⌗ PRÓLOGO: Quando os caminhos se cruzam.

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━━ Birka, Sudeste de Skypiea ; 17 anos atrás...

O som estridente de um choro ecoou por quase todos os cantos da cidade. Era o lamento de um bebê recém-nascido. A criança, pequena e delicada, assemelhava-se à fragilidade da porcelana, com a pele em um tom claro como nuvens no céu. Seus cabelos curtos e ralos tinham uma coloração platinada, semelhante à prata, e seus olhos pequenos eram azuis como o mar abaixo das Ilhas do Céu. O corpo rechonchudo e as bochechas redondas - com uma pequena pinta no lado esquerdo - estavam molhadas pelas lágrimas e sujas pelo próprio sangue, resultado da saída do ventre que a protegia do mundo lá fora. Uma menina. Uma linda menina.

Após ser banhada para remover os resquícios de sangue de sua pequena figura e ser envolta por uma manta branca, a mãe da bebê finalmente pôde segurá-la nos braços, proporcionando um aconchego próximo ao seu peito para amamentá-la. Os olhos castanhos da mulher se encheram de lágrimas ao sentir os lábios de sua filha tocar seu seio, experimentando a proximidade dela, finalmente no conforto de seu abraço. Sua mão direita percorreu cuidadosamente o rosto da recém-nascida enquanto sorria minimamente ao vê-la se alimentar de seu leite materno, sentindo-se orgulhosa por estar - finalmente - com sua menina após longos nove meses de espera.

O pai, por outro lado, não parecia feliz, tampouco triste ou enfurecido com o nascimento de sua primogênita.

Enel aproximou-se de sua esposa e a observou com um olhar indiferente, ao mesmo tempo que suas íris celestes exibiam certa curiosidade ao ver a criança no colo da mulher. Consciente da delicadeza e fragilidade daquela pequena criatura, o loiro passou cuidadosamente o dedo na testa da menina, que não demorou em abrir os olhos e encará-lo de soslaio, afastando sua boca do seio de sua mãe. Ela o olhou, e ele a olhou de volta com uma carranca confusa, sem saber como reagir ao ser encarado por um simples pedaço de gente. Enel estreitou o olhar, encarando a pequena com severidade; no entanto, diferente do que ele esperava, a recém-nascida apenas sorriu para ele.

- Sua filha gostou de você. - afirmou a mulher com um sorriso caloroso, fazendo gestos para que seu marido segurasse a filha nos braços. - Pegue. - pediu.

- É o mínimo, afinal, sou o pai dela. - retrucou enquanto revirava os olhos, pegando a garotinha no colo.

- Você é tão mal-humorado, querido.

- Calada, Freyja. - ele olhou para a filha envolvida em seus braços, que permanecia com o olhar fixo nele. ‐ Não me olhe assim, sua bebê gorda.

- "Bebê gorda"? - a mulher arqueou uma sobrancelha enquanto deixava uma risada escapar de seus lábios. - Esse vai ser o nome dela? Que exótico. - riu.

- Elisabette. Este será o nome da minha filha.

- Nossa filha, querido. - Freyja o corrigiu, dando um beliscão leve na cintura nua de seu marido.

Ignorando completamente o que sua mulher havia lhe dito, Enel permaneceu apreciando a manta branca que envolvia a criança em seus braços. O loiro de olhos celestes por fim esboçou um sorriso para a filha; agora, era ele quem se sentia orgulhoso pelo nascimento dela. Sentia-se poderoso por saber que ele, um birkan como qualquer outro daquela ilha, havia unido seu corpo ao de Freyja para trazer ao mundo aquela criatura tão maravilhosa. É claro que qualquer um poderia dar vida a um novo ser, mas ele sentia que apenas ele era capaz de trazer ao mundo uma criança tão perfeita e magnífica quanto Elisabette.

O poder da Goro Goro no Mi - a fruta da eletricidade - já estava presente no interior de Enel. Há algum tempo, ele havia consumido o fruto do diabo e adquirido os poderes que, para ele, eram divinos, tornando-o um Deus.

˚𖦹 𖥻 𝐂𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐄 | 𝐓𝐫𝐚𝐟𝐚𝐥𝐠𝐚𝐫 𝐋𝐚𝐰¸♡ 🫀 ୬Onde histórias criam vida. Descubra agora