Parque

2K 165 25
                                    

Felipe

Já fazia alguns dias que eu não via o loirinho, na verdade bastante tempo.

A última vez que eu havia lhe visto, tinha sido na casa da tia Silva e depois disso nunca mais.

Não porque eu tenho desistido dele, claro que não e bem que eu queria. Fiquei até com a Fernanda, mas acontece é que aquele marrentinho não saía da minha cabeça por nada.

Eu tentei de verdade papo reto. Mas cada vez que os dias passavam eu só me via pensando nele, o que ele estava fazendo, se estava bem e isso estava me matando.

Porra, aquele sentimento estava me matando de um jeito que eu até me sentia sufocado. Eu nunca tinha sentido aquilo, não estava entendendo o que tava acontecendo e precisava de conselhos.

Foi por isso que chamei o Th, ele entendia bem dessas paradas, ele uma vez tinha comentado comigo que era gay e ficou preocupado se eu fosse fazer alguma coisa com ele ou o pessoal daqui.

Mas como eu disse, aqui no meu morro não tem esses negócios de preconceito não, cada um tinha sua vida e minha coroa sempre me falou que cada um tinha direito de amar quem quisesse e não importava.

Se fosse homem com mulher, mulher com mulher ou homem com homem. Não cabia a nós julgar ninguém.

Então eu peguei isso pra mim e quem viesse com alguma gracinha ou se eu soubesse de algum burburinho, já levaria pras idéias e metia bala mesmo.

Então eu falei pra ele ficar tranquilo, apesar de ser um pateta, Th era um moleque dahora e nunca sequer desobedeceu nenhuma de minhas ordens.

"Fala chefe, qual foi?" — Perguntou entrando em minha casa.

"Senta aí cria, quero bater um papo contigo" — Avisei, e o mesmo andou até o sofá com uma cara preocupada, me fazendo segurar o riso.

"Eu fiz alguma coisa?" — Perguntou.

"Não, não. Que eu saiba não ou fez?" — Perguntei e o mesmo negou.

"Eu tô tranquilo, consciência limpa" — Disse.

"Então Jae....eu te chamei aqui na verdade e porque queria um conselho, e você me parece uma pessoa boa pra isso"

"Sério chefe? Pô que honra, fala aí vai ser um prazer ajudar o senhor" — Falou sorrindo com um brilho nos olhos.

"Então... é como descobriu que você gostava de homem?" — Perguntei indo direto ao ponto, mas senti minhas orelhas esquentarem de vergonha. Que Porra.

"Você quer uma resposta sincera ou..."

"Sincera, por favor" — Falei o interrompendo. Agradecendo por ele não fazer nenhuma gracinha.

"Então lá vai. Quando eu estava no tempo do colégio, conheci um moleque, ele era lindo e inteligente e eu só conseguia pensar o quanto ele era bonito e o quanto só queria ficar do lado dele" — Disse. "Eu até então pensava que gostava de mulher e ficava negando qualquer sentimento que estava sentindo, mas acontece que eu nunca senti atração nenhuma por mulher, até que então eu decidi experimentar e fui lá e beijei ele e depois disso só piorou, porque ele parecia ter grudado na minha cabeça e a cada momento eu só pensava nele o quanto eu queria ele pra mim e ficava muito puto quando via outros moleques querendo ele, aí foi que decidi aceitar os meus sentimentos e vi que estava apaixonado" — Respondeu.

Logo me descrevendo, era assim que eu me sentia em relação a Gabriel exatamente assim.

"E depois? O que você fez?" — Perguntei.

"Depois eu me declarei pra ele, mas só que era tarde demais, eu cheguei tarde demais....eu fui um idiota e não dei valor, enquanto podia e acabei perdendo ele para outro moleque" — Disse e o vi ficar um pouco triste.

•O DONO DO MORRO || Destinados •Onde histórias criam vida. Descubra agora