Serendipity || Park Jimin

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Musica na mídia: Friends - BTS

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LYSIS

Desde muito pequena, eu vivi sozinha.

Minha mãe faleceu quando eu tinha oito anos. Desde então, meu pai se tornou um viciado em trabalho e passava mais tempo no escritório do que em casa. Eu não tive irmãos ou irmãs — apesar de ter uma tia que me visitava, junto com o meu primo – mas, de forma geral, era só eu. Na época que ela se foi, eu me lembro de me sentir tão confusa. Quando foi que ela ficou doente? Como foi que ela adoeceu? Eu nunca mais vou poder vê-la? O que houve com o papai?

Por causa disso, eu andava triste e minha timidez tinha piorado. Eu não conseguia falar com ninguém, porque, se eu abrisse a boca, acabava chorando. Jungkook, que tinha a personalidade mais parecida com a minha, sempre se sentava ao meu lado e trazia leite fermentado para mim. Ele não falava nada, só comia em silêncio ao meu lado, e isso me ajudava muitíssimo. Jimin e Lim também começaram a estar lá para mim, e eu comecei a superar o luto pela minha mãe, assim como a ausência do meu pai, e eles acabaram se tornando minha família.

Antes, eu, a mais introspectiva dos quatro, podia ficar o dia inteiro sem falar, sem problema nenhum. Eu gostava de observar tudo e me manter dentro da minha cabeça. Jungkook também era bastante quieto, principalmente com desconhecidos, mas quando estávamos entre nós ele gostava de fazer brincadeiras e dar risadas. Em alguns momentos, porém, ele se perdia em seus próprios pensamentos, ficando em silêncio por um longo tempo. Resumindo, ele também não falava muito, mas ainda falava mais do que eu, e, ao contrário de mim, detestava contato físico.

Já Lim explodiria se passasse mais de cinco minutos em silêncio. Eu e ela éramos exatamente opostas em vários aspectos. Ela gostava de falar, implicava com os meninos o tempo todo, contava histórias, ria alto... enfim, ela era o próprio sol. De vez em quando eu me pegava sorrindo enquanto a observava, feliz em tê-la por perto para trazer um pouco de som ao silêncio devastador na minha vida. Jimin também era a alma da festa. Ele falava bastante, fazia gracinhas, vivia na coordenação da escola por conta delas, inclusive, apesar de ser um ótimo aluno, e se dava muito bem com todo mundo. Lim sempre achava algum motivo para implicar com um dos meninos, e Jimin, por ser bastante parecido com Lim em vários aspectos, era o que caía mais fácil na pilha dela, discutindo com ela mais vezes. Enfim, eles acabavam se bicando bastante, mas eram amigos no fim do dia. Mesmo assim, o jeito mais chucro de Lim era divertido e, com o passar dos anos, nossas personalidades foram se misturando.

Por passarmos tanto tempo juntos, acabamos nivelando nossas personalidades, de uma forma geral. Eu agora falo mais, rio mais e faço gracinhas com eles, apesar de ainda ser a mais quieta. Jungkook continua se perdendo na própria cabeça e mantendo o silêncio por um longo tempo de vez em quando, mas se soltou bastante, sabendo se virar melhor em situações onde é necessário socializar. Sua risada escandalosa e gostosa de ouvir é mais livre agora do que era antes, e ele acabou se familiarizando com o contato físico, aceitando melhor abraços e toques. Lim ficou mais mansa, apesar de ainda ser atrevida e da língua afiada, e também aprendeu a falar menos e mais baixo. Jimin acabou desenvolvendo alguns traços tímidos, também ficava mais quieto, e agora ele e Lim podiam conviver sem discutir o tempo todo.

Em síntese, todos nós absorvemos um pouco da personalidade uns dos outros, sendo parecidos em vários aspectos e melhorando onde precisávamos. Os traços mais fortes, porém, ainda estavam lá.

Bom, o que estou dizendo é que meus amigos me ajudaram a superar o luto e se tornaram minha família, e agora eu não estava mais sozinha. Acho que, por essa razão, eu detestava tê-los longe por tanto tempo e, quando eles estavam de volta, eu sentia como se fosse explodir.