Clichê

621 45 2
                                    

Joaquín Piquerez

O sol tingia o céu de tons quentes enquanto eu e Raphael nos encontrávamos na área externa da minha casa, preparando tudo para o churrasco. As meninas estavam na cozinha preparando alguns acompanhamentos para o nosso almoço. A chama da churrasqueira dançava ao ritmo do vento, enquanto meu amigo cortava as carnes com certa habilidade. O aroma promissor já flutuava no ar, vindo do interior da casa.

Já havíamos ligado o som e, no momento, tocava uma playlist criada por Veiga, feita especialmente para o dia de hoje. Enquanto isso, eu havia ligado a bomba da piscina para bater a água, enquanto não entrávamos.

– Os meninos ficariam putos se soubessem que estamos fazendo um churrasco sem eles. – Veiga comenta enquanto colocava as carnes em uma vasilha.

– Eles não precisam saber. Além do mais, você e Alessandra são os únicos que sabem sobre Mariana e eu. Espero que o senhor fique de bico bem calado. – me viro em sua direção e cruzo os braços.

– Isso aqui nunca aconteceu. – ele levanta os braços em rendimento. – E pode ficar tranquilo que seu romance de livro não sairá daqui. 

– Mas me diz, como você está se sentindo, agora que começou a namorar oficialmente com a Alessandra? – pergunto, indo em direção ao freezer e pegando uma cerveja para nós dois.

– Cara, eu tô me sentindo ótimo. – Veiga ajustava o tempero da carne. – Alessandra é uma mulher incrível, sou muito sortudo.

– Percebi. – me encosto na bancada e o encaro. – Vocês dois têm uma vibe legal juntos.

– Sinto que ela é a pessoa certa para mim. – finalmente me encara.

– Isso é ótimo. Nunca te vi falando assim sobre nenhuma garota. – digo, voltando a minha atenção para a brasa na churrasqueira.

– Ela é especial, cara. – ele diz com um sorriso bobo nos lábios. – Sabe, antes da gente namorar oficialmente, ela deu algumas condições.

– Que condições? – o pergunto com as sobrancelhas juntas.

– Sim, coisas do tipo de estabelecer limites. Alessandra não é do tipo ciumenta e é super de boa com as minhas amigas, mas ela disse que tudo tem limites, assim como ela tem amigos e sabe dar limite as coisas. Coisas desse tipo, pensando sempre no bem da nossa relação. – explicou e eu assenti.

– Isso quer dizer que ela se importa bastante com você. – sorrio na direção dele.

– Ela me fez amadurecer muito, Joaco. – ele sorri assentindo. – Continuo aprendendo com ela todos os dias. Ela é mais cabeça que eu, sempre foi. Veio como um cessar fogo na minha vida, sabe? – ele confessa e eu rio.

– Você realmente tem mudado, para melhor. – digo.

Decido colocar algumas coisas na churrasqueira, para testar o fogo e, claro, para fazer de tira gosto enquanto a comida não fica pronta.

– Mas e aí, me conta como rolou essa parada da Mariana e você. – Veiga se senta na bancada e me encara curioso.

– Ah, é uma longa história. – rio enquanto mexia nas brasas. – Mas eu sempre tive uma queda por ela, desde aquele dia que a vimos pela primeira vez no estacionamento do CT, só que eu sempre tentei negar isso.

– E o que exatamente vocês têm agora? – pergunta com uma das sobrancelhas levantadas.

– E agora estamos nos conhecendo um pouco mais, mas não estamos namorando, entende? – explico e ele assente. – Sem rótulos por enquanto.

Ojitos Lindos | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora