EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOS

CAPÍTULO 10

   Sabia que uma viagem iria animá-la, mas não imaginei que Emily fosse me abraçar quando lhe dei o cronograma com os planos, ontem. Óbvio que retribui e aproveitei o momento. Adoro o cheiro doce de lavanda dela misturado a fragrância de vinho e material de pintura. Às vezes eu cogito que ela também esteja se apaixonando por mim, porém prefiro não me dar muitas esperanças. Ficar empolgado demais só seria um atraso desnecessário. Não ficarei fazendo suposições, prefiro simplesmente lhe fazer um agrado vez ou outra e se um dia ela me disser que me ama, eu certamente irei confessar o que sinto. Embora deva admitir que não acho que essa relação irá funcionar bem depois que eu matar seu pai. O veneno já o deixou tão debilitado que é só questão de tempo.
   Nós partimos hoje pela manhã. A forma como ela olha pela janela da carruagem, vendo a paisagem passar por nós, a deixa com uma expressão tão serena e angelical. É linda de se admirar.

– Você não sai muito do castelo, não é?

– Sou a princesa herdeira do maior império da Terra, seria muito arriscado me dar tanta liberdade. A pouca que eu tinha era passear no bosque com minha irmã e você a usou para me sequestrar.

   Contraio um músculo em minha mandíbula ao pensar nisso. Quando tudo começou ela era só um meio para um fim, um peão a ser usado para que eu chegasse ao posto de rei, mas agora eu a vejo como minha rainha e desejo lhe dar toda a liberdade de movimentação que é permitido. Quero que ela se mova livremente pelo tabuleiro, que vá para onde quiser. Acho que essa tal de paixão é mesmo algo bem idiota e sem sentido. Logo eu, o responsável por aprisioná-la, chantageá-la e prendê-la a mim, quero dar a ela toda a liberdade que lhe foi tirada. Acho que sou mesmo um hipócrita.

– Lian…?

– Sim?

– Eu… quero muito te fazer uma pergunta, mas antes eu queria que você prometesse que vai responder com sinceridade.

   Será que ela descobriu o que eu fiz com Ronald?

– Por que dessa indagação logo agora? O que tem para me perguntar que é tão sério ao ponto de você prescisar que eu faça tal promessa?

– Sei que você oculta informações de mim às vezes, mas… normalmente quando não me responde a verdade, você apenas não me responde nada. O que quero dizer é que você nunca mente para mim. O incidente com Sekani foi uma prova disso, uma prova de que eu não tenho ninguém em quem confiar, pois minha irmã está longe e meu melhor amigo era um grande mentiroso, mas… você nunca mente para mim, não é?

– Não. Eu já ocultei coisas sobre mim, mas jamais menti para você, mas ainda não entendi onde quer chegar.

– Eu quero que você me responda uma coisa. Quero que você não oculte e nem que fique calado, sem responder. Quero que você responda.

   A forma sensível como ela está pedindo… o apelo nos olhos… o tom de voz que indica, não só curiosidade, mas também incerteza… como eu poderia recusar?

– Faça sua pergunta, eu prometo que serei sincero, não ocultarei nenhum detalhe nem ficarei sem responder.

   Emily respirou fundo antes de perguntar.

– Por que você me sequestrou? Digo… por que você quer ser o imperador? Você me sequestrou e me chantageou para casar com você, tudo para se tornar o imperador de Peridot depois que meu pai falecer, mas… Bismuto tem muitas belezas naturais, tem rotas comerciais, turismo, alianças com outros reinos grandes e fortes… se juntar Bismuto com os reinos que você tem aliança, o resultado final seria uma potência, seria a terceira maior nação do mundo. O seu reino tem muita estabilidade e você… bom… eu pesquisei sobre você… você passou de menino pobre para o rei de Bismuto e fez mais por este reino em cinco anos que seu antigo governante fez em décadas! Então… por quê? Por que quer tanto assim ser o imperador de Peridot? Eu cogitei ganância no início, mas… você não parece ser ganancioso, muito pelo contrário, a quantidade de verba que você liberou para os projetos de reformas, infraestrutura e sistema de saúde… então por quê? Por que ter tanto trabalho? O que você vai ganhar com isso?