Free Fall

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"You could leave it all behind
Even the Devil needs time alone sometimes
You could let it all go
You could let it all go
It's called freefall
It's called freefall"
Free Fall- Rainbow Kitten surprise゚✩。

"You could leave it all behindEven the Devil needs time alone sometimesYou could let it all goYou could let it all goIt's called freefallIt's called freefall"Free Fall- Rainbow Kitten surprise゚✩。

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Alguns feixes de luz invadem o quarto, ficando direcionados ao meu rosto. Tento ignorar por um tempo, pra dormir um pouco mais, porém, a luz começa a me incomodar muito e me viro pro outro lado.

Sinto um peso sair de cima das minhas costas, e algo cair pra traz. Travo por um momento, Selene está caída sob o meu travesseiro.

Ela dormiu em cima de MIM!
Bufo e levanto, ela tinha dito que iria dormir no CHÃO hoje.

Entro no banheiro. Jogo água em meu rosto, até que alguém bate na porta do quarto. Deixo a escova de dentes e a toalha sob a pia.

Abro a porta e vejo Alexia do lado de fora. Logo que ela me vê, abaixa o olhar e passa a encarar o chão, envergonhada.
- Oi, me mandaram avisar que nós vamos sair pra almoçar daqui a pouco.- ela faz uma pequena pausa, - E desculpe por ontem, eu não queria atrapalhar nada.
No momento em que eu iria responder, ela sai rápido, indo para a sala novamente.

Entro no quarto e fecho a porta com cuidado, tentando evitar qualquer barulho muito alto indicando que estou aqui, pra evitar que quem está na cama acorde por minha causa.

Faço com que meu corpo caia pra trás, deslizando de costas pela parede, até cair sentado no chão. as memorias da noite anterior vem em minha mente, meu Deus, que situacao constranjedora.

Levanto pra pegar meu casaco que ficou ao lado da cama, Selene ainda está dormindo.

Ela se mexe um pouco, tirando o edredom que anteriormente estava em seu rosto, fazendo com que ele caia no chão, revelando seus olhos fechados rodeados de sardas.

Me abaixo pra juntar o edredom e meus olhos encontram os pontinhos que enfeitam seu rosto, instintivamente eu começo a contar um por um, sarda por sarda.

Quando chego no numero 37, paro, nossos rostos estão próximos demais. Mas que merda, por que eu estou fazendo isso? Pego o edredom e jogo na cama novamente, tentando ignorar meu rosto esquentando repentinamente.

Saio do quarto fechando a porta com cuidado para não acordar a mulher ali dentro. Logo que me viro pra trás, vejo meu irmão me olhando fixamente, com um sorriso no rosto.

- Te atrapalharam ontem, foi?

Ele abafa a própria risada com a mão, Selene sai do quarto e interrompe a minha humilhação.
Mostro o dedo do meio ao meu irmão.

- Bom dia
- Vai a merda - ela me responde, enquanto passa a mão pelo rosto, bagunçando os cabelos da franja que caem no olho.

Olho para o relógio do meu celular, já passa das 11 horas.
- Você vai com a gente? Vamos sair pra almoçar daqui a pouco

Eu acordei extremamente fora de hora, ficar acordado ate tarde não foi uma boa ideia, estou cansado demais pra sair de casa almoçar.

- Ai, hoje eu não tô afim de sair agora não - passo a mão nas temporas, massageando levemente - quando vocês forem jantar eu vou

Entrou no quarto agradecendo por Selene não estar lá e eu poder descansar em paz. Me jogou na cama e durmo.

Me espreguiço e levanto da cama. Tive meu merecido sono. Saio do quarto e decido ir até a varanda, observar o movimento.

Chegando lá, vejo já de longe o reflexo ruivo sentado em uma cadeira de praia, com um livro na mão.

- Ué, você não foi com eles?
- Eu pergunto o mesmo, por que você não foi junto?
- Eu já almocei, seria perda de tempo ir de novo.
Sua atenção volta ao livro. Ela levanta o livro em sua mão levemente, fazendo com que eu consiga ler o título, "Um Sopro de Vida", a capa é composta por um desenho de pinceladas grossas feitos com tinta óleo, uma mistura de tons terrosos acinzentados e um pouco de branco, formando nuvens. Clarice Linzpector.
- Então você é do tipo que lê livros clássicos da literatura brasileira? - ela olha para mim novamente
- Eu leio um pouco de tudo, mas confesso que gosto de clássicos
- A sim, você é mesmo o perfil de quem lê esse tipo de livro, e se acha melhor que os outros ao seu redor - decido a provocar um pouco
- Olha, pelo menos eu leio.
- Mas eu também, eu leio quadrinhos, tenho até coleção de HQ - ela já está levemente irritada, sorrio vitorioso.
- Quadrinhos não contam como livro.
- Como eu disse, se acha melhor que os outros ao seu redor só por ler livrinhos difíceis.

Saio rápido de perto, segundos antes dela me mandar ir a merda, eu caio na gargalhada.

Eu não pensei que meu dia fosse melhorar tanto depois desse jantar, mas meu irmão sabe bem como deixar uma conversa animada. Depois que cheguei aqui me animei um pouco mais com a viagem.

Vou conversando enquanto saio do restaurante, meu irmão me dá dois tapinhas nas costas e eu saio ainda sorrindo da sua piada sem graça. Decido ir até a ponte pra olhar a vista. O lugar é muito bonito, talvez essa viagem não tenha sido uma perda de tempo como eu pensava.

Me aproximando da ponte, vejo Selene ali, parada olhando para o por do Sol. A cor do céu quase se perde em seus cabelos ruivos. Paro de andar por um instante, ela deixou de olhar o céu, e agora tem sua atenção na água lá embaixo, se vira de costas e começa a se aproximar da beira. Seus olhos claros se fecham. ela se reclina na grade, brincando com o risco de cair.

Mas que merda.

Volto a andar, agora em direção a Selene.
O sentimento de medo percorre todo o meu corpo, me preocupo mais que gostaria.

 O sentimento de medo percorre todo o meu corpo, me preocupo mais que gostaria

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Eu poderia simplesmente me jogar ali, me afogar lentamente.

Sem a minha dor diária, sem crises, tudo finalmente acabaria. Mas infelizmente não posso ser egoísta, seria injusto com a Selene de oito anos, com a minha irmã, com Alexia.

No momento em que me inclino um pouco mais, procurando pelo Sol em meu rosto, sinto algo, ou alguém, me puxar pra frente me fazendo sair de perto da borda da ponte.

-Mas que merda você acha que está fazendo? Você é maluca por acaso?

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora