Capítulo XIV
Sr. Allen Jordan chegou ao palácio na companhia de seu Amigo Arthur Veiga. Ele mesmo fizera o convite propositalmente assim que a sua esposa demonstrou tamanho interesse no cavalheiro após a festa de seu vizinho. Ambos os jovens entraram na sala principal e nessa ocasião Ebellaine segurava um vaso de porcelana. Quando se deu conta dos dois cavalheiros na sala e ela viu o amigo de seu esposo, automaticamente as suas mãos deixaram a peça cair abaixo, assim despedaçando-se por completo ao tocar o chão com intensidade.
O anfitrião do palácio olhou em direção ao ruído e após isso o seu semblante carrancudo enfrentou a imagem de sua esposa completamente chocada com o desastre ocasionado por ela mesma.
-Quebraste uma das peças prediletas de minha falecida mãe!
Disse o Sr. Jordan olhando para os cacos no chão. Ele sentiu vontade de chutá-los e ao mesmo tempo mandar a sua esposa para o inferno. Contudo, ele não poderia fazer isso, estava diante de uma visita.
-Perdão...senhor...- Tentou se explicar. - Eu me distraí... - Abaixou-se para juntar os cacos próximos as extremidades de seu longo vestido de seda.
-Os criados fazem isso! - Exclamou Allen Jordan ao vê-la inclinada próxima aos cacos e tentando assentá-los na palma de sua mão esquerda. Jordan não temia que a sua esposa viesse a se ferir com as pontas agudas dos cacos. Ele somente desejava que ela fosse no mínimo um pouco civil com o visitante.
-Sim, senhor. - Levantou-se pausadamente, obedecendo às ordens do cônjuge. Afinal, ela se casará para isso, apenas para ser obediente a ele. A jovem não se via atuando em outro papel como esposa, exceto empregando a sua obediência total a aquele casamento que estava fracassado desde o começo.
Não existia amor entre ambos e ela acreditava que esse sentimento jamais existiria dentro daquele casamento que deu o pontapé inicial com o pé esquerdo.
-Venhas saudar o Senhor Arthur Veiga!
Ouvindo esse nome e sobrenome, o corpo de Ebellaine estremeceu. Quase lhe faltou ar nos pulmões. O seus olhos logo expressaram pavor no caminho do cavalheiro que vestia trajes claros. Ele mais parecia um anjo, ao contrário de seu amigo Jordan que parecia o demônio ao seu lado.
Assim que se aproximou do visitante, o cavalheiro segurou a mão da jovem e a beijou com candura. Os seus olhos azuis saudaram os dela em silêncio mútuo.
As bochechas de Ebellaine ganharam cores na mesma hora. Vergonha e receio se misturavam como um milk-shake.
-Como vais, senhora?
-Bem,... Obrigada.
Respondeu embaraçada e prontamente sacou a sua mão da dele, evitando o contato com o cavalheiro que confundia o seu pensamento. Ele sempre lhe trazia lembranças do mascarado misterioso.
Por fim, os três se acomodaram nas cadeiras luxuosas na sala principal. As mesmas eram encapadas com veludos vermelhos e os corpos e braços eram dourados.
Instantes após, um criado, uniformizado, serviu bebida aos cavalheiros, a pedido do próprio anfitrião.
Sempre que podia, Ebellaine lançava olhares discretos em direção ao jovem que estava sentado em um assento de frente para ela.
Allen Jordan há vigiava o tempo todo, analisando a sua reação diante do moço que estava parado ao lado dele.
-Estás diante de uma ótima conselheira amorosa. - Começou Allen. - Ela sabe tudo sobre sentimentos. Eu creio que ela te dar algumas dicas para encontrar a mulher perfeita.
O rapaz loiro olhou discretamente para a esposa de seu amigo.
-É eu estou à procura de uma. Não tenho sorte com as mulheres.
Allen Jordan sorriu para o amigo.
-Ela pode estar diante de você.
Afirmou, deixando Ebellaine incomodada com o comentário solto.
Nesse instante, bastante envergonhados, Arthur e Ebellaine acabaram descendo as suas cabeças ao mesmo tempo. Eles não sabiam como continuar o assunto após tal comentário maldoso vindo do membro Jordan. Simplesmente Allen estava tentando jogar a sua esposa nos braços do amigo.
Horas mais tarde...
Assim que a visita se retirou do palácio, os dois permaneceram na sala, para possíveis comentários sobre a conversa a três e principalmente sobre a ilustre visita do jovem de cabelos dourados e olhos azuis.
-O que achaste dele? -Lhe perguntou o Sr. Jordan.
-Admirável! - Ela respondeu, afortunada.
-Ele também te admira. -Afirmou com cordialidade.
Ebellaine o encarou surpresa.
-Como sabes disso?
-Declarou a mim, respeitosamente... É claro.
-O porte e elegância do senhor Veiga já dizem tudo. Ele não seria capaz de faltar com respeito a mim.
Em passos macios, Allen se serviu de mais um copo de uísque e olhou na direção de sua esposa antes de levar a bebida marrom aos seus lábios.
-Não achas que ele seria o 'gentleman' perfeito para a senhora?
Ela quase sorriu, sacudindo o queixo em movimentos suaves.
-Talvez...
Virou o copo aos lábios e depois continuou articulando.
-Se eu fosse à senhora, não perderias tempo, o fisgarias antes que as outras damas o façam. - Aconselhou-a com seriedade.
A jovem ficou passada diante de tal conselho.
-Não acredito no que acabei de ouvir! Estais me jogando para os braços de outro cavalheiro, senhor?
-Não vejo nada demais. - Sacudiu os ombros. - Estarás correndo atrás da sua felicidade.
-Enquanto estivermos casados, não pensarei em encontrar cavalheiro algum. - Ela o afrontou com um semblante honroso. - Porque eu te respeito, e respeito a mim também.
As sobrancelhas de Allen Jordan se moveram acima de seus olhos azuis. Ele pouco se importava com a honra ou desonra de sua senhora.
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Casamento arranjado: Parte II (Degustação)
RomanceSEGUNDA PARTE DISPONÍVEL À VENDA NA AMAZON. Parte II Século XIX A maioria dos casamentos, na alta sociedade, eram arranjados, com o intuito de beneficiar ambas as famílias. Não colocando em conta as vítimas dessa imposta união. Os escolhidos eram o...