Vitória
—————Passo o dedo na bacia de chocolate, onde a titia Thays estava minutos antes fazendo um bolo de chocolate e eu ajudando ela ou melhor, fazendo bagunça já que nós duas juntas não conseguíamos fazer nada sem bagunçar as coisas.
"Titia, você acha que o papai vai acordar logo?" — Perguntei enquanto balançava meus pezinhos distantes do chão, enquanto estava sentada na mesa com a bacia em meu colo e eu me deliciava daquela mistura mágica que ela fazia.
"Mas seu pai já acordou a horas Vitória, você tava até brincando com ele antes dele ir trabalhar, não lembra?"— Falou colocando o bolo no forno para assar.
"Eu não estou falando dele, estou falando do papai Gab" — fiz um biquinho.
"Ahh, pensei que fosse o.....bom, você sabe né, o Felipe conversou com você que vai demorar alguns dias, até ele se recuperar" — disse.
"Ele falou, mas eu sinto saudades dele. Ele sempre brinca comigo e faz penteados em meu cabelo" — respondi querendo chorar, mas segurava as lágrimas para não cair, mesmo que algo me incomodava na garganta,como se estivesse preso alguma coisa querendo sair.
E se ele não acordasse mais? Quem iria brincar comigo ou cuidar de mim?
Eu sei que tinha o papai Felipe, ele sempre brincava comigo também e me dava tudo que eu queria. Mas o papai Gab, sempre cuidava de mim e me tratava com carinho.
Eu tinha medo que ele não acordasse ou me deixasse. As vezes até tinha medo que um dia ele brigasse com o papai e mudasse de idéia e fosse embora. Igual minha mamãe fez.
Eu não o julgaria se ele fosse, a minha mamãe também foi e até disse várias vezes que me odiava quando eu era bem pequenininha. Ela falou que eu estraguei sua vida, e que eu roubei tudo que o papai dava para ela. Mas eu não sabia o que.
Eu só queria que ela me amasse, mas o papai disse que eu não precisava nada dela e se algum dia alguém fosse precisar de alguma coisa, séria ela de mim. E por um tempo eu até havia esquecido a saudade que eu sentia dela, porque o papai sempre me dava tudo, mesmo que alguma parte dentro de mim sempre faltasse algo.
E esse lugar logo foi preenchido, quando o papai Gab chegou. Eu gostei dele desde o primeiro dia, ele parecia um príncipe igual dos desenhos que eu assisto, me deu carinho e me tratou como se eu fosse alguma coisa sua, tipo filha.
Eu não me importaria se ele e o papai ficasse juntos, uma vez tive uma amiguinha que também tinha dois papais, mas ela foi embora pra longe e eu nunca mais tive mais nenhum amiguinho. Até o papai Gab aparecer e pedir pro meu papai Felipe me colocar numa escola que eu sempre quis, onde eu havia feito um monte de amiguinhos do meu tamanho, mesmo que por pouco tempo.
Já que novamente eu não entendia o porque de eu ter que sair da escolinha, mas o papai Felipe disse que era pro meu bem e para me proteger. E mesmo triste, eu apenas concordei já que o pouco de tempo que passei lá, foi legal e valeu a pena.
"O que acha de assistirmos um desenho e eu trançar seus cabelos?" — A titia Thays perguntou e eu assenti sorrindo, balançando a cabeça rapidamente.
"Podemos assistir Frozen? Eu assisti um dias desses e é muito legal" — Perguntei animada.
"Claro, o que você quiser meu amor. Depois a gente pode assistir Barbie se você quiser" — Falou e eu logo neguei.
"Não titia, esse não pode"
"An? Porque não?"
"Porque é meu e do papai Gab e se eu assistir com você , ele pode ficar triste, porque iremos ver sem ele " — Falei, caminhando até onde estava os filmes e escolhi outro, que era do Shrek. "Esse podemos" — respondi lhe entregando o CD.
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•O DONO DO MORRO || Destinados •
RomanceROMANCE GAY Gabriel sem ter para onde ir, acaba indo para a favela, onde sua vida começa a mudar a partir dali. Sua vida toma um rumo totalmente diferente ao esbarrar em Felipe, o Dono do morro.