Vem pra cá

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Quando entrei na sala do hospital, meu coração se apertou ao ver meu avô deitado na cama, visivelmente fraco e abatido. Seu rosto, que antes irradiava vivacidade e calor, agora parecia pálido e cansado. Mas ele, com aquele sorriso terno nos lábios, tentava esconder toda a dor e fraqueza que o consumia.

- Mariana! Que surpresa boa, minha neta. - ele estica um dos braços e segura a minha mão.

- Eu estava com muitas saudades do senhor, sabia? - digo tentando conter as minhas lágrimas. - Como está se sentindo?

- Bem melhor agora que você está aqui comigo. - ele sorri com ternura em minha direção, seus olhos, visivelmente cansados, brilhavam para mim. - Como está a sua vida no Brasil, minha flor?

- Está ótima. - sorrio e me sento em uma cadeira ao lado da sua maca, ainda segurando sua mão. - Estou trabalhando como médica esportiva em um clube grande de São Paulo, no meu time do coração. Minha vida está estabilizada e eu estou feliz de estar onde estou.

- Sua mãe me contou que estava trabalhando no Palmeiras. Fiquei muito feliz por você. - ele continua sorrindo. - Estava contando em ir visitá-la no Brasil qualquer dia, mas infelizmente não pude.

- Deixa disso, vovô. O senhor já é de idade, eu que tenho que vir até aqui. Eu amo essa cidade e amo ficar assim, juntinho com você. - aperto mais um pouco a sua mão e deixo as lágrimas caírem.

Estava me segurando desde que entrei na sala, pois não queria que o vovô me visse chorando, mas era impossível segurar mais. 

- Por favor, não me deixe aqui. - apoio a minha testa na maca, e permito que as lágrimas escorreguem pelo meu rosto. - Eu te amo tanto, tanto.

Sinto sua mão se afastar da minha e, em seguida, ir de encontro com o meu rosto, o levantando em sua direção.

- Eu também amo você, pequena. Mais que palavras possam expressar. Mas eu já estou em paz, e quero que você também fique. - ele limpa algumas lágrimas do meu rosto. - Estou muito cansado, e acho que o seu vovô durão não aguenta mais muito tempo. Mas não se esqueça do meu amor por você, onde quer que eu esteja. 

Com o coração partido, me deitei ao lado dele, envolvendo em um abraço apertado. Suas mãos, frágeis e trêmulas, encontraram as minhas, as segurando com ternura enquanto nos afundávamos em um silêncio reconfortante.

Ele pegou o controle remoto da mesa ao lado da cama com um pouco de dificuldade, mas com determinação. Com um sorriso trêmulo, ele ligou a TV e mudou para um canal que, incrivelmente, estava passando "Peter Pan", um dos nossos filmes favoritos de quando eu era criança.

- Que timing perfeito. - sorri, me aconchegando um pouco mais. - Vou assistir com você.

Hoje o dia era apenas meu e dele, pedi para que a mamãe avisasse que eu iria passar todas as horas disponíveis de visita com o vovô. Quero matar as saudades dele e poder ficar junto com ele o máximo que eu puder.

- E seu coração, minha filha? Ele já encontrou alguém? - o ouço perguntar depois de um tempo.

- Ah, vovô... - sorrio com a sua pergunta. - Eu acho que sim. 

- Posso saber o nome do moço? - o vejo levantar uma das sobrancelhas.

- Joaquín. - sorrio involuntariamente. - Ele é um dos jogadores do Palmeiras, e a gente tem se dado muito bem. 

- Ele te faz feliz? - o vejo levantar uma das sobrancelhas em minha direção.

- Muito. - continuo sorrindo. - Quando estou com ele... tudo fica diferente, tudo tem sentido. É como se ele fizesse com que eu esqueça todos os meus problemas.

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⏰ Última atualização: May 15 ⏰

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Ojitos Lindos | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora