Daddy Issues

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Go ahead and cry, little girl
Nobody does it like you do
I know how much it matters to you
I know that you got daddy issues
Daddy Issues, The Neighbourhood♪


Dia 11 de fevereiro de 2015
Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Olho para a casa em minha frente, o lugar onde cresci, o lugar que eu mais odeio no mundo

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Olho para a casa em minha frente, o lugar onde cresci, o lugar que eu mais odeio no mundo. Bato na porta, isso é pela minha irmã. Melina ainda mora com minha mãe, quando saí de casa, foi uma sensação de liberdade, porém, me senti mal por a abandonar em um ambiente horrível desses. Quando ela era menor eu vinha a visitar com mais frequência, mas depois que entrei na faculdade ficou mais difícil arranjar tempo pra ela.

Assim que minha mãe abre a porta e seus olhos encontram os meus, ela desvia o rosto rapidamente.

A um novo roxo na sua bochecha e no pescoço, mal disfarçados com base fora do seu tom. Seus cabelos ruivos estão presos em um coque quase desfeito e suas sardas estão ainda mais destacadas devido a sua palidez. - Oi, como anda o resultado da audição, era mentira oque você me disse na ligação, não é? - ela força um sorriso, que logo se desfaz pois eu apenas fico em silêncio, ainda não sei se passei.

- Droga Selene, onde eu errei? Isso era a oportunidade da sua vida! Por que você não pode ser como seu irmão? Pierre nunca me deu esse tipo de desgosto, ele foi o melhor da turma, se destacava sempre. - mas não deixa de ser um grande incompetente. Caminho até o sofá e me sento, não estou com paciência hoje.

- Mãe, vamos falar sobre isso depois. Eu tenho que te falar uma coisa. - digo hesitante, tentando mudar de assunto.

Ela me olha com desconfiança, cruza os braços e faz sinal com a cabeça para eu falar - eu estou namorando - a expressão neutra some rapidamente de seu rosto.

- OQUE? Um namorado vai obviamente atrapalhar sua carreira, seus estudos, tudo, só pensa em você mesmo, se fosse seu irm...- a interrompi sem que ela terminasse de falar - o nome dele é Nicolas, Nicolas Franco - ela estremece ao ouvir o sobrenome Franco. Faz uma pausa para respirar e finalmente me encara novamente, mas dessa vez, com a expressão mais suavizada.

-Bem, talvez não tenha problema, acho que até é bom pra você. - ela me dá um sorriso falso, tentando disfarçar.

Um barulho de porta sendo aberta ecoa, e logo vejo a figura de meu pai entrar na sala, totalmente tranquilo, como se não tivesse acabado de quase arrombar uma porta.
Ele está bêbado, seus olhos claros são vazios, mais do que eu lembrava. Seus cabelos pretos estão levemente molhados por conta da garoa que cai do lado de fora. Apenas o olhando de relance, como alguém que não o conhece, ele não aparenta estar bêbado, mas eu sei que está, todos os sinais indicam isso. O sorriso característico do rosto, que seria interpretado apenas com bom humor, a mão tremendo, ou apenas o caminho que ele faz para entrar na sala, um caminho curvo, tudo pra não indicar que está tonto. Ele finalmente nota minha presença.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora