EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOS

CAPÍTULO 21

   Hoje foi um dia muito agradável, pois embora Lian tenha passado todo o dia ocupado com afazeres, Niara e Isac me fizeram companhia por um tempo e eu gostei bastante disso. Depois passei o tempo com algumas damas reais praticando meu bordado e agora me encontro pintando alguns quadros dos lugares que visitei em nossa viagem. Principalmente às fontes termais. Eu dou a última pincelada e me afasto para apreciar minha obra, contente com o resultado do meu esforço. Mas o que não percebi foi uma presença que se anunciou repentinamente, me dando um susto e me fazendo dar um grito, juntamente com um pequeno pulo.

– Belo quadro.

– Ah! Niara…

– Realmente, Lian pode ser o melhor desenhista que há, mas ninguém pinta uma aquarela como você.

– A porta desta sala está bem à minha frente! Como não a vi ou escutei entrar e caminhar até ficar atrás de mim!? Aliás… a quanto tempo está aqui!?

– Isso não importa, mas não se preocupe, se quisesse matá-la já teria feito a tempos, só faço isso para assustá-la porque é divertido.

– Percebe-se.

– Vim apenas para te entregar isso.

   Ela levanta a mão e então me entrega um pote com algum tipo de creme dentro. Eu o cheiro e não me parece com nada que eu já tenha usado na vida. Não é exatamente um cheiro bom, mas não é ruim. É apenas um pouco forte e… diferente.

– O que é isso?

– É feito a partir de um conjunto de plantas e frutas específicas, é ótimo para o cabelo. Fortalece os fios, deixa com mais brilho, mas principalmente, faz com que cresça mais rápido.

   Fiquei surpresa e muito contente, sobretudo com a última parte.

– É sério!?

– Claro.

– Muito obrigada! Muito, muito obrigada!

   Por um momento eu pensei em abraçá-la, mas não sei se já chegamos nesse nível de intimidade.

– Enfim, tenho coisas pra fazer, não é porque voltaremos à Bismuto em duas semanas que não tenhamos assuntos para auxiliar aqui. Até.

   Que bom que ela não é tão ruim quanto eu pensei que fosse no início.
   Meu dia segue normal, assim como qualquer outro. Depois de ir para o quarto, vejo que meu marido já dormiu, coitado, deve estar exausto. Eu tomo meu banho e durmo junto a ele, me aconchegando em seu peitoral e adormecendo.
   Novamente acordo sem Lian ao meu lado. O dia se inicia com sua ausência me deixando com saudades, pois embora estejamos no mesmo castelo, mal nos vemos. Isac disse que isso só continuaria assim nas primeiras semanas, mas eu realmente estou sentindo falta da companhia do meu marido, tanto de nossos momentos carinhosos, quanto das provocações e discussões. Será que ele me dá um beijo na testa toda manhã antes de eu acordar? Será que ele sussurra um pedido de desculpas e diz que me ama?
   Depois de tomar banho, noto que Lian faltou mais uma vez ao café da manhã e comento com Niara e Isac, que me acompanham na refeição.

– Não se preocupe com isso, princesa. Devia ter visto o quão atarefado ele ficou quando se tornou rei de Bismuto. Foi a mesma coisa. Depois de um tempo tudo se ajeitou e ele teve mais liberdade e tempo livre.

   Escuto Isac, mas estou mais concentrada em Niara, que tem mais comida no prato que eu e Isac juntos. Como ela consegue comer tanto? Não importa quantas refeições tenhamos juntas, sempre vou questionar isso.

– Não acha que é uma quantidade muito grande de café?

– Ela pergunta olhando para minha xícara e eu a encaro incrédula.