Capítulo 7

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As luzes amareladas tomavam Paris, trazendo a dor de quem morreu para muito na famosa avenida da cidade, e olhando para muitos estava S/N buscando provas de sua existência ou morte, e a razão de Andrew ter mandado e encomendando seu desaparecimento.

Os passos vazios, se completavam com os olhares vazios de muitos, mas com a alegria de pessoas em cafés parisienses altas horas da noite, sorrindo e contando histórias de seu dia, mas esquecendo de aproveitar por estarem olhando para os celulares em suas mãos e desbravando a tecnologia.

S/N estava nesse mundo, e por mais comum que parecia ser, ela não conseguia se acostumar com o fato de muitos optarem por sentir a emoção por detrás das lentes de um celular de última geração, e nunca pararam para ver o mundo como ele realmente é.

Seus passos lentos seguiam por uma das mais famosas e luxuosas calçadas da França, olhando o luxo pelas vitrines da Prada, Luis Viton, Channel, e entre outras marcas que exibiam o luxo para quem as adquiria, e S/N não era uma dessas pessoas, optando por passar direto, parando apenas quando a imponente loja da Vogue exibiu uma linda e mística imagem de sua sobrinha, Florence Welch, onde a mulher se olhava por um pequeno espelho, sem sorriso ou expressão, demonstrando a frieza de estar ali.

Essa situação parou S/N que conseguia ver nos olhos de sua sobrinha famosa, e que lhe tratava como uma segunda mãe, que algo se escondia nas profundezas de sua escuridão, e que ela, no fundo não estava totalmente feliz com algo. E isso se manteve até o momento em que a imagem passou, mostrando uma cantora alegre e livre, mas voltando para o silêncio e expressão vazia de antes.

Qual o sentido de tal momento e dança com as fotos? S/N jamais iria imaginar, mas entrou na loja, vendo o vazio e pessoas escolhidas para estar no interior, mas se assustou com o som dos passos de uma vendedora, que lhe sorriu e perguntou em Francês se poderia ajudar, e sua única resposta foi:

- Estou apenas observando a nova coleção.

- Fique a vontade, senhora.

- Obrigada.

S/N continuou se tour pela enorme e imponente Vogue, passando por peças deslumbrantes e caras, e uma delas era extremamente familiar para si, que a pegou e sentiu o sorriso de Florence a usando no palco e em um dos shows que assistiu da sobrinha quando estava desaparecida do mundo, e isso fez surgir um sorriso em seus lábios, ao colocá-la em seu devido lugar e pegar outra, usada pela cantora em uma apresentação para um talk show britânico.

A postura de S/N e sua beleza, atraiam as atenções das vendedoras, que tiraram suas atenções da mulher sem nome, voltando para a porta ao ouvirem os passos leves e calmos de alguém, alguém esse que também foi ouvido por S/N, que virou por curiosidade e encontrou os olhos verdes e fios ruivos, parando no meio da porta e ficando petrificada ao não acreditar que tal ação estava acontecendo.

Florence não conseguia dizer nada, porque era um impossível que não parecia ser verdade, mas ao entrar na Vogue de Paris, horas depois de pisar na cidade, encontrou os olhos que tanto a acalentou e a metros de distância, mas perto o suficiente para saber que não era uma visão ou sonho. Ela estava viva, sua tia estava viva e diante de seus olhos.

O coração da cantora acelerou tanto que a fez sentir as pernas francas e a visão turva, já que horas atrás, ouvia de uma mulher que sua tia jamais disse que teve uma família, jamais citou seu nome e sumiu, sendo dada como morta anos depois e para sempre. Mas vê-la, foi tão forte para a mulher que a respiração acelerou, fazendo sua visão escurecer e suas forças irem embora, ouvindo apenas o silêncio antes de cair e ser segurada por duas vendedoras ágeis o suficiente para segurarem a mulher de mais de 1.75 de altura, enquanto S/N dava apenas um passo para frente, travando ao saber que não poderia simplesmente ir e socorrer sua sobrinha, por mais que seu lado tia gritasse para isso.

A indecisão reinava, mas ao dar mais alguns passos, a mulher recuou ao ver o mesmo olhar, o mesmo sorriso e rosto de alguém que a quis morta uma vez, mas que não a viu.

Ele estava ali, entrando e afastando a todos com seus gritos, se aproximando de Florence e a pegando no colo, enquanto homens diziam que precisavam de espaço ou algum local para a deitar até a chegada dos médicos.

Ele! O mesmo homem que um dia a "matou", estava perto de sua sobrinha e com ela em seus braços, ditando ordens de superioridade para os demais seguranças, demonstrando que era mais próximo do que poderia imaginar e levando por água abaixo seu medo de Florence saber de sua existência, porque ela trabalhava com o homem que tentou a matar.

S/N se afastou, sentindo o aperto no peito de ver sua menina de fios ruivos desacordada e perto do mesmo, não podendo se aproximar e nem tocá-la, optando por sair com lágrimas nos olhos e chegar, novamente, até a calçada, levar as mãos aos lábios e engolir o choro até se afastar, não suportando mais e desabando em um canto escondido de todos com o que havia acontecido e o quanto Florence estava linda e assustada.

- Elise? - chora - Cadê você agora? - sussurra, querendo apenas que Cate estivesse ali para lhe ajudar a entender o que estava acontecendo, porque não era mais nada do que passava por sua mente.

Longe dali e caminhando pelos corredores de um hotel de luxo, Cate Blanchett sorria tirando fotos com a maior quantidade de pessoas de sua produção, sendo feliz, pela primeira vez antes de entrar em um carro e seguir em mais um de seus números compromissos como a grande Cate Blanchett, ganhadora de dois Orcars e inúmeros prêmios como a atriz mais reconhecida da nova geração. Mas algo a fez sentir que S/N precisava de seu abraço, e essa sensação veio quando entrou no carro de luxo, rumo a mais um evento.

Fuja, Cate Blanchett! part.2Onde histórias criam vida. Descubra agora