Corações solidários

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Joaquín Piquerez

A noite já se fazia presente e eu estava em casa, desfrutando da companhia agradável de Veiga, que acabou ficando para o jantar. A comida havia sido feita por Carlos, meu cozinheiro particular. Estava tudo delicioso e eu saboreava cada garfada enquanto conversava com Raphael.

– Essa lesão no tornozelo, Joaco, me assustou um pouco lá no campo. Como você está se sentindo agora? – Veiga perguntou, levando um pedaço de carne à boca.

– Relaxa, irmão. Foi só uma torção boba. Mari disse que logo estou de volta aos gramados. – respirei aliviado, pegando um gole da minha bebida.

Explicava ao meu amigo tudo que Mari havia explicado para mim, detalhadamente. Veiga estava prestando atenção, mas eu percebia que hora ou outra ele queria tocar em um determinado assunto.

– Sabe, Pique... Eu tenho estado muito próximo da Alessandra nos últimos dias. Tenho pensado constantemente em convidá-la para jantar comigo. – ele solta a informação com um sorriso nos lábios.

– Você realmente voltou revigorado das férias, hein? – rio. – Alessandra é incrível, Veiga. Mas você sabe que se realmente quiser ter algo mais sério com ela, precisa largar esse estilo mulherengo que você tem. Ela não é do tipo que curte relacionamentos passageiros. – o alerto e ele assente.

– Joaco, acho que eu já estou vivido demais para continuar nessa vida de mulherengo. – o encaro, surpreso. – Quero relaxar um pouco, construir um relacionamento sólido para o futuro. Eu sempre quis formar uma família e, claro, quero focar mais e mais na minha carreira.

Alguém deve ter trocado o meu amigo durante essa viagem ou fizeram uma lavagem cerebral nele. Veiga nunca teve esse tipo de assunto mais maduro comigo, para ele, a vida que levava sem compromissos era algo que sempre havia sonhado.

– Se você está realmente disposto a mudar por ela, é porque alguma coisa muito séria tá rolando aí. – comento.

– Alessandra sempre foi muito gentil comigo. Você sabe que eu já tentei ficar com ela várias vezes, mas ela nunca quis por causa do meu jeito. Acho que nos últimos dias a gente tem conversado tanto que eu entendo o porquê disso tudo. Ela era muita areia pra minha motinha. Acho que vale a pena abrir mão de algumas coisas por ela.

Após Veiga compartilhar sua mudança de perspectiva em relação a Alessandra, a atenção se voltou para mim. Ele, sempre observador, não deixou passar a oportunidade de questionar o que havia entre Mariana e eu. Como sempre, a maior fofoqueira que conheço se chama Raphael Veiga.

– E aí, Joaco, qual é a tua com a Mari? – Veiga lançou a pergunta com um sorriso malicioso, como quem já sabia mais do que eu imaginava.

– Não tem nada. Mari é uma mulher incrível, bonita e gentil, mas não quero misturar as coisas, sabe? Minha carreira está em um momento muito bom e eu não quero que fofocas ou um possível relacionamento interfiram no meu rendimento. – expliquei, tentando ser honesto sobre minhas preocupações.

– Você só pensa no lado negativo das coisas. Deus me livre. – o vejo revirar os olhos. – Você está querendo se enganar, isso sim. Ou você acha que eu não percebi você encarando ela a todo momento durante o churrasco no sábado? Além do fato de você sempre tentar incluir ela em algum assunto. – ele insistiu, enquanto eu tentava não expressar nenhuma reação.

Em meus pensamentos, tentava engolir a verdade por trás das palavras de Veiga. A verdade era que eu admirava Mariana não apenas pela beleza, mas também pela pessoa incrível que ela era. Entretanto, eu tinha receios legítimos sobre me envolver em um relacionamento, considerando a intensidade da minha carreira no futebol.

Ojitos Lindos | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora