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LYSIS

O Jimin gosta de você, ele sempre gostou.

A frase ecoou mais uma vez, pela milésima vez. Até então eu estava de boa, achando engraçado: o Jimin gostar de mim? Impossível, J-Hope errou feio. Mas aí a reação dele ontem confirmou a informação. O que eu faria com ela? Estava ficando angustiada. Eu não poderia fazer as coisas ficarem estranhas entre mim e Jimin, mas eu também não podia ignorar aquilo. Se ele sempre gostou de mim, ele deve ter sofrido, pelo menos um pouco, por eu nunca tê-lo correspondido — em parte. Não foi por maldade, é só que... bem, eu não achei que alguém como ele poderia gostar de alguém como eu. Na verdade, eu ainda não acredito. Ele nunca me deu sinais, ele nunca...

— Então — Jimin começou, coçando a garganta. — Você falou com o Hobi sobre as aulas?

Pisquei algumas vezes, tirando os meus olhos da paisagem e voltando-os para Jimin, que dirigia seu carro até o meu estúdio. Já era segunda-feira, dia das primeiras aulas da semana, em que Jimin compareceria.

— Ah... não, não falei — tentei conversar com ele normalmente, mas, agora que eu sabia que ele gostava de mim, tudo era muito estranho.

Ele franziu a testa, confuso.

— Ué, por que não? Achei que tinha rolado um... clima, entre vocês.

— Bom, é... Mas não, eu decidi que não vou falar com ele — encolhi os ombros. — Vocês já concordaram em me ajudar, e são ótimos dançarinos também.

Jimin assentiu, e eu poderia jurar que vi seus músculos relaxarem um pouco. Respirei fundo, nervosa. Eu queria socar Hoseok — como passamos de crush platônico para vontade de agressão assim, tão rápido? De qualquer forma, eu queria agredi-lo por me contar o segredo de Jimin, a culpa de eu estar nervosa assim era dele. Bom, até onde eu sei era segredo. Ou será que eu sou tapada demais para não perceber os sinais?

Será que eu deveria perguntar para Lim? Talvez eu não fosse tapada, talvez ele soubesse esconder muito bem, e realmente fosse um segredo que ele havia compartilhado com os garotos. Se fosse esse o caso, eu estaria expondo ele. Mas e se não fosse? De repente, senti a mão de Jimin sobre a minha.

— Relaxa — ele apertou seus dedos entre os meus, me fazendo abrir a mão. — Você está com o punho fechado desde que entramos no carro. Está nervosa com as aulas?

Devagar, deixei que ele entrelaçasse nossos dedos e assenti. Eu estava um pouco nervosa por conta disso também, então não era totalmente mentira. Olhei para as nossas mãos juntas, me perguntando se todos os melhores amigos faziam aquilo, ou se era porque ele gostava de mim. E se aquele fosse mais um sinal que sempre passava por mim despercebido?

Delicadamente, soltei nossas mãos e fingi procurar algo na bolsa. Jimin recolheu a mão e segurou o volante, e eu não tive coragem de olhá-lo para ver sua expressão. Chegamos depois de mais alguns minutos, então pegamos nossas bolsas e entramos no estúdio para preparar as coisas para a primeira aula.

Passei para Jimin o que eu tinha pensado para aquela primeira aula, e ele ouviu com atenção tudo o que eu falei, confirmando algumas coisas aqui e ali.

— Sabe do que eu sinto falta? — ele perguntou, depois que expliquei tudo. Balancei a cabeça, negando. — De dançar com você.

Dei um pequeno sorriso, nervosa.

— Mas nós dançamos no sábado.

— É, mas foi numa máquina — ele revirou os olhos e fez um biquinho enquanto falava. — Eu sinto falta de fazer isso num estúdio, igual quando criávamos coreografias para as músicas novas da Bangtan.

Serendipity || Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora