04. Reject Dial.

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━━ Upper Yard, Jardim Superior de Skypiea ; Memórias...
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫

Eu estava sentada no colo de meu pai enquanto ele penteava meus cabelos e contava - mais uma vez - o quão insignificantes eram os povos das Ilhas do Céu, também que nunca deveríamos nos limitar a viver com os meros mortais. Eu jamais lhe dizia nada, nunca pensava em discordar; de meus lábios apenas saíam murmúrios de concordância e sorrisos presunçosos, como sinal de que suas palavras agradavam aos meus ouvidos. Suas mãos grandes sempre foram maiores que meu rosto e até mesmo do que minha própria cabeça; meu pai era um homem muito alto e robusto, e eu era uma criança minúscula perto dele. Me alimentava bem, vestia do bom e do melhor, contudo ainda me sentia um ser minúsculo ao seu lado, mesmo que, na concepção dele, nós éramos parecidos, mas não iguais.

Sua voz sempre me causava arrepios, não importa se ele estivesse falando com calma em um tom autoritário prestes a me dar uma bronca. A sua voz grave e rouca era o motivo dos meus calafrios diários, não importava o que ele fosse me dizer. Se era algo bom? Arrepios. Algo ruim? Frio na espinha.

Eu queria entender o que me causava isso, por qual motivo eu sentia tanto temor ao meu próprio pai, ao meu Deus. Por quê? Sempre me questionei. Enel, o Deus de Skypiea, apesar de todos os seus atos, ainda era meu pai, era aquele que me criava e cuidava de mim, o mesmo que, nas noites em que eu acordava desesperada após um pesadelo, me envolvia em seus braços e me deixava dormir aconchegada em si. Enel era meu pai. Meu pai. Meu pai. Aquele que cuidava de mim. Aquele que me abraçava. Aquele que beijava minha testa. Aquele que me consolava quando eu chorava. O mesmo que me segurou em seu colo quando tive que passar horas com o corpo sem vida de minha mãe caído em minhas pernas, me impossibilitando de sair daquela posição. Então, por quê? Por que eu sentia tanto medo? Ele era meu pai, afinal. O meu único pai.

Senti as mãos dele deslizando dos meus cabelos até meus ombros e deixando um carinho rápido na região; depois, ele me virou, deixando-me sentada de frente para ele. O sorriso presunçoso em seus lábios, no mínimo, ainda me fazia sorrir para ele quando o via. Delicadamente, Enel passou o dorso de sua mão direita em minha bochecha, enquanto a esquerda segurava levemente minhas costas para que eu não caísse para trás. Levei minhas mãos até o braço dele e me agarrei ali, me aninhando em seu peito e suspirando ao mesmo tempo que sentia ele me abraçar.

- Hoje você está completando uma década, Elisabette. - papai me disse, desfazendo o sorriso de seu rosto e me olhando com um olhar sério.

- Uma década?

- 10 anos. - respondeu.

- Oh! - sorri largamente, pude sentir minhas bochechas ruborizarem pela alegria.

- Você já está com idade suficiente para segurar uma arma. - começou, segurando-me com ambos os braços e levantando-se. - Mas precisa de um treinamento antes, não quero que você morra. - ele me olhou de cima.

- Arma? Eu ainda sou criança! - fiz bico.

- Quanto mais cedo, melhor. - riu.

- Que medo!

Meu pai não disse mais nada, apenas permaneceu caminhando em silêncio comigo pelo pátio do templo. Eu estava com a cabeça apoiada no peito dele e com a mão em seu ombro enquanto olhava para os tambores envoltos de suas costas com curiosidade. Nunca entendi o que eram aquilo ou por que Enel não tinha asas. Era isso que o fazia superior ao restante de Skypiea? Eram nossas peculiaridades que nos tornavam melhores? Minhas asas eram grandes demais comparadas às de outros birkans, shandias e skypieans, por isso ele dizia que isso era uma bênção divina. Voar como uma águia era uma bênção. Ter asas que podiam me levar às alturas era uma bênção à qual eu deveria agradecer todos os dias e sempre que pudesse.

˚𖦹 𖥻 𝐂𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐄 | 𝐓𝐫𝐚𝐟𝐚𝐥𝐠𝐚𝐫 𝐋𝐚𝐰¸♡ 🫀 ୬Onde histórias criam vida. Descubra agora