quero fazer um não obrigatório, para depois tentar equivalência e abater a carga horária de estágio restante.

Quando começo a minha caminhada, opto por fazer um trajeto que saia perto de casa, não um caminho oposto. Após alguns minutos andando, escuto o meu celular tocar no bolso da calça e nem preciso olhar no visor para saber quem está me ligando.

— Me sinto um lixo. — A voz de Anna preenche o alto-falante. — Parece que um caminhão passou por cima de mim.

— Quem vê pensa que está de ressaca — falo. Chegamos em casa quase uma e meia da manhã. Isso porque Nathaniel agilizou a nossa saída, mas ainda ficou por lá para fechar o estabelecimento.

— Estou no meu horário de almoço quase dormindo em cima da mesa. Sabe o que é pior? Não posso nem reclamar com o seu irmão.

— Porque ele vai dizer algo como "eu avisei".

— Ele não avisou nada — Anna retruca.

— Quando ele disse "você deveria descansar" foi um aviso.

Feitos de Música (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora