Pope Boniface VIII (o papa estapeado)

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Will e eu havíamos acabado de desembarcar no aeroporto internacional de Roma; precisávamos ir direto para o Terminal que havia dentro do próprio aeroporto para pegar um trem que iria até a Estação Roma Termini; de lá pegar um trem que iria para Colleferro, por último, pegar um ônibus que iria para Anagni.

Seria um trajeto de, mais ou menos, duas horas e meia.

"Jane, fiz um cronograma aqui com horários exatos e trajetos dos lugares que vamos visitar" - disse, mostrando seu tablet com um cronograma extremamente organizado e limpo.

Apreciava a forma que Will tentava se adequar as minhas compulsões com organização, mesmo que seja somente para me convencer de deixar de seguir a própria compulsão. Minha terapeuta diz que, de certa forma, ajuda. 

Às vezes.

"Will, não adianta tentar desta vez. Temos horário para chegar em Anagni para nos apresentarmos ao encarregado, e você sabe como eu fico quando não chego no horário." - disse pegando minhas malas na esteira, organizando-as no carrinho metálico.

"Mas podemos falar que o voo atrasou e chegamos um dia mais tarde. Amiga, estamos em R-O-M-A" - falou pausadamente para dar mais ênfase na importância do lugar.

"Você acha que não gostaria muito de ver todas as obras nesse lugar incrível, Will? Mas temos um compromisso e eu quero passar uma boa impressão." - o garoto murchou com a negativa.

Era bem difícil para uma pessoa com minha compulsão sair de qualquer planejamento previamente feito. Começaria a ficar ansiosa com as mil e uma possibilidades do que poderiam dar errado, principalmente quando envolviam meu trabalho. Meu cérebro tinha um certo senso de responsabilidade maior do que o normal.

Byers desistiu de me convencer, pois me conhecia a tempo suficiente para saber quando desistir. Finalmente organizou as inúmeras malas que havia trazido no carrinho. Parecia que iriamos desfilar em algum evento de moda pela quantidade de malas e roupas que trouxe sob a desculpa de encontrar algum "daddy" italiano rico que fosse sustentar ele e Mike.

Seguimos pelo desembarque do aeroporto ouvindo as conversas altas e animadas dos passageiros que saiam ao encontro de seus entes queridos, ou se viam na cidade dos seus sonhos.

Ao sairmos do aeroporto, fomos atacados por taxistas que mais pareciam urubus rodeando carniça, falando um italiano bem rápido.

Havia estudado algumas coisas básicas sobre italiano que me ajudassem a sobreviver em Roma, mas confesso que não era nada boa. Tranquilizava-me saber que a maioria dos italianos entendia o inglês.

"No, prendiamo il treno. Dov'è la stazione?" - embolei-me um pouco com a pronúncia ao perguntar a um taxista narigudo de bigode branco.

(Não, vamos pegar o trem. Onde fica a estação?)

O homem fechou a cara e resmungou algo que não entendi, antes de virar-se de costas e se afastar sem dar qualquer ajuda.

"Velho mal-educado!" - Will gritou em inglês para o senhor.

"Gastei meu italiano atoa com ele" - fiz bico

"Que italiano, Jane?" - arqueou as sobrancelhas com um sorriso pretensioso no rosto.

Dei uma cotovelada no meu amigo e empurrei o carrinho com malas em direção a uma placa com um trenzinho desenhado.

A partir de agora não iria pedir informação a nenhum velho rabugento, iria apenas seguir as imagens!

[...]

Estávamos no trem a caminho de Colleferro.

Percebi que Roma seria meu lugar favorito no mundo, enquanto olhava pela janela do expresso. Maior parte dos prédios tinham uma estética clássica de tamanhos grandiosos, com a cidade organizada no entorno deles de forma a dar destaque visualmente. Com certeza, em alguma folga que tiver do trabalho em Anagni, iria voltar a Roma para aproveitar a cidade.

Reintegração Cromática; ElmaxOnde histórias criam vida. Descubra agora