Memento Mori, Me Mori, eu morri.
Selene Jones, uma garota de 24 anos, que cresceu em um lar abusivo, com uma mãe narcisista, um pai alcoólatra e seus dois irmãos. Tenta conciliar sua vida de estudante de artes cênicas com o seu hobby de poesias.
Nic...
"I can't explain but I wanna try There's this image of you and I And it goes dancing by In the morning and in the night time" Fireside- Arctic Monkeys ♪ﾟ:｡
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10 de fevereiro de 2015 Rio de Janeiro RJ- Brasil
Eu odeio tudo isso, odeio me imaginar como um homem de negócios que anda de terno e uma maleta por aí, que só sabe falar sobre tipos de investimentos e a bolsa de valores, odeio essa realidade que meu pai tenta impor pra mim, como agora, nessa reunião estúpida que ele fez questão de me fazer vir. Não nasci pra isso, sempre achei esse tipo de coisa extremamente entediante. Não existem grandes desafios nessa vida, é como estar com um destino totalmente pré-definido e repetindo a mesma rotina de novo, e de novo, e de novo.
A reunião finalmente se encerra, os homens executivos padronizados começam a sair da sala, meu pai fala comigo pela primeira vez desde que cheguei em seu escritório: - Nicolas, você precisa prestar mais atenção nessas reuniões. Um dia, essa empresa será sua, ela será de sua responsabilidade, e como pai e atual dono dela, é minha responsabilidade te instruir a como se comanda, para ter certeza de que ela estará em boas mãos. Entendeu bem?- Apenas concordo com a cabeça.
Meu pai me dá um breve tapinha nas costas e sai, e eu vou logo atrás, ele caminha em direção ao fim do corredor, para entrar novamente em seu escritório, já eu, entro no elevador e aperto o botão para o estacionamento.
As portas se fecham e finalmente tenho um momento de paz em meu dia, fecho meus olhos e respiro fundo, tenho medo de me tornar uma pessoa vazia, como meu pai, alguém que não se importa com as pessoas ao seu redor e apenas liga para o trabalho.
Ouço o barulho de portas se abrindo e vejo o estacionamento, sigo em direção ao meu carro. Abro a porta e entro, já conectando meu celular ao rádio do carro, e colocando minha playlist pra tocar.
★
Estou fazendo o acabamento da pintura que estou trabalhando nesse momento, a jornais forrando o chão da minha sala, a mesa de centro está sobre o pequeno sofá que por sua vez também está afastado. Meu apartamento não é pequeno, mas como ele não teve um planejamento para se colocar um cavalete e todos esses materiais de pintura na sala, tenho que improvisar um pouco quando vou pintar.
Minha pintura está fluindo bem, decido fazer uma pausa, largo o tubo de tinta guache no chão e pego meu caderno de desenhos, passo as páginas e vejo vários desenhos vindos da mesma referência.
Acho vergonhoso assumir isso, mas desenhar Selene é algo muito fácil, quase natural pra mim, como se ela pudesse me tirar de crises de criatividade. Oque é realmente contraditório, já que eu a odeio. Fico encarando seus olhos no desenho que fiz semana passada.
Porém meu olhar sai do desenho e corre até a porta ao ouvir a campainha soar. Estranho, quem seria uma hora dessas. Me levanto e ao chegar a porta verifico quem é pelo olho mágico. Felipe. Oque esse imbecil quer a uma hora dessas? 11 da noite não é um horário bom para visitas. Principalmente em plena quarta feira, eu tenho aula amanhã, sabia?
