Melhor eu ir

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Mariana Costa

O sol brilhava intensamente no céu naquela manhã, e o campo de treino estava movimentado com a energia fervorosa dos jogadores. Eu estava acompanhando o treino naquele dia e acompanhava a equipe técnica durante todo o treino.

Enquanto observava os jogadores em ação, meu pensamento divagava para os acontecimentos recentes. A conversa com Lorena tinha mexido comigo de uma maneira que eu não esperava. Com isso, marquei um almoço com Henrique para colocar as cartas na mesa. Não era justo enganar meu coração, tampouco justo com ele. Eu precisava ser honesta, mesmo que isso significasse tomar decisões difíceis.

E, para completar tudo, Carolina se fazia presente na arquibancada naquela manhã, acompanhando o treino. Ela e o Pique pareciam estar realmente ficando mais sério do que eu pensei, já que ela me encarava constantemente, e eu entendia a mensagem por trás daqueles olhares. Não que eu tivesse algum controle sobre a amizade que estava se formando entre nós no ambiente de trabalho. Afinal de contas, eu já estava por aqui antes deles se conhecerem.

No final do treino, enquanto os jogadores se dispersavam do campo em direção ao vestiário, eu recolhia minhas coisas que havia tirado da bolsa ou usei durante o treino, organizando tudo no seu devido lugar para voltar à ala médica. Pego a enorme bolsa e me preparo para sair e andar o mais rápido possível, pois estava bem pesada. Foi então que me deparei com Carolina na entrada do campo. Ela estava ali, de braços cruzados, bloqueando meu caminho. O olhar dela era penetrante, e eu podia sentir a tensão no ar.

Seu olhar carregava uma intensidade que anunciava uma conversa nada amigável. Ela não perdeu tempo e começou a tirar satisfações de maneira grosseira, me acusando de estar próxima demais de Joaco. Eu mantive a calma, consciente de que aquilo era um mero reflexo dos ciúmes infundados dela.

– Você acha que eu sou cega? – pergunta com raiva. – Você acha que ninguém viu você e o Joaco juntos demais durante o treino?

– Carolina, nós somos amigos e colegas de trabalho. Nada além disso. – digo serena.

– Eu quero que você se afaste dele, está me ouvindo? Não tente fazer o papel da amiga boazinha porque isso não vai colar comigo. Eu estou com ele agora e não é uma médica de quinta categoria que irá tirar o Piquerez de mim, está me ouvindo? – ela chega um pouco mais perto.

– Infelizmente, para o seu azar, Carolina, nós trabalhamos no mesmo local e temos o mesmo ciclo de amigos. Não vai ser tão fácil assim. Se você não se garante, o problema não é meu. Eu não tenho medo de você, garota. – digo com cara de poucos amigos. – E sobre a médica de quinta categoria, é essa médica medíocre que ajuda o seu namorado a se recuperar das lesões. Faz o seguinte, arruma outro médico e fala com ele com quem ele deve ou não andar. Seu relacionamento é com ele, não comigo.

– Se você não se afastar por bem, pode deixar que eu faço do meu jeito. – diz em um tom ameaçador antes de se retirar, indo em direção ao vestiário.

Antes que eu pudesse retomar meu caminho, Richard apareceu, revelando que havia ouvido parte da minha conversa com Carolina.

– Estava vindo ajudar você com as bolsas e acabei chegando na hora em que ela estava conversando com você. – ele explicou e pegou uma das bolsas que eu estava segurando.

– Sabe, Richard, ela não me assusta nem um pouco. – solto uma risada nasalada. – Isso não passa de ciúmes doentios.

– Não sei o que ela tem contra você. Parece que está apenas tentando arrumar algum tipo de conflito. – ele revira os olhos. – Você deveria contar isso para o Piquerez, sabia? – comenta quando começamos a caminhar novamente.

Ojitos Lindos | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora