Aqui, sozinha
Sim, o primeiro passo é o mais difícil
quando se está caminhando para o desconhecido
Finaly Free - Niall Horan
Caminho pelo corredor do Instituto de Música com um copo de café na mão esquerda e a apostila do dia seguinte na mão direita. A professora da aula de hoje nos liberou uma hora mais cedo que o esperado e para não perder tempo, começo a ler o texto exigido para a aula do outro dia.
Apesar de ser terça-feira, meu segundo e último dia de folga da semana, o café está ajudando a me manter acordada. Chegar em casa quase duas da manhã e ter que levantar pouco depois das seis, para a aula das sete, não está colaborando muito com o meu tempo de sono. Até me acostumar com o meu novo ritmo, ficarei sonolenta em momentos inoportunos.
No intervalo de uma aula para outra, aproveitei para fazer um cronograma para os dias que seguiriam; anotei os trabalhos que seriam entregues no decorrer da semana, as provas que faria, calculei tempo para estudos, o tempo da aula de piano dos meus alunos e um espaço na parte da tarde para tirar um cochilo.
Apesar do planejamento para usar todo o meu tempo disponível, há dias em que estamos menos produtivos que outros. E está tudo bem. Somos seres humanos, não máquinas. Não há motivos para tanta cobrança em cima de nós mesmos.
Quando paro para passar a página da minha apostila, sou interrompida.
- Cassandra, você tem um minuto? - Levanto o olhar das folhas em minha mão e me deparo com Caio, meu professor. Ele está parado na porta da sala em que tinha dado aula mais cedo.
- Claro - respondo. - É algo importante?
- Sim. - Ele olha para dentro da sala, em seguida, pergunta: - Podemos entrar? Não quero conversar aqui no corredor.
Apenas assinto com a cabeça e sigo o meu professor para dentro da sala. Caio deixa a porta entreaberta para termos um pouco de privacidade.
- Sente-se, por favor - ele diz, indicando a cadeira a frente de sua mesa. Acomodo-me, colocando meus objetos ao meu lado, enquanto ele também se senta. Caio junta as mãos na frente do corpo e começa, sendo direto: - O edital saiu hoje cedo.
Não precisa de mais nem uma palavra para o meu coração acelerar e as mãos começarem a tremer. O edital saiu. Finalmente o edital saiu. Depois de muito tempo de espera.
- Juilliard está nele? - pergunto devagar, com cuidado, com medo da resposta. Desde que entrei na universidade, Juilliard ainda não tinha aparecido como opção nos editais.
- O que você acha? - Caio sorri.
Solto a respiração que sem perceber, prendia. Finalmente posso me inscrever.
Finalmente.
- Como você já conhece todas as etapas do processo seletivo, não preciso dizer muita coisa. Depois da inscrição, a seleção será em três etapas: prova de teoria e solfejo, prova individual no instrumento de domínio, apenas com os avaliadores, e uma prova aberta ao público. Nem uma etapa é eliminatória, todas acumulam pontos que para uma média final. Claro que notas altas, participação em projetos, horas complementares, o quadro acadêmico no geral também contam e podem entrar até como critério de desempate.
- Quantas bolsas? - questiono. Mais tarde eu leria o edital com calma, prestando atenção em cada letra, mas a questão da bolsa é importante.
- Disponibilizaram apenas uma bolsa esse ano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feitos de Música (EM ANDAMENTO)
RomanceCassandra Elizabeth de Campos possui uma relação intensa com a música. Sua maior paixão é o piano, que aprendeu a tocar quando ainda era criança. Alexander Duarte Rodrigues estuda administração como segundo plano de vida. Seu sonho e prioridade é co...